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Assim que retornei ao interno de meu apartamento, tive que encarar a bagunça que Rebeca havia deixado para trás, de forma poética e literal. E arrumar era uma das partidas para que eu conseguisse ficar um pouco melhor. Passei a manhã e um pedaço da tarde, limpando e colocando as coisas no lugar. Foi como um inicio de terapia, eu realmente estava precisando daquilo.
Já eram por volta da três e meia quando recebi uma ligação de um numero estranho que eu não costumo atender. Mas na segunda insistência acabei abrindo uma exceção:

- Alô? – Disse, um pouco desconfiada.

- Oi garota do parque. – Respondeu uma voz, um tanto familiar.

- Quem é?

- Liguei para saber se você recebeu as minhas flores.

- Megan? – Não era possível, como ela sabia o meu endereço e o meu telefone? Eu realmente fiquei pensando em como aquilo era possível.

- Espero ter acertado na escolha... – Ela disse, em um tom envergonhado.

- Eu as achei bem estilosas, na verdade. Eu amei as Estrelícias, obrigada Megan, mas não precisava se preocupar com isso. – Na verdade eu queria ter contado o estresse que essas flores me causaram.

- Imagina, Olivia... mandei porque me lembrei de como foi quando minha ex me deixou, eu pensei que eu nunca fosse superar. Só quis fazer uma gentileza, aliás, ninguém merece se sentir rejeitada. – Por um momento, ela me fez sentir bem. Megan havia conseguido me deixar um pouco melhor.

- Eu não sei como agradecer – Olivia falava séria.

- Eu sei como... deixa eu te pagar aquele cachorro quente. Que tal?

- Eu... olha Megan, você sabe que eu terminei a pouco tempo, não deu nem 24 horas ainda então... eu não sei... não quero ir a um encontro, espero que me entenda.

- Você é de Leão? – Megan riu – Só sendo mesmo para achar que eu estaria dando em cima de você assim, na cara dura. Não! É só uma tarde com uma amiga nova. Vamô lá! Um cachorro quente em um parque as 4 da tarde... não dá nem pra chamar isso de encontro. Mas se você ainda não quiser, eu vou entender.

- Tem razão – Olivia, dizia sorrindo, mas com vergonha do "fora "que ela tinha dado. - Então tá, eu super topo. Te encontro lá as 4, vou só tomar um banho, está bem?

- Marcado, senhorita Olivia, até mais tarde. Tchau.


Não deu tempo nem de voltar com o celular no bolso, quando outra chamada apareceu. Mas dessa vez era a minha melhor amiga. Eu não a via fazia dias, desde que voltei para casa. Rebeca queria passar os dias apenas comigo e ficamos sem nos falar, e eu também precisava desabafar com alguém que soubesse de toda a história, mas com uma perspectiva totalmente diferente, então passei na casa dela para lhe fazer uma visita assim que voltei do cachorro quente no parque.

Dirigi até o 30 NE 97th Street, casa que o pai de Kimberlly deixou para ela, nos arredores de Miami Shore, o bairro.

Toco o interfone:

- Oi, quem é?!

- Sou eu, senhora Parker. – Respondi.

- É a Olivia? Quanto tempo eu não vejo você, pode entrar, minha querida. – A mãe de Kimberlly respondeu. E assim que passei pelo portão, Ellen Parker veio em minha direção, com os braços abertos em uma calorosa recepção:

- Vim trazer umas frutas para a Kimberlly e você apareceu logo hoje, que feliz surpresa. – Ela disse após o abraço.

- Como a senhora está? – Perguntei sorrindo

- Eu vou bem, graças a Deus, ando um pouco ocupada trabalhado naquele banco, mas estou prestes a me aposentar. E você, meu bem, como está?

- Um pouco chateada, mas bem.

- Kimberlly me contou o que aconteceu e eu sinto muito. – Ellen dizia, pegando em minhas mãos. – O amor é algo imprevisível e essas coisas tendem a acontecer. Você só precisa cuidar de si mesma agora.

