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Três dias se passaram e nada da Rebeca me ligar. Apenas mandava mensagens secas dizendo que estava tudo bem, que o trabalho era incrível e que seu chefe, era maravilhoso. Sempre dizia que não tinha tempo para nada, que mal conseguia respirar e nos tempos livres pensava em dormir..

Durante esses dias eu tentei ser compreensiva mas não podia negar que a distância dela me deixava completamente triste e um tanto desgastada. Mas Bryan, meu irmão, sempre falava para eu olhar por uma outra perspectiva e que ela estava realmente atarefada com tudo.

Era completamente normal ela estar focada.. Era.

Assim que cheguei em casa, depois de um longo dia de trabalho fui direto para a cozinha. Larguei as coisas em cima da mesa e sentei-me no sofá após pegar uma garrafa de vinho branco que estava semi aberta.

Eu estava deprimida com um milhão de coisas de passando em minha mente. Era tudo muito confuso, por mais que eu tentasse e me esforçasse para entender. A cada gole daquela garrafa, ao fechar os olhos eu via Rebeca parada em minha frente. E em flash's a saudade dela aumentava ainda mais.

Ainda que setenta e duas horas não pesassem na balança de três anos de relacionamento, talvez eu não estivesse sabendo lidar. Talvez, eu estivesse muito apegada. Apegada demais eu diria. Talvez, eu fosse dependente demais. O que não era bom e eu sabia muito bem disso.

Olhei no relógio da tela do meu celular, marcavam cinco horas em ponto e então, domada por um desespero fora do comum e um cartão de crédito sem limites.. Eu fiz o que qualquer pessoa sem a sã consciência faria.. Eu iria até o hotel de Rebeca.

Não demorei muito para chamar uma táxi após ter me trocado, colocando uma roupa melhor e assim que o carro chegou nós fomos direto para o aeroporto. Eu estava apreensiva e um tanto nervosa pois não sabia o que Rebeca poderia pensar de mim, indo de surpresa até ela. Mas a julgar pelo nosso relacionamento.. Nós éramos noivas e acho que isso deixava tudo mais "confortável".

Assim que o avião decolou e eu pude ver Miami de cima, em sua belíssima fotografia panorâmica, um frio na barriga tomou conta do momento. Eu suava frio e parecia que eu estava indo conhecer a Rebeca pela primeira vez na vida e por um breve momento, passou pela minha cabeça a hipótese dele ficar brava comigo. Mas agora não tinha como voltar atrás, já era tarde pra isso.

Fechei os olhos depois de olhar aquela imensidão e cochilei por uns 25 minutos, o suficiente para que eu sonhasse com algo completamente perturbador; eu via sangue por todos os lados. Ouvia gritos desesperadores. Um lobo com um aspecto de sujo e esquelético, como se não se alimentasse a dias. Eu via a cena dele matando alguém. Não haviam pessoas ou qualquer outra coisa do tipo, apenas uma silhueta feminina e os braços caídos, faltando pedaço.

Despertei daquele pesadelo com a aeromoça me cutucando no ombro, dizendo que em cinco minutos iríamos pousar no aeroporto de Orlando. Eram sete e vinte e três quando subi em um táxi e informou o endereço do Hotel em que Rebeca estaria hospedada e ao chegar lá, fui direto para a recepção:

- Por favor, Rebeca Grabel está em qual andar? - Perguntei, ao senhor que cuidava das reservas.

- Grabel? Pode soletrar por favor?

- G. R. A. B. E. L - Respondi.

- Não temos nenhuma Rebeca com esse sobrenome aqui, senhora.

- Como é? Deve ser algum engano, ela me disse que estava aqui. Tenho certeza.

- Lamento mas não há nenhum hóspede com esse nome, aqui. - O senhor insistiu, sendo bem categórico.

Eu estava arrasada e um tanto decepcionada com aquilo. Por qual motivo Rebeca teria mentido pra mim sobre isso? E melhor, onde é que ela estaria nesse exato momento?
Naquele instante, apenas agradeci ao senhor da recepção e sai do Hotel fora de rumo. Andei por dois quarteirões até achar uma cafeteria ainda aberta. Havia uma mulher de cabelos negros e lisos limpando o balcão e assim que eu abri a porta do lugar, ela me recebeu com um sorriso largo e encantador;

- Pois não? - Ela disse. - Posso ajudar?

- Eu gostaria de um Macchiato com açúcar mascavo - Respondi, com a cabeça baixa. Sem fazer qualquer conexão com ela.

- Claro, pode se sentar que eu levo para você na mesa. - Havia apenas eu ali, naquele lugar. A cafeteria era uma graça, com tons beges e brancos. Mesas redondas e quadros pintados a mão.

E assim que me sentei, levei o pensamento a Rebeca, novamente e não fiz outra coisa a não ser ligar para ela. O número tocou por duas vezes, até eu ouvir sons de risadas ao fundo:

- Alô?! - Ela atendeu, animada.

- Oi..

- Olivia?

- Onde você está, Rebeca?

- No hotel.. - Ela respondeu. O som das vozes e risadas foi diminuindo, o que dava a impressão de que ela tinha de afastado para um outro lugar. - Por que?

- Você não me retorna, não fala comigo e muito menos está me dizendo a verdade. Eu estou em Orlando, e fui ao hotel.. Você nem sequer está hospedada nele. - Respondi, com a voz um tanto embargada. - O que está acontecendo?

- Olivia eu.. Amor... Eu sinto muito. Eu não tive tempo ainda de te contar as novidades.

- Que novidades?

- O emprego é ótimo e eu já estou mais do que contratada. Terei que mudar pra cá mas eu iria conversar com você primeiro.

- Como é?

- Olivia é meu sonho..

- Eu sei que é seu sonho, Rebeca mas e eu? Como fica o nós?

- Eu volto pra casa em 15 ou 20 dias, assim que eu ajeitar tudo por aqui e aí nós vamos conversar. Está bem... Você pode me esperar?

- Você ouviu o que eu disse? Eu estou em Orlando. Você não quer me ver?

- Sinto muito.. Eu não consigo sair daqui agora... tenho muitas coisas para fazer ainda. Desculpa. Deveria ter me avisado que viria. Eu teria te dito pra não vir. - Rebeca respondeu, de imediato.

- Tudo bem... - Não que estivesse tudo bem. Pois não estava. - Eu entendo... Desculpa aparecer assim...Até mais.

- Até mais. - E o som da operadora informando o fim da chamada, ecoava em meus ouvidos.

- Seu café... - Disse a atendente, colocando a xicara sobre a mesa. Dei a ela uma nota de dez dólares e sai dali, sem tocar na bebida. Eu só queria ir embora.


Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Where stories live. Discover now