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Ainda, depois que desliguei o celular, senti algo em meu coração que não era muito bem condizente com algo normal entre pai e filha

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Ainda, depois que desliguei o celular, senti algo em meu coração que não era muito bem condizente com algo normal entre pai e filha. Era óbvio que nunca nos demos bem, Oliver (sim, esse é o nome do indivíduo) era o que chamo de "contribuinte", pois pai mesmo, ele nunca foi.

Desde que nos mandou para Miami, a nossa relação foi de uma escala média para quase nada. Não tínhamos contato, ele não se preocupava como, não aparecia aqui. E eu nunca entendi isso pois mas fotos, sempre o vi feliz ao lado de minha mãe enquanto ela estava grávida de Bryan e eu. Meu pai parecia nos desejar tanto .. E eu realmente não entendo como um amor daquele poderia ser tão raso à ponto dele não se importar mais. Eu me senti completamente abandonada.

Mais tarde, como duas e meia pra se exata, sai com o carro rumo a estação de trem. Eu estava nervosa e ansiosa. Ter o meu irmão por perto era algo que eu necessitava mais do que qualquer outra coisa, naquele momento. Ele me trazia uma paz inexplicável. Algo além da compreensão. Eramos gêmeos em carne e em alma.

O trem do meu irmão estava atrasado, ao olhar no relógio imenso da estação, vi que se passou dez minutos do horário em que Bryan deveria chegar, então, aproveite e entrei em um restaurante que tem ali dentro.

Pedi uma taça de sorvete de menta com chocolate enquanto esperava o trem chegar, quando de repente, olhei para o lado e vi duas idosas de mãos dadas sentadas em uma mesa. Mesmo que fosse nítido a intimidade romântica entre as duas, ainda me perguntei se era realmente aquilo que me veio na cabeça:

"Será mesmo que elas eram um casal?"

Ao me perguntar, vi que as duas deram um beijo, na verdade um selinho singelo mas cheio de carinho.

Não foi demorado, mas foi um beijo.

Me levantei discretamente e fui até um garçom após ver aquela cena tão linda:

- Com licença, o senhor pode levar duas xícaras de chá para aquela mesa onde se você preferir aquelas senhoras?

- Sim senhora, imediatamente - ele respondeu, anotando o pedido em uma caderneta. Ele realmente não se desmorou ao realizar meu pedido.

Com destreza e um tanto acanhada, me aproximei da mesa do casal e fiquei frente a frente com elas. Tentei ser o mais discreta o possível pois vê-las juntas, me causou uma sensação incrível:

- Com licença, senhoras. Não queria ser mal educada, mas posso fazer uma pergunta inconveniente? - Eu estava completamente envergonhada com aquilo.

- A senhorita quer saber se somos um casal de lésbicas, correto? - Perguntou uma delas, com um sorriso no rosto.

- Sim, senhora! - Afirmei, ainda incomodada. Não queria parecer preconceituosa em nenhum momento.

A senhora, então, fez um gesto para que eu me sentasse na cadeira, de frente para elas. O pedido finalmente trouxe as xícaras de chá que eu havia e ela respondeu, olhando com um sorriso doce enquanto pegava na mão de sua parceira:

- Sim! Somos casadas há exatamente 45 anos!

A outra riu, depois de tomar um gole de chá. Sua voz era rouca como se tivesse passado anos fumando cigarro:

- Foram anos difíceis - Ela disse - Não é fácil lidar com uma mulher de tão forte como a de Stacy.

- Isso é verdade. - respondeu Stacy, concordando com sua esposa.

- Mas eu não imagino uma vida sem ela. Ela me salvou, eu tenho certeza disso!

- Vocês são muito lindas juntas. - disse, com um sorrisão no rosto. Era realmente encantadoras.

Eu não acreditava no quanto elas pareciam ser felizes. Era muito inspirador aquilo para mim. Tanto que cosméticoi a ter uma outra perspectiva de tudo. Inclusive sobre eu mesma e daquilo que venho adiando a dias.

Ao longo dos minutos, elas me contaram tudo o que passaram durante a vida juntas, todas as lutas e os preconceitos. Todas as provações ao longo dos anos, enfrentar conservadores por toda parte, dizendo que aquilo não era nem um pouco natura, fazendo que duvidassem da própria existência. Era triste demais.

Mas mesmo assim, elas disseram que quando o amor é incondicional, ele se torna sua maior força, capaz de passar por cima de qualquer problema. Qualquer preconceito; como eu disse, era inspirador.

Enquanto conversávamos, o trem do meu irmão chegou a estação finalmente e por hora, tive que me despedir das senhoras:

- Foi um prazer conhecê-las! As senhoras foram como uma inspiração para a minha vida. Muito obrigada.

- O prazer foi todo nosso! - disse Stacy.

- Sabe, minha filha, esse mundo a qual vivemos é muito cruel. Eu sei que você vai sofrer assim como todos nós. Mas estar do lado de quem você ama, é como um alívio, mesmo que pequeno perto de todo o resto. Mas se tem algo que estar casada com Stacy Travis me ensinou é que é melhor sentirmos um pouco de amor, do que ter passado a vida sem sentir nada.

Naquele momento eu entendi tudo.

- Obrigada! - disse com os olhos marejados. Tentando não chorar na frente daquelas duas senhoras tão fortes e adoráveis. Assim que sai do restaurante, passei até o balcão para pagar a conta, e logo senti meu celular vibrando. Ao olhar, abri um sorriso largo demais pra caber em minha boca, Rebeca havia me mandando mensagem, nela continha apenas três palavras "Estou com saudades". E novamente eu entendi qual era antes de sinais que eu havia recebido o dia todo.

Imediatamente respondi a mensagem "Eu também estou com saudades. Morrendo" Ok, um pouco exagerado? Talvez.

Não que meu lado aquariano permitisse isso, mas eu sempre quis ser intensa com alguém e Rebeca Grabel me fez sentir essa necessidade de ser, pela primeira vez. Não era nada forçado. Não era nada pressionado. Eu estava sendo quem era, eu estava sendo espontânea. E isso meus caros amigos, é uma lição muito importante. Se tem alguém que mereça a sua melhor versão. Apenas seja. Seja meloso, seja romântico, seja bobo, seja vulnerável. Apenas seja, pois você nunca vai se arrepender por isso. Mas .. Só se uma pessoa para uma certa.

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Where stories live. Discover now