Capítulo Sete - Segunda Temporada

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Jennie Kim

Ela me traiu... ela me traiu mesmo... eu não sei dizer exatamente a dor que estou sentindo. Doí. Doí muito. Meu peito doí, meu corpo e principalmente meu coração. Ah...esse é o que mais doí.

Eu nunca pensei que sentiria uma dor tão forte assim. Talvez, quando minha mãe se fosse, eu talvez sentisse uma dor como essa. Mas por uma mulher? E por causa de uma traição? Isso eu nunca imaginei. O que aconteceu comigo? Eu mudei tanto.

Outra mulher tocou o corpo dela, e ela retribuiu cada toque. Eu imagino as duas se beijando, trocando carícias e quem sabe até juras de amor. Não sou boba. A relação dela com Tzuyu ia muito além de uma simples amizade. Ela a tratava como algo a mais. Eu ainda me lembro muito bem de como ela a abraçou naquela dia. O dia que eu quase a atropelai.

Ah céus, por que eu não atropelei?

Tudo isso poderia ser evitado, se talvez,naquela dia eu tivesse deixado o carro passar por cima dela? Não quero ser cruel, eu não mataria alguém, mas no momento, eu só consigo pensar na dor que eu sinto e nas possibilidades de tirá-la do meu peito.

Lisa estava chorando. Ela não conseguia se explicar e ficava se culpando. Pelo menos em um ponto concordamos com algo. A culpa é dela, unicamente e inteiramente dela. Não me importo se aquela criatura peçonhenta vivia atrás dela como uma cadelinha. Lisa permitiu a partir do momento que decidiu ir jantar com ela ao em vez de sua família. A partir do momento que ela mentiu para mim, e me fez de trouxa, ela se tornou a única culpada de tudo. Se tivesse dito a verdade desde o início, não doeria tanto quanto agora.

— Eu quero que você vá embora. — Meu peito ardeu. Eu acreditei que iria ter de me sentar, mas não. Eu tenho que ser forte. Tenho que encarar Lalisa de cabeça erguida.

Ela me olhou assustada e se jogou aos meus pés. Eu tentei me afastar a tempo, mas suas mãos seguraram minhas pernas e ela as abraçou com força logo em seguida.

Eu não vou ceder. Eu não vou ceder.

— Kim! Por favor me escute! Eu vou descobrir tudo que aconteceu, eu te juro, eu não posso ir embora, meu amor, por favor, eu não consigo viver sem você, Kim! — Ela praticamente berrou meu nome enquanto me mantinha parada no mesmo lugar.

O choro já estava agarrado na garganta e eu temia que ela saísse a qualquer instante. Não consigo acreditar na tamanha dor que eu sentia. Minhas mãos se mantiveram firmes e eu tentei afastar Lisa pelo ombro. Contudo, sem sucesso algum. Ela nem ao menos se moveu.

— Eu nunca iria fazer isso, Kim. Por favor eu estou confusa! Eu nunca teria encontrado aquela maldita mulher se eu soubesse tudo que aconteceria! Eu nunca quis trair você, pelo amor de Deus!

Não importa o que ela quer ou deixa de querer. Ou o que ela queria. O que acontece é que ela fez. E nada vai mudar isso. Nada.

— Você comeu aquela... aquela vadia, Lalisa! Você consegue entender a gravidade disso? Não é só uma crise de ciúmes minha, Lalisa! Aconteceu! É uma coisa que já aconteceu e você não pode fazer nada para mudar! — Engoli em seco assim que senti as lágrimas teimando em descer. Apertei meus olhos com força e foi como se um rio estivesse descendo por minha face.

As lágrimas de Lali também molhavam a beirada de meu vestido. Suas mãos estavam firmes em minha coxa. Eu tentei a afastar, mas era tudo demais para mim. Toda aquela ocasião, era como se eu sempre soubesse que iria acontecer, como se eu sempre tivesse alertado Lisa sobre aquilo e ela nunca sequer prestou atenção nisso. As pessoas sempre sentem quando algo assim vai acontecer. Quando algo ruim vai acontecer. Eu só pensei que partiria de mim, com o Junkyu, e veja só, eu fui muito bem enganada.