- Isso ai! – Disse Kimberlly, aparecendo na sala – Escuta a psicóloga banqueira.

- Na minha opinião, vocês duas deveriam ter namorado! – Ela disse apontando para mim e Kimberlly – Eu faria muito gosto.

- Não viaja, mãe – Kimberlly riu. – Eu e Olivia somos quase irmãs. Só fiz um favorzinho para ela um tempo atrás, que não vem ao caso agora.

- Bom, a esperança é a ultima que morre, não é mesmo? Agora preciso ir, meninas. Seu primo vem hoje a noite com a sua tia.

- Dion vem hoje?

- Sim – Ellen respondeu para a sua filha.

- Legal, qualquer coisa passo lá mais tarde para ver ele.

- Tudo bem, querida, nos vemos mais tarde. – A mãe de Kimberlly se despediu de nós e foi embora.

- Agora vamos nos sentar ali na sala e você vai me contar tudo. – Disse Kimberlly.

- Tudo o que? Pensei que você já soubesse!

- E sei... Liguei para a Rebeca, pra perguntar se ela sabia quando a Emma ia vir para cá e ela acabou me contando tudo.

- Pois... então você sabe mesmo. – Disse sentando no sofá.

- Eu realmente sinto muito, Liv... não deve ter sido fácil. Rebeca mesmo parecia arrasada.

- Eu sai de casa e nem vi ela indo embora, eu não aguentaria. – Afirmei, pondo as mãos no rosto. Era doloroso voltar naquela questão.

- Vamos falar de outra coisa, mudar de assunto.

- Ok. O que você sabe sobre Megan Acaster? Já ouviu falar dela?

- Meu Deus que coisa mais aleatória de se perguntar, mas não! Não conheço. Por quê?

- Eu fui para o Morningside Park, pensar um pouco, chorar... em fim... E uma garota ruiva apareceu... sentou do meu lado e a conversa fluiu. Ela parecia muito disposta a me tirar daquela tristeza toda. Hoje ela me mandou flores e me chamou pra sair.

- Tipo um encontro? Sério? Tão rápido assim? – Kim me olhava com a sobrancelha erguida, em desaprovação. Um ar de desentendimento.

- Eu só fui porque ela me garantiu que não era um encontro. Comemos um cachorro quente e falamos da vida.

- Liv... você sabe que sempre acaba sendo um encontro. Ainda mais com alguém que te manda flores.

- Eu sei mas... ela é tão legal, tão atenciosa e fala de uma forma firme sem ser arrogante.

- Ela é bonita? – Kim perguntou então abri a conversa dela em meu celular e mostrei a foto. Kimberlly pegou o celular em um supetão, com a boca entre aberta.

- Você é uma filha da mãe, Olivia Bucker! Como uma mulher dessas aparece do nada do seu lado no Morningside?

-Você a achou bonita? – Perguntei, rindo.

- Porra e você não?

- Ter senso é ter medo de responder que sim e parecer uma completa babaca que já está dando corda para outra.

- E você está?

- Não.

- Então pronto. Você é recém solteira, não cega. E outra, sexo casual não é crime, sabia? Você não precisa namorar ninguém, muito menos enfiar a porra de um anel no dedo. Você é livre agora, Liv. Só precisa deixar as coisas bem claras.

- Achei que você tinha achado repentino.

- Depois que eu vi a foto... eu te entendi perfeitamente, amiga. Eu também teria ido – Disse Kimberlly, sorrindo e me entregando o celular. - Olha, não se culpa assim, acho mesmo que você tem que ter um tempo para processar tudo e não jogar nenhum frustração sua para cima dos outros. Mas se você souber separar tudo isso e ser transparente com quem está tentando entrar na tua vida... não vejo problema nenhum. Não foi você quem errou.

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Where stories live. Discover now