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Assim que entrei no carro, desabei chorando inconsolavelmente, encostada com a testa no volante. Minhas lágrimas não se importavam em cair de modo incessante. Eu me sentia um lixo completo, que em menos de 24 horas havia sido renegada por duas pessoas. Era a pior sensação do mundo.

Era tão doloroso que nem notei que havia alguém no banco de trás do carona. Um homem, de roupas escuras.


Alguém que eu gostaria de nunca ter conhecido:

- Sempre correndo das responsabilidades não é, Olivia? – Ele disse, tirando o capuz do rosto. – E assim que nota a cagada que fez, chora toda arrependida. Tem coisas que não mudam nunca...

- Rayn? – Dizer o nome dele me causava calafrios e um alerta de que eu precisava me proteger. Algo me dizia que eu corria perigo. E por uma fresta de segundos, lembrei-me da arma no porta-luvas e tentei alcançá-la rápido. Mas estava vazio.

- Procurando isso? – Ele mostrou uma arma em suas mãos. Era a minha. – Acho que você se esqueceu que namoramos por muito tempo e eu sei exatamente todas as suas manias. Principalmente as falhas.

- O que você quer? – Eu estava completamente assustada, mas tentava não demonstrar para a minha segurança.

- Você vai dirigir até esse endereço aqui – Ele me dava um gps nas mãos. – E lá, nós vamos conversar. E se você tentar qualquer gracinha, eu atiro em você. – Rayn dizia, ao pular para o banco da frente. – Vai logo.

Fiz o que ele pedia, e dei partida no carro, dirigindo pela rota que ele havia marcado. A arma a todo tempo ficara apontada para mim e Rayn não dizia absolutamente nada. Eu a todo momento tentando entender o que estava acontecendo ou motivo pela qual ele estava fazendo aquilo, mas sem respostas. Ele continuava quieto.

Foi quando parei em um semáforo e notei que uma moto estava seguindo a gente desde ali. Não disse nada para o Rayn sobre aquilo e continuamos até o destino. Uma reserva em Dump Marsh onde não havia ninguém. Um lugar completamente deserto e assustador:

- Desça. – Ele disse, apontando a arma novamente na direção do meu rosto. E assim o fiz. Descemos do carro, apenas deixando as luzes do farol acesas. Rayn me guiou até a poucos metros a frente. Notei que havia alguns galões ali perto, uma pá e fósforos em cima de uma caixa de madeira. Ele estava disposto a me matar. Era nítido:

- O que você vai fazer?

- Eu vou te dar duas opções, Olivia. – Ele respondeu.

- E quais são essas duas opções?

- Ou você volta comigo e retomamos nossa vida e nosso casamento ou eu mato você aqui e agora. A escolha é sua.

- Rayn, já fazem três anos que nos separamos, chega disso. Segue a sua vida. – E ele riu ao ouvir os meus dizeres.

- Você não entende, não é? Não é sobre você, Olivia. Apesar de que a humilhação de ser trocado por uma puta de 16 anos, tenha sido grande. O mundo não gira em torno de você. – Rayn respondeu, coçando a testa com a arma. Ele demonstrava estar desnorteado.

- Então do que se trata tudo isso? Por que você faz questão de me ter na sua vida?

- Porque você tirou tudo de mim. E em troca eu vou tirar tudo de você. – Rayn vinha ao meu encontro, andando com os olhos vidrados em mim. Ele pegou em meu pescoço assim que chegou perto o bastante e começou a me enforcar enquanto terminava de dizer. – Eu vou tirar a sua alegria de viver. Vou tirar do seu caminho quem você mais ama. E vou te matar todos os dias um pouco mais, pelo resto de nossas vidas.

- Eu... nunca... vou voltar...com... você – Eu disse, com um pouco dificuldade pois me faltava o ar. Eu já estava ficando roxa quando ele me jogou no chão com toda a sua força. Ele veio para cima de mim, para chutar o meu estômago quando pelo reflexo, chutei o seu joelho primeiro. E ao me levantar, consegui tirar a arma de sua mão. Rayn e eu começamos uma luta corporal. Eu socava seu rosto com toda a minha força. Literalmente eu estava lutando pela minha vida. E ele lutava para acabar com ela.


Rayn sabia que eu lutava muito bem desde criança, então ele abusava de sua força física para me derrubar e foi com uma cabeçada que ele me jogou ao chão novamente. Eu estava tonta, quase desmaiando. Mas ainda assim, vi ele subindo em cima de mim, desabotoando a calça:

- Você lembra quando eu te fazia minha? E você adorava. – Ele dizia ofegante. – Vamos ver se você ainda geme tão gostoso quanto antes...

Eu não tinha forças mais para impedir, apenas fechei os olhos esperando o pior. Quando ouvi um barulho de moto acelerando perto de nós. Rayn olhou preocupado e se levantou correndo para pegar a arma que ainda estava no chão, quando levou um tiro em seu ombro esquerdo. A pessoa veio correndo até o meu corpo estirado no chão:

- Olivia... Hey... – A pessoa tentava me acordar com algumas tapinhas em meu rosto. E ao abrir meus olhos, vi o rosto de alguém que eu não imaginava estar ali. – Acorda, por favor.

- Megan?

- A gente precisa sair daqui, agora. – Megan me levantou do chão, me ajudando a chegar até a sua moto. Ela se desesperou ainda mais quando Rayn tirou a bala de dentro de sua ferida. Notavelmente ele estava tomado por uma adrenalina gigante e alguns entorpecentes:

- Eu vou matar você duas. – Ele dizia. Megan subiu em sua moto e estendeu as mãos para que eu subisse na garupa e assim eu fiz.

- O meu carro... não posso deixá-lo aí. – Disse, preocupada.

- A moto é mais rápida. – Megan deu partida e saímos acelerando dali. Foi a poucos quilômetros quando notamos que Rayn estava atrás de nós, com o meu carro em alta velocidade.

- ELE ESTÁ SEGUINDO A GENTE!! – Eu gritei para ela.

- Vou tentar despistar ele. – Megan acelerava ainda mais, ultrapassando os carros na Avenida SW 112th, fazendo zig zag e assim que viu uma rua do lado esquerdo, virou com tudo se enfiando dentro de uma viela e saindo na continuação da avenida.


Eu olhava para trás e ainda via o meu carro, um pouco atrás de nós. Com certeza Rayn sabia que íamos dar a volta, ele era esperto demais e estava comprometido a me matar, o que era uma mistura muito perigosa.

Eu estava ocupada tentando ver a pessoa que perseguia a gente, que nem notei que Megan havia freado bruscamente, pois um carro avançou o semáforo do lado direito e nos certou em cheio. Eu via minha vida passando diante dos meus olhos e a sensação de tudo estar em câmera lenta, conseguia deixar tudo pior e mais assustador.


Mas a sensação não demorou a passar pois logo eu havia caído no chãodesacordada, a ultima sensação que tive foi medo, seguida por um dor insuportávelem minha perna direita, que provavelmente foi machucada pela pancada do carro.

Uma sensação de morte me atingiu e eu logo apaguei.

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora