Capítulo 57

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Cecília

Não sei ao certo quantas horas passam desde que estou presa neste lugar escuro e úmido, mas tenho máxima certeza de que já passou muito tempo.
Meus braços estão vermelhos devido à luta fracassada de me desamarrar e minha garganta está cada vez mais seca.

Estou sozinha, mas me sinto vigiada. Não luto mais, apenas encaro meus pés que têm a sua volta, uma corda muito bem amarrada me impedindo de dar um passo que seja.

Ouço um barulho e logo em seguida o lugar é iluminado por uma lanterna de celular.

— Você vem comigo — é a voz da Lívia, mas não a vejo. Tenho certeza que ela está aqui na minha frente, sinto seu cheiro de cobra.

O homem do seu lado começa a me desamarrar. Minha mente me diz para lutar e tentar fugir, mas meu corpo está fraco demais para obedecer.

Quando ele finalmente termina, me puxa pelo braço me fazendo levantar da cadeira e sinto que sou incapaz de me manter em pé sem seu aperto.

— Para onde vamos? — pergunto com a voz fraca.

— Você vai ver, você vai ver — Lívia se pronuncia novamente. Sua voz me dá medo, ela parece não se importar com mais nada. Ela está disposta a tudo, e isso me assusta.

Saímos do quartinho e finalmente consigo ver tudo a minha volta. É um prédio imundo, com certeza abandonado. O homem continua me guiando e Lívia vem logo atrás.

Estamos subindo.
E só consigo me perguntar para onde será que ela está me levando. O que eles vão fazer comigo?!
Porquê isso está acontecendo comigo!?

A cada minuto que passa e vamos subindo, aumenta minha angústia e sinto como se meu coração fosse parar a qualquer hora. O que na verdade, vai acontecer. Ela deixou claro, sua intenção é me matar.

O pior é que nesse momento penso em tudo, tudo que aconteceu, tudo que me levou nisso.

Minha chegada na mansão. Como tudo começou.
O Guilherme.
Ah, o Guilherme. Seu sorriso, sua insistência, seu corpo. Tudo.

E incrivelmente não me arrependo. Não me arrependo de tê-lo amado, não me arrependo de ter me entregado a ele.

A única coisa que me causa remorso é ter começado da forma errada, não pela Lívia, não pelo Guilherme, e nem pela minha mãe, mas por mim.
Eu fui contra meus valores, contra tudo. Mas quem não era? Quem?
Eu me envolvi com um homem casado, mas sei que não é isso que me colocou aqui, com essa louca prestes a tirar minha vida.

Mesmo se o Guilherme tivesse se divorciado antes de ficar comigo, com certeza isso aconteceria.

Meus pensamentos são interrompidos quando percebo que estamos no telhado. Olho em volta. O prédio não é muito alto, mas uma queda daqui é, com certeza, suficiente para acabar com uma vida, a minha.

— O que você vai fazer? — pergunto sentindo minhas mãos tremerem e Lívia me olha com um sorriso debochado.

— Você é inteligente, com certeza já sabe — ela sorri.

O homem me larga e se afasta, mas não vai para longe. Tira uma arma de suas costas e aponta para mim.

— Qualquer gracinha tu morre — diz ele.

— Lívia, por favor, não faz isso, você não precisa fazer isso, você vai acabar com a sua vida, você vai ser procurada e presa por longos anos, por favor — imploro enquanto sinto meus olhos se inundarem de lágrimas.

Ela ri.

— Sabe, Cecília — diz meu nome com deboche — Minha vida já acabou, VOCÊ acabou com ela, eu não tenho mais nada a perder. Na verdade, eu não tenho mais nada, NADA, você tirou cada centavo de mim.

Isso é pelo dinheiro?

— Eu não queria que isso acontecesse, me perdoa, mas eu.... — não consigo terminar.

— Prometa se separar do Guilherme, some, e eu te deixo viver— pela primeira vez ela fala sem sorrir, sem deboche.

Engulo em seco e abaixo o olhar.

— Eu o amo, e prefiro que você me mate a ter que viver sem ele — ela me olha e nega com a cabeça,

— Então ok — nesse momento ela se aproxima de mim e sinto meus batimentos cardíacos acelerarem como nunca antes em toda minha vida, mas ela para quando uma sirene começa a soar pelo local.

Olho para baixo e vejo duas viaturas da polícia. Nesse momento suspiro, mas me arrependo quando ela se aproxima mais rápido e me segura pelo braço.

— Eu te disse, não tenho nada a perder — diz entredentes.

— Cara, ir pra prisão não está nos meus planos. Sinto muito — o homem que até agora segura a arma diz e sem esperar por uma resposta sai correndo.

— Olha, somos só nós duas agora — ela diz e ri.

Lívia me puxa, mas com toda força luto contra ela. Ela ri e dá um soco na minha cara me deixando ainda mais fraca, me puxa para a lateral e consigo olhar para baixo, a chegada da polícia fez algumas pessoas perceberem o que está acontecendo e isso fez com que elas se aglomerassem lá embaixo.

— Eles estão esperando por você lá embaixo — ela diz rindo.

Olho para baixo mais uma vez e vejo os policiais descendo das viaturas e numas delas Guilherme e Davi também.
Desvio a minha atenção para Lívia que parece sentir prazer na angústia estampada no meu rosto.

— Adeus Cecília — ela diz e me empurra.

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Me perdoem pelo sumiço. (Mais uma vez hahahaha).
Meu celular caiu na água e ficou sem funcionar por quase um mês até que consegui dinheiro para concertar.
Mas voltei e agora vamos até o fim.
Não esqueçam do voto e do comentário.

A Filha Da EmpregadaWhere stories live. Discover now