Capítulo Trinta e Oito

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Jennie Kim

— Eu acho que tenho que ir, Unnie, Obrigada por cuidar de mim.

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— Jen, acredita que podemos ser um casal de verdade?

Lisa estava muito estranha hoje. Fazendo perguntas sem sentido e agindo infantilmente. Implorou para que eu a levasse ao café que existe próximo ao meu escritório, e quando chegamos, nem sequer, pediu por algo ou algum bolinho, como sempre faz.

Fora, que seus pés vivem batendo no solo e seus dedos se movem rapidamente sem motivo algum. Parece estar desperta, sem saber ao certo o que está acontecendo e parece com medo, muito medo.

— O que está acontecendo com você? Está me escondendo alguma coisa?

Lisa respirou fundo e coçou a cabeça. Ela não conseguia olhar nos meus olhos, muito menos para mim. Sempre olhava para outro lugar ou para a mesa.

— Lisa? — Tentei pegar suas mãos por cima da mesma, porém, ela as afastou com rapidez e as colocou sobre o colo. Não consegui retirar minhas mãos. As deixei no mesmo lugar. Ainda com esperanças que ele iria pegar nelas. — Lali?

Ela estava com medo de mim? Com raiva? Eu havia feito alguma coisa?

Depois da nossa transa no carro, repetimos a dose em casa, e Lisa estava muito, muito bem, acredite. Pela manhã, ela começou com esse jeito estranha. Me tratando com certa aflição e tentando se afastar.

Continuei encarando seu belo rosto, enquanto tentava descobrir algo por meio de seus jeitos ou gestos. Um aperto se fez presente em meu peito. Como se fosse arrancar meu coração para fora.

Ela estava mesmo, com medo de mim? Estava mesmo, querendo me afastar? Desvencilhar de meus toques?

— Não vai me dizer? — Podia sentir a ardência em meus olhos. Não sei ao certo se era pela raiva, ou pela decepção. Talvez seja por tristeza também.

Lali negou com a cabeça e olhou para atrás de mim. Pensei que ela tinha voltado ao normal quando sorriu alegremente. Mas, a dor no meu peito se intensificou quando eu vi o verdadeiro motivo de sua felicidade.

Meu pai.

Lisa levantou e correu até o homem parado na entrada com um enorme sorriso. Totalmente diferente da mulher que estava sentada em minha frente alguns segundos atrás. Eu não consegui ir até lá. Não consegui me levantar e não consegui dizer nada.

O que estava acontecendo? Meu pai voltou do nada e nem sequer me avisou? Ou talvez tenha me avisado. E eu não me lembro.

Mas isso seria impossível. Eu iria me lembrar, claro que iria.

Isso...

O que isso significa agora?

Lisa vai embora, não é?

Eu estava pronta para sair correndo o mais rápido dali.

— Filha! Que saudades de você, minha querida! — Meu pai tocou meus ombros me obrigando a abraça-lo. Eu simplesmente não tive reação, e continuei da maneira que estava. Imóvel. — Obrigado por ter cuidado da minha garota.

Sr.Kim se sentou a minha frente com Lisa ao seu lado. Ela não olhava para mim. Lisa não conseguia olhar para mim. Eu pelo contrário, não tirava os olhos dela. Buscava uma explicação.

— Tenho certeza que esses meses fizeram um bem danado para vocês, não foi? Devem ter se tornado melhores amigas!

Pobre papai. Não imagina o quanto nos tornamos próximas.

— Sua mãe quer tanto te ver, minha menina. — Meu pai beijou a testa de Lisa, que sorriu e o envolveu com seus enormes braços. — Como você está diferente, minha filha! Panhou um pouco de massa, não foi? Nós vimos quantos prêmios você ganhou! Sempre soube do seu talento!

Falso. Ele é um miserável de um falso.

— P-por que não me avisou que viria? — Disse a primeira coisa que me veio em mente, depois de quase 30 minutos calada.

Sr. Kim ficou confuso por alguns momentos e olhou para Lisa.

— Eu avisei á Lisa, hoje cedo, não foi, querida? — Lali apenas concordou com a cabeça. Maldita medrosa. Não conseguia nem olhar para mim e fizer na minha cara que era uma falsa. — Pedi que viessem me encontrar aqui no café, não é por isso que estão aqui?

Não. Definitivamente, não é por isso que eu vim aqui.

— A Lisa não me disse nada. Está sendo uma enorme surpresa para mim. — Meu olhar queimava sobre ela. Olhar de ódio. Quando ela finalmente decidiu tomar coragem e me encarar, recuou rapidamente. — Você quer ir, Lisa?

Não. Por favor. Por favor diga que não.

Eu não sei porque isso está acontecendo. Estava tudo bem.

Por favor, bebê, diga que não.

— Eu acho que tenho que ir, Unnie. — Meu coração parou. Certamente, ele está parado agora. — Obrigada por cuidar de mim.

"Obrigada por cuidar de mim?" Maldita. Maldita filha da puta.

Como ela pode estar fazendo isso? Como ela pode quebrar meu coração desse jeito?

Como ela ousa simplesmente fingir que nada de importante aconteceu entre nós?

Como consegue ser tão trouxa e tão imbecil?

Eu sou a culpada. Eu sou a única culpada disso tudo.

Maldita. Sua maldita.

Por que abaixou a guarda para uma imbecil?

Por que insiste em amar alguém como ela?

Como ousa dizer que tudo isso é um pesadelo?

Eu queria gritar e jogar essa merda de mesa na cara dela.

Mas a única coisa que eu fiz. Foi ser forte.

— Não tem de que, Lalisa Manoban. Espero que não me procure novamente senhor meu pai, o contrato será mandado pelo correio amanhã. — Tirei algumas notas de minha bolsa, com um leve tremer em minhas mãos. — Comam o que quiser, e eu irei enviar as coisas da Lalisa. Não precisam voltar até minha casa e pelo amor de Deus, sumam da minha vida.

Me levantei com a única força que me restava e ajeitei meu vestido.

— Não me liguem, não vão até meu escritório e nunca, nunca mais me envolvam em seus problemas. E pelo amor de santo Cristo, Lalisa, vê se cresce a deixe de ser essa criança bobona!

Virei-me segurando todo o choro entalado na garganta. Aquilo estava me sufocando. Me sufocando demais.

Eu não quero nunca mais. Ouvir esse nome.

Lalisa Manoban. Não existe mais para mim.


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Yes, Mommy | JenlisaWhere stories live. Discover now