— Eu quero o divórcio.

Lisa levantou a cabeça no mesmo instante e começou a balança-la freneticamente de um lado para o outro em forma de negação. Ela estava com o rosto tão vermelhinho e o nariz na mesma tonalidade que por um segundo eu lembrei de quando ela chegou na minha casa. Ela era tão inocente, era como um bebê grande. Eu não consigo me arrepender de tê-la conhecido. Disso eu nunca serei capaz. Mas agora, com essa dor sufocante em meu peito, eu queria que Lisa voltasse a ser aquela menina que tanto me aborrecia por coisas bobas. Ela podia voltar a me aborrecer com apenas coisas bobas.

— Não! Isso eu não vou aceitar! Eu vou resolver tudo, Jen. Eu vou atrás daquela megera e vou descobrir toda a verdade! Eu vou voltar e nós vamos nos acertar. Porque eu não vou deixar que nada separe a gente! Por favor, Jen, nós temos um filho! Um casamento! — A voz dela saia trêmula e desconexa.

Eu sei o quanto ela está sofrendo. A dor que eu sinto, deve estar presente nela também. Mas eu não consigo ignorar o que pode ou não ter acontecido entre elas ou o que a Lisa quis ou não fazer. Só importa que ela fez. Que tudo está feito e não podemos mais retroceder de nossos erros.

— Eu não vou admitir isso, Lisa. Não acredite que eu vou esquecer isso. Você pode ficar no quarto do Taeyang. Até tudo ter uma explicação plausível. Mas não se engane, Lisa, eu nunca vou me esquecer disso e eu não vou deixar nada barato! — Ela concordou com tudo que eu disse e me abraçou forte, muito forte. Eu poderia muito bem me derreter nos seus braços, mas eu não serei tão idiota a esse ponto.

— Larga inferno! Você não vai me tocar, entendeu? E vamos trocar o mínimo de palavras possíveis! E não acredite que eu estou desistindo do divórcio, amanhã mesmo eu já vou planejar toda a papelada com o advogado. Você vai ter sua chance de se explicar, Lalisa, mas isso não significa que eu vou acreditar em tudo que você me dizer.

Um sorriso triste se fez em seus lábios e ela concordou se afastando. Ela vai respeitar meus desejos. Ela sempre respeita. A maldita sempre me obedecia, mas ultimamente, ela decidiu se tornar rebelde e passar por cima das minhas ordens.

— Não vamos dizer nada ao Taeyang, mas não vou ficar fingindo na frente dele. Se nos separarmos, ele vai ter que se acostumar com isso, entendeu?

Mais uma dor se fez presente em meu peito. Dessa vez, uma dor de lembrança. Eu devia ter a idade do meu filho quando meu pai foi embora.

Mas, por favor, Jennie. Lali não é como ele, ela pode ter sido criado por ele, mas não é como o pai. E Taeyang não é como você. Ela é mais inteligente, esperta e muito diferente de tudo que você era. Nada vai ser como antes.

— Eu te juro que vou colocar tudo em ordem. Confie em mim.

Eu não posso mais Lisa.

— Saia agora antes que eu me arrependa de tudo e te mate, Porquê acredite em mim, desde quando eu entrei nesse quarto a única coisa que eu penso é em cortar seu pau em pedacinho e jogar pros cachorros.

Lisa engoliu em seco e abaixou a cabeça enquanto limpava as lágrimas que ainda desciam. Ela se levantou e me soltou. Por um momento, eu desejei que ela continuasse ali. Me abraçando. Seria tudo tão fácil e simples.

— Vou ver como Taeyang está.

Concordei simplicista e esperei que o barulho da porta fosse fechada. Contudo, antes disso, Lisa ainda quis dizer alguma coisa.

— Não esquece que eu te amo.

Eu nunca vou esquecer. Só não quero lembrar agora.

Assim que a porta foi fechada eu corri até meu celular e digitei o único número que eu sei que me ajudaria nessa situação.

— Wendy? Eu preciso que você venha aqui agora.


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Yes, Mommy | JenlisaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora