ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 21

405 36 9
                                    

O enterro tinha sido breve, porém belo. As homenagens foram lindas e tristes. Daniel Hunt era seu nome. Eu não sabia nada sobre ele, porém ele era novo e um amigo de Taylor.

Em seu túmulo foram colocadas flores brancas. Taylor chorou baixinho em meu ombro e não soltou a minha mão, em um só segundo. Diogo não estava lá, felizmente.

Fiquei ao lado da minha senhorita policial. Fiquei ali... Ao seu lado velando por ela e sentindo cada gota de tristeza. Sentindo aquela tristeza, que acabava comigo. Me perfurava por inteiro...

— Obrigada... – Disse Taylor baixinho para mim, enquanto pegava na minha mão e saiamos do enterro. Foi a última coisa, que ela me disse antes de chegarmos em casa.

***

Um sol brilhante, um pote de sorvete e um livro novo. Era isso que Taylor precisava depois de chegar em casa do enterro de seu amigo e colega de trabalho.

Nós não falamos sobre o beijo e nem sobre o que aconteceria a seguir. Taylor estava mal e com razão, não que a culpa da morte de seu colega fosse sua, mas pela morte em si.

A minha amiga não teve pesadelos, felizmente, porém eu meio que tinha que obrigá-la a comer alguma coisa. Ela esquecia de comer, não sentia fome.

Taylor tinha um problema. Quando ela estava feliz, ela esquecia de comer. Quando estava triste se recusava a comer. Quando estava decepcionada simplesmente não queria ver comida. Se ela estava nervosa ou empolgada demais, também não comia. Isso me preocupava.

Me preocupava muito...

Cada um foi para o seu próprio quarto tomar banho. Tirar aquelas roupas pretas e aquele cheiro de cemitério, que parecia que tinha ficado impregnado em nós.

Depois que tinha tomado banho e trocado de roupa, fui para cozinha. Tentei ao máximo cozinhar algo, mas acabei queimando uma torrada e acionando o alarme de incêndio. Como sempre...

Peguei uma fatia de pão e passei um pouco de requeijão light, depois coloquei uma fatia de queijo. Fiz mais um sanduíche, porém no meu coloquei uma fatia de tomate. Por algum motivo Taylor não come de jeito nenhum tomate cru. Ela tem um discurso sobre fazer mal e blá-blá-blá.

Tinha uma garrafa de suco de laranja na geladeira, peguei dois copos e enchi com o suco natural, que tinha um cheiro extremante adocicado.

— Pelo menos não queimei nada hoje, não é? – Falei, enquanto me sentava no sofá da sala ao lado de Taylor.

A policial olhou para mim. Ela me deu um sorriso triste. Os seus cabelos estavam molhadas e ela vestia uma camiseta justa e branca, com uma calça de moletom e meias cinzas. Meias grandes demais naqueles pés, que viviam sem um chinelo, mesmo, que eu reclamasse e odiasse vê-la descalça todos os dias.

— Claro. Apenas se não deixar as torradas na equação. – Falou Taylor dando uma pequena mordida no sanduíche.

Ela fez uma piada? Quase ri mentalmente.

Bom sinal!

Franzi as sobrancelhas para ela e tomei um gole de suco.

— Você...? – Murmurei.

— Senti o cheiro de queimado e vi... A culpa em seus olhos. – Taylor tomou um longo gole de suco.

— Mentirosa... – Murmurei com um sorriso de lado e dei uma bela mordida em meu sanduíche.

Bom... Muito bom!

Talvez, só talvez... Eu largue a minha profissão de fotógrafo e vire cozinheiro. Acho, que meu restaurante não duraria uma semana.

A policial que roubou meu coração ✔️Where stories live. Discover now