O Encanto da Sereia - Sillie 1ª Temporada

Capítulo 17

Eu pensei que depois que descobrisse o motivo das coisas estranhas que envolviam a Sadie acontecerem, que tudo se resolveria e eu não teria mais nenhuma preocupação, que poderia eliminar o problema e que tudo voltaria o normal, mas como você faz quando a causa disso é um fenômeno chamado alma gêmea? Troca de alma?

Eu odeio isso, quem foi o idiota que criou essa coisa? Cadê a porcaria do consentimento? Eu não escolhi isso, se tivesse opção jamais toparia por ela, isso é loucura.

Ninguém devia se ligar a uma pessoa desse jeito, era insano e doentio, não é possível que alguém no mundo ache isso legal. Naquela noite, eu tive um sonho com uma de suas memorias da infância, brincando com os irmãos, enquanto ela acordou assustada, comentando um pouco sobre uma sereia, que ela jura ser eu, que estava em uma briga seria com outra sereia, negra e de calda vermelha.

Ela não me contou muitos detalhes, mas nem precisava, o pouco que ela falou me levou imediatamente para o momento em que Caleb e eu brigamos, ele jurou lealdade eterna a minha mãe, quebrando minha confiança e eu quase o matei por isso. Caleb era meu melhor amigo no mundo todo, o único que eu pensei que podia confiar, contei a ele sobre as memorias da agua, contei todos os meus desejos e sonhos, e ele me traiu escolhendo ficar do lado da minha mãe invés do de sua amiga e rainha.

Quanto mais o tempo passa, mais vai ficar nítido a verdade para ela, Sadie vai descobrir o que sou e o problema é que eu não sei se ainda quero contar para ela, o que o Mitchell falou muda tudo.

Se antes já era difícil contar a parte da seria, imagina que somos soulmetes e que estamos ligadas uma a outra em um elo impossível de se quebrar.

Já faz uns dias que eu recebi essa informação e ainda não sei o que fazer com ela, me afastei um pouco da Sadie, ainda se encontrando com ela, conversando, beijando, mas um pouco distante, fria eu diria, foi o melhor que eu consegui, talvez se nos mantermos um pouco distantes podemos desacelerar essa marca, a enfraquecer.

Assim como tudo que tentei até agora, isso não estava dando certo, só estava servindo para me mostrar o quanto ela estava descontente e assustada assim como eu.

Sadie sabia que algo estava acontecendo, apenas não consegui descobrir o que é, seus sentimentos rodavam entorno dessa incerteza, mas o medo rodava todinho sobre mim, as memorias do meu passado estavam causando isso, aqueles sonhos mostram nossas piores e melhores lembranças, estão nos dois estremos, minhas coisas ruins são difíceis até para mim digerir.

Eu já fiz muita coisa ruim nessa vida, já matei pessoas, torturei e fui torturada, me arrependo de muitas coisas que já fiz, mas a maioria sempre foram a influencia da minha mãe, ela me obrigou a coisas que eu nunca quis. Eu sinto que quando os sonhos mostrarem meu lado assassino, como já fez antes, vai afastar a ruiva de mim, vai fazer com que o medo seja maior que qualquer coisa no mundo e isso é a coisa que mais me assombra no mundo todo no momento, perder a Sink.

- Oi, sumida - saio dos meus pensamentos com Sadie aparecendo do meu lado. Estava na areia da praia, observando o mar de longe.

Sorrio para ela, enquanto senta do meu lado, observando a mesma coisa que eu.

- É bonito, né - fala olhando para frente - eu sempre quis desvendar os mistérios que o mar esconde, me parecia romântico, minha mãe dizia que era tolice. E você? Qual sua opinião sobre?

- Ele é mais do que bonito - digo ainda olhando para frente - é mágico, mas você não vai querer desvendar os seus segredos, é muito perigoso.

- Quando eu era menor, quatro anos eu acho, minha família estava dando um festa em um barco e eu cai na água, não sabia nadar, mas a sessão que eu tinha era de paz, não parecia que eu iria morrer. Não sei explicar muito bem, e é bem provável eu ter imaginado tudo, mas parecia que algo me puxava para baixo e conforme eu ia afundando, uma sensação reconfortante me invadia, e eu juro que golfinhos me tiraram de lá. Desde esse dia eu jurei que iria estudar o mar, loucura, eu sei, mas a ideia de ser bióloga marinha me parece divertida.