Eu nunca quis fazer parte disso, dessa montanha russa que meu pai havia criado. Uma responsabilidade imensa que sempre me cercou de todos os lados possíveis e impossíveis, que vieram à tona assim do nada.
Era algo estressante e bastante doloroso para qualquer coisa. Nem todo o dinheiro do mundo conseguia concertar aquilo. Ou fazer valer a pena qualquer coisa que fosse:- E o pai de vocês está vindo pra cá, então? - Perguntou Alice, tentando entender a situação.
- Pelo jeito sim.
- Como ele soube?
- Eu não faço a mínima ideia, Liv, mas pelo teor do ocorrido, eles queriam dinheiro. Devem ter ameaçado o papai de certa forma, falando que haviam batido em nós ou algo do tipo.
- Eu não sei nem o que dizer! - Exclamou Alice - Isso tudo é muito bizarro, até pra quem está de fora, como eu.
- Pois é mas não tem o que se fazer. A nossa família é assim. - Disse Bryan.
Eu ainda continuava sangrando um pouco, pelo corte em minha testa ao cair no chão. Preocupada, Alice então fez um curativo, após limpar toda a ferida:
- Obrigada. - Disse, agradecendo.
- Vou fazer algo pra você comer. - Bryan dizia ao ir para a cozinha. Logo Alice, sentou ao meu lado no sofá, onde meu corpo estava um pouco jogado. Eu não tinha muitas forças para me mexer naquela ocasião.
- Alguma notícia da Rebeca? - Ela perguntou - Vocês se acertaram?
- Ainda mais do mesmo... Mensagens frias e secas. Decidi então dar o tempo pra ela. É o mais inteligente a se fazer, pelo visto.
- Não vai avisá-la do que aconteceu com você?
- Sinceramente não vejo motivos, Alice. E sei também que não faria muits diferença agora. - Respondi. Meus olhos de encheram d'água naquele momento. Era difícil admitir que a pessoa que você mais ama, não estava muito ligando para você.
- Eu sinto muito por isso.
- Não sinta, está tudo bem. - respondi.
- Mas eu estou aqui pra ajudar. Você pode contar sempre comigo, Olivia. Sei que eu não sou a Rebeca - Ela riu -Mas estarei aqui, quando você precisar de uma amiga.
- Eu agradeço demais por isso. - Alice sorrateiramente colocou uma de suas mãos em cima da minha, a apertando com uma certa força. Sua mão estava quente e um pouco úmida. E assim que Bryan voltou com um copo de suco de laranja, Alice soltou minha mão no susto.
- Trouxe suco e um remédio para dor! - Ele disse, tentando disfarçar o que vira - É um relaxante muscular. Vai te ajudar com as dores.
- Desde quando você cuida de mim? Sempre foi o contrário, não é?
- Do que você está falando, garota? - Bryan riu, sem graça - Desde quando era você quem cuidava de mim? Eu sou o mais velho..
- Bryan.. Você sabe que somos gêmeos, não é? Temos a mesma idade.
- Mas eu nasci primeiro do que você.
- Ok.. 10 segundos mais velho. Isso não quer dizer muita coisa. - Me esforcei para sentar direito no sofá, para tomar o suco e o remédio que meu irmão havia trazido, em um gesto de cuidado e carinho.
- Agora falando sério... Obrigado pelo que você fez lá em baixo. Me protegeu daqueles caras. Acho que seu estivesse sozinho eles tinham acabado comigo.
- Não foi nada, Bryan. Você teria feito a mesma coisa por mim. Sei disso.
- Faria mesmo. - Ele respondeu, beijando a minha testa com cuidado.
- Bom gente, eu preciso ir e então, vou deixar vocês descansarem. - disse Alice, se levantando.
- Que isso, Ficcher, fica aí. Estou fazendo feijoada pra Olivia. Janta com a gente.
- Feij o que? - Alice perguntou sem entender muito.
- Feijoada, é um prato típico brasileiro. Um dos preferidos da Olivia, quando éramos pequenos.
- Olha só, eu estou até preocupada com o tanto de coisa que você está fazendo ultimamente pra me agradar, irmão. - disse.
- Eu não faço nem ideia do que seja essa comida mas eu topo. - Respondeu Alice, animada com a ideia. Dava para ver o quanto ela ficava a vontade em nossa presença.
- Ótimo! - Exclamou Bryan, voltando para a cozinha, de novo.
Após trinta minutos, meu irmão arrumou a mesa e todos nós jantámos. Ficamos ali conversando sobre a vida e tirando um pouco o foco do que tinha acontecido, eu pelo menos, tentava ao máximo não lembrar. Nem sobre os homens e tão pouco sobre a questão do meu pai estar vindo para cá:
- Então você quer dizer que se pendurou em uma boate, foi isso? - Alice ria, ao me ouvir contar sobre a primeira vez que trabalhei na boate do Liam.
- Foi exatamente isso. Fiquei presa em uma gaiola, quase nua. Rebolando para umas 200 pessoas desconhecidas. - Eu contava, rindo também.
- Meu Deus, que hilário. Eu daria tudo pra ter visto isso. - Ela completou.
- Eu também! - disse Bryan - Sorte dela que eu ainda não tinha chego de viagem, pois eu certamente teria gravado esse momento incrível.
- Seria uma obra de arte! - Disse Alice, debochando de mim.
- Parem vocês dois. Eu estava maravilhosa lá em cima. Tá bem?
- Disso eu não tenho dúvidas nenhuma. - Completou Alice, me olhando carinhosamente. Para disfarçar, ela voltou o olhar para Bryan rapidamente. - E aproveitando, devo dizer que feijoada foi a melhor comida que eu já experimentei em toda a minha vida. Vocês brasileiros, comem muito bem.
- Ah! Muito gentil de sua parte, Alice. - Bryan agradeceu, feliz - E sim, o Brasil é cheio de pratos típicos maravilhosos. A cada estado você descobre um diferente. Esse em específico, é um prato conhecido no Rio de Janeiro.
- E qual é o seu prato preferido de lá?
- Um prato do Ceará, chamado Baião de dois. Típico ali no Nordeste. - Ele respondeu, maravilhoso. Um dia desses eu faço para você provar.
- Adorei saber de tudo isso. Até mesmo saber que você cozinha. E ainda muito bem, por sinal. Eu to impressionada.
- Pode se dizer que meu irmão é um homem de muitos talentos! - Exclamei, concordando com que Alice estava dizendo. - Ele me surpreende sempre.
- Olha só quem é que esta agradando quem agora, dona Olivia. - Logo, o celular de Bryan tocou, e ao vê-lo, o mesmo ficou pálido.
- O que foi? - Perguntei.
- Em 1 hora ele está chegando. - Respondeu ele.
De imediato meu rosto mudou de aspecto, eu estava totalmente infeliz agora, não estava nem. Um pouco preparada para receber o meu pai.
- É... Agora é oficial. Temos que enfrenta-lo.
- Sim..
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Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )
Romance1 ° lugar no ranking - 12/10/2020 2° lugar no ranking - 10/02/2019 ( LGBT+) Quem nunca se perguntou o motivo pelo qual as histórias homossexuais são contadas de uma forma totalmente padrão? O pai que não aceita, a mãe que põe para fora de casa e e...