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Disseram assim que me foi possível abrir meus olhos, ainda que trêmulos pela dor que se estendia em meu corpo, que eu fiquei apagada por quase dois meses inteiros. E assim que dei sinal de vida, o médico disse que o mais grave eram duas costelas quebradas, uma perna prensada e alguns hematomas que iria ficar ali de presente:

- Tem bons amigos – Ele comentou, após checar meus exames. – Tem uma garota lá fora que não saiu daqui desde que recebeu alta.

- Megan? Ela está bem? Ela sofreu acidente comigo. – Comecei a ficar eufