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Assim que saímos do bar, eu exalava um cheiro que misturava vodka com gin e gordura de batata frita. Era horrível, eu cheirava a um mendigo de beira de estrada.  

Resolvemos ir embora quando notamos que Kimberlly vomitava no banheiro do bar a cada cinco segundos, era nítido que não éramos mais adolescentes e beber daquele jeito havia se tornado uma tarefa difícil, pelo menos o meu corpo não aguentava mais nenhum gole de nada.

Na calçada, eu e Bryan andamos indo em direção do carro, quando encontramos Alice conversando com um grupo de garotas. Meu irmão olhou pra mim com cara de surpreso ao vê-la daquele jeito.

Ele estava tão surpreso quanto eu, ao notar que ela estava totalmente diferente de antes.

E assim que entramos no carro, ele fez questão de comentar sobre aquilo:

- Era realmente quem eu pensei que fosse?

- Alice? Sim! - Respondi rindo pela obviedade. - Nossa, ela tá ... Diferente.

- Posso dizer que ela está gostosa?

- Bryan? - Ele realmente tinha me espantado ao dizer aquilo.  - O que é isso?

- Eu estou bêbado mas não estou cego, ué.

- Que nojo.

- Ta bom! - Ele riu. - Mas mudando de assunto, será que você pode passar naquela loja que vende doces?

- Não acha que está meio tarde pra isso? Já deve ter fechado.

- Eu quero um doce, Olivia. Se vira! - Bryan ficava ridículo quando estava bêbado, aquela voz mole dele realmente me fazia rir mas irritava ao mesmo tempo.

- A gente passa em alguma loja de conveniência, tá bom pra você?

- Tá ótimo.

Dirigi por algumas ruas, até encontrar um posto de gasolina com a loja aberta. Não tinha condições do Bryan descer daquele carro sem bater com a cara no chão, nem pediria isso a ele, então eu mesma desci do carro pra comprar algo pra ele.

Normalmente Bryan preferia chocolate meio amargo, ao alternativa de ao leite. Lembrei disso pois a gente sempre brigou na hora de ganhar bolo de aniversário. Ele sempre queria com chocolate meio amargo, enquanto eu gostava mais de bolo com morangos.

Apesar de sermos gêmeos idênticos, sempre me foi muito vivo em minha memória o quanto pensávamos diferente em tudo.Acho que sempre fui egoísta nessa parte. Mas o melhor de tudo é que nos tornamos seres incríveis, dentro de nossos próprios mundos.

A primeira barra que vi na frente, peguei apenas conferindo se era meio amargo e segui direto para o caixa:

- 2 dólares! - Disse a caixa, uma mulher robusta, com um certo ar de mal humor. Eram quase  da madrugada e parecia que ela estava doida pra chegar em casa e comer algo muito, muito gorduroso. Era o que eu faria se eu estivesse brava, como ela.

Paguei o chocolate com uma nota de cinco dólares e assim que ela me deu o troco, voltei para o carro. Joguei o doce no colo de Bryan e segui direto para o nosso apartamento. Ao chegar, estacionei dentro da garagem e seguimos para o elevador.

Meu irmão devorava a barra de chocolate como se não houvesse o amanhã, nem se importou na sujeira que estava fazendo no seu próprio rosto. Ele estava coberto de resquício por todo a jaqueta jeans que ele usava.

Assim que entramos no elevador, escutei passos apressados, vindo dos pilares à direita:

- Segura o elevador! - Dizia uma voz e para nossa surpresa, mais minha do que do Bryan, Alice entrou pela porta.

- Ah .. Oi. - Ela disse. Ela estava mais surpresa do que a gente.

- Oiiiii. - Disse Bryan, limpando uma boca suja de chocolate. Ele realmente não estava bem.

- O que faz aqui? - Disse. Alice apertava o botão número 8, um andar anterior ao nosso.

- Eu me mudei pra cá tem uns dias, temporariamente. E vocês?

- A gente mora aqui.

- Nossa que coincidência! - Exclamou Bryan.

- Qual a probabilidade disso, não é? - riu Alice, sem graça de tudo. Seguimos sem abrir a boca sobre o assunto. Estávamos os três quietos, até ouvirmos o "plim" da porta do elevador se abrindo. - Até mais - Ela disse, olhando em minha direção.

- Acho que ela ainda é afim de você. - Bryan comentou, assim que ela saiu.

- Não viaja!

Entramos em casa e assim que passei pela porta, fui direito na cozinha beber um copo de água. O amargo da minha boca estava completamente insuportável, pelo gosto da bebida misturada.

Olhei o celular e tinha várias mensagens da Rebeca, me desejando uma boa noite e avisando que já tinha chego ao hotel e que amanhã me ligava.

Responder carinhosamente como mensagens e desejei uma boa noite, também. Finalizei falando que já estava sentindo a sua falta. E eu realmente estava. Ela mal tinha ido e meu coração já doía em pensar que ficaríamos longes por mui ..

Barulho da campainha

Abro a porta, segurando o copo de água na mão e meu coração parou por um segundo quando vi Alice na porta. Eu ainda não tinha me acostumado a vê-la com tanta frequência como eu vi naquela noite:

- Desculpa incomodar mas, eu não encontro as minhas chaves. Devo ter perdido elas no bar.

- Que chato! - Disse, sem saber muito o que dizer na verdade. - Quer entrar?

- Eu queria saber se você poderia me deixar dormir na sala. Liguei na recepção e eles não tem uma chave extra e o chaveiro só vem amanhã cedo. - Perguntou ela, dava pra sentir que pedir aquilo a deixava desconfortável.

- Hamm ..

- Claro, se não for muito incomodo. - Ela concluiu.

- Não .. Não é. Pode entrar.

Alice entrou e logo me pediu desculpas novamente pelo inconveniente e mais uma vez eu dizia que não era nada demais e que ela poderia sim ficar ali até amanhã cedo.
Bryan com certeza já tinha morrido no quarto dele e não se deu conta do que estava ocorrendo ali, naquele momento:

- Você pode ficar aqui na sala ou no meu quarto, se quiser. Eu posso dormir aqui, sem problemas. - Apontei para o sofá. - O que for melhor, pra você.

- Não, tudo bem ... Não me importo de dormir aqui na sala. Você pode ficar a vontade no seu quarto. - Ela disse sorrindo.

- Tudo bem ... Sem problemas, Alice. - Respondi, deixando o copo em cima da mesa. Fui até o meu quarto pegar travesseiros e uma coberta para ela e assim que os entreguei, me despedi. - Bom ... Eu vou dormir. Você pode ficar a vontade.

- Muito obrigada pela ajuda.

- Não há de que.

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum