Capítulo Trinta

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Jennie Kim

— Bom dia, amor...

Beijos calorosos foram depositados em meu rosto, mais especificamente na pela de minha bochecha me fazendo sorrir fracamente por conta do sono que ainda estava presente no meu corpo. Corpo que agora, estava completamente nu em meio aos lençóis brancos de seda, e macios como nuvens. Suado, cansado.

A noite foi incrivelmente perfeita. Puni Lisa de todas as formas que eu poderia imaginar. Seu corpo, agora possuía tonalidades distintas umas das outras. E ela não se importava nem um pouco com tamanha agressividade usada durante ontem.

Ela tentou me tocar inúmeras vezes, contudo, ainda não estava preparada o suficiente para esse passo grande. Não conseguia deixar que ela me tomasse e me dominasse. Era um avanço enorme e eu não quero que uma mulher tenha esse controle sobre o meu corpo, porque isso significaria que ela possui algum tipo de controle sobre mim. E o que eu menos quero nesse mundo, é que alguma mulher tome esse direito meu, e o torne dela.

Tudo que Lisa não faria isso. Ela não iria me manipular e controlar minha vida como bem entendesse. Mas nesse mundo, não devemos confiar nem em nós mesmos, quem dirá nos outros.

Talvez, seja realmente, meu pai quem tenha me tornado assim. O medo de ser abandonada por alguém que eu amo, me tornou quem sou hoje. Uma mulher que não consegue se imaginar, sendo um objeto de uma mulher ou qualquer outra pessoa. O medo de ser humilhada, usada e manipulada me assombra todos os dias.

Talvez, então, seja melhor mesmo, que eu não seja dominada na cama. Porque menos não significando, vai acabar com um significado muito grande para mim.

— Bom dia, amor. — As últimas letras saíram como um belo canto, soando gratificantemente. Chamar alguém assim, é realmente especial.

Observei seu delicado e maravilhoso rosto. Um sorriso robuscava seus lábios, os contornando e os tornando ainda mais beijáveis. Os olhos inchados da cansada noite de sono, com pequenas marquinhas profundas. Os fios escuros e castanhos jogados no rosto, e em algumas partes, colados a testa. Seu olhar me prendeu por incontáveis minutos e eu me imaginei no paraíso que devia ser no seu interior.

Tão profundo e tão incrível.

— Você vai ao evento da faculdade, não é?

Arregalei os olhos e acabei prendendo a respiração involuntariamente.

A merda do evento. O evento que ela me encheu ao saco o mês todo.

O prêmio que ela estava concorrendo por melhor escultura feita a mão. O evento que eu, claramente esqueci.

— Claro Lali, eu não perderia por nada.

Eu sou tão mentirosa meu Deus.

Seu alegre e quadrado sorriso se intensificou ainda mais, indo de orelha a orelha e inúmeros beijinhos foram distribuídos por meu amassado rosto enquanto seus braços me envolviam em um caloroso e perfeito abraço.

— Vamos ir como um casal, não é, Unnie?

Eu não queria acabar com a felicidade dela, muito menos deixá-la magoada. Mas eu precisava lhe dizer a verdade em vez de falsas ilusões.

— Isso é complicado, Lisa. Você sabe, não podemos ser vistas em público, eu já te expliquei isso.

Seu sorriso sumiu e ela me soltou rapidamente enquanto rolava para o fim da cama, e se levantou enrolando o lençol na cintura.

— Sempre isso. Sempre essa de que não podemos ser vistas em público. — Senti a amargura em sua voz. — Você tem vergonha de mim, eu já sei, mas podia pelo menos tentar. Quem eu vou chamar no palco para me ajudar com o prêmio? Ninguém?

Quando o vencedor for buscar o prêmio no palco, ela precisa de um "companheiro" para o ajudar a receber os prêmios e dizer umas palavras bonitas. Eu sei o quão isso é importante para ela, porém, se queremos continuar com tudo isso, tem de ser escondido.

Caso o contrário, minha mãe acabaria descobrindo tudo e tiraria sem dúvida Lisa de mim. Sem contar no miserável do meu pai e da mãe dela. Eles buscariam a menina na hora e do jeito que são, ainda abririam um processo contra mim, alegando que eu a subordinei para termos relações sexuais em vez de casa e comida.

Me perdoe meu amor, mas não posso arriscar.

— Você pode receber sozinha, Lalisa, tem duas mãos para isso.

Fui grossa demais, não?

Droga.

A porta foi praticamente tirada do lugar com tamanha força que ela utilizou para batê-la. Entendo seus motivos e não vou tentar me tornar a vítima da situação. Ela só podia tentar entender meus motivos, e compreender que tudo que eu faço, é para o nosso bem e para que fiquemos juntas.

Me levantei com certa dificuldade por conta da sensibilidade nas pernas e me sentei na cama me espreguiçando. O vento bateu contra meu corpo me fazendo arrepiar todinha. A janela está aberta. Esqueci totalmente de fecha-la ontem a noite. Me surpreende o faço deu não ter acordado com a luz do sol ou com qualquer barulho vindo da rua.

Realmente, estava tão cansada, que nada me acordou.

Esperei uns minutos até o incômodo em minha parte íntima passar e caminhei até meu luxuoso e enorme banheiro colocando a banheira para encher. Me tentei em chamar a Lisa para vir me acompanhar, mas tenho certeza que sua raiva só iria atrapalhar tudo que era para ser algo romântico.

Tão complicado.

Ela é literalmente, a primeira que tem toda minha atenção e não sabe dar valor.

Eu vou comparecer a esse evento e vou tentar ao máximo apoia-la. Contudo, do meu jeito.

Eu só não sabia, que outra faria isso no meu lugar. E que eu iria me arrepender amargamente por recusar seu pedido.


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