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Já pela manhã, antes mesmo do sol nascer, as enfermeiras já tinham me levado para a sala de cirurgia. Não vou negar que o medo passeava em minha mente o tempo todo. Era horrível o pensamento de que algo poderia dar errado. Que eu podia não acordar mais. 
O medo faz com que a nossa mente vire refém de possibilidades absurdas e dolorosas.

Assim que me deram a anestesia eu apaguei, não pensei em mais nada. Apenas fui para longe sem ter muito o que fazer. Mas antes de sumir, os olhos de Alice Ficcher pairou sobre a minha lembrança. Como eram lindos...

A cirurgia durou mais de 5 horas e já eram mais de duas da tarde, quando acordei do efeito do sono profundo. Eu sentia dor mas estava muito feliz de notar que tinha dado tudo certo. Eu tinha ganhado uma segunda chance e mesmo que fosse diferente, tenho certas certezas de que eu tomaria algumas decisões.

No outro dia, não parava de receber visitas. Uma atrás da outra. Minha mãe, alguns amigos da faculdade. E todo o resto de pessoas que ficaram sabendo pelo " Auê " que Liam arrumou. Me sentia um paciente com câncer terminal.

Já era meio dia dquando ouvi baterem na porta do quarto, Kim passara por ela, com um sorriso no rosto.

- Posso entrar?

- Você já entrou, Kimberlly! - Respondi rindo e sentando na cama.

- Tá, te trouxe dois Big Mac's, uma batata grande e uma Pepsi. Toda essa porcaria que você come. Não sei como você está viva se alimentando desse jeito.

- A comida desse hospital é horrível.  - Falei, pegando o lanche.

- Não achei, comi um risoto delicia ontem.

- Era estrogonofe, Kimberlly. - Disse, com uma cara de nojo.

- Era? 

- Valeu por trazer o meu almoço. - Agradeci com um sorriso.

- Sabe que eu vou estar aqui, sempre né? Sabe que...

- Kimberlly! Eu vou ficar bem. - Falei, já notando a cara dela de tristeza em pensar que eu poderia ter morrido na cirurgia. - Deu tudo certo.

Eu sabia o que ela ia dizer, mas em momento algum queria preocupar meus amigos, minha família e até mesmo meu irmão. Eu não queria que me vissem de outra forma. Eu iria ser forte, como eu sempre fui e minha recuperação seria um sucesso. 

- Eu sei que vai. - Kim disse, sentando-se em uma poltrona ao meu lado. - Você está sentindo dor? A enfermeira pediu pra avisar caso seus pontos estivessem doendo.

- Não... por enquanto está tudo tranquilo. - Respondi.

Liam entrou pela porta após ter batido e, bem atrás dele, vi a silhueta de uma outra pessoas.

- Tenho uma surpresa, Liv - Disse Liam, dando uma passo para o lado.

- Oi meu amor... 

- Rebeca?! - Perguntei, espantada. Eu não soube nem o que falar na hora.

- Como você está? Eu fiquei com tanto medo, meu amor. - Ela vinha, me beijando no rosto.

- O que faz aqui? - Perguntei.

- Olivia, você é a minha mulher. Você não está bem, acha mesmo que eu não iria ligar para isso?

- Não é tão obvio assim....- Exclamou Kimberlly, em um tom sarcástico. Até ela estava espantada.

- Você não atendia minhas ligações... - Aquilo ecoava em minha cabeça, era pertubador.

- O importante é que eu estou aqui agora. - Rebeca dizia, firmemente.

Eu sei que eu teria de estar feliz com Rebeca ao meu lado, mas lá no fundo eu não senti nada e eu queria estar sentindo alguma coisa pela minha noiva. Não posso esconder também a preocupação com essa minha doença, se esse coagulo tinha ido embora ou não, porém não queria viver isso agora. Essa preocupação diária. Não agora. 
Foi estranho ver Rebeca, e vê-la tão calma em relação a nós. Não pude notar que o meu sentimento por ela estava estremecido, apesar de saber que eu a amava demais. 

Três dias se passaram e eu ainda sem alta do hospital. Esse tempo que me ajudava muito a pensar em tudo ao meu redor. As vezes era apavorante:

- Você está se sentindo melhor? - Kimberlly ainda não tinha ido embora 

- Não aguento mais ficar aqui. - Respondi. - Kim, você tem noticias do meu irmão?

- Tentei contata-lo... mas nada. Ele não atende, não responde... eu sinto muito, Olivia.

- Eu só queria que o Bryan estivesse aqui... mas ter você, faz tudo ser mais leve... você é uma ótima amiga, Kimberlly Parker. - Eu a segurei pelas mãos e Kim sorriu para mim.

- E eu sempre serei.

Assim que Kimberlly me abraçou, vi de relance a porta do quarto se abrindo, era o Dr. Clark e vê-lo me deu esperanças de alta pois eu não aguentava mais ficar deitada naquele quarto de hospital:

- Boas noticias, senhorita Bucker... Seu exame ficou pronto.

- E ai Doutor? - Eu já estava apreensiva. 

- Por hora, o coagulo foi extraído por completo e você não corre mais riscos. Mas... há 70% de chances dele voltar a crescer.

- O que?

- É uma porcentagem grande mas se você se cuidar, fazer tudo o que eu prescrever para você, sei que ficará tudo bem...como eu disse, você é nova. O seu corpo vai ajudar muito. - O médico completou. - Vou te dar alta e você já pode ir para a casa.

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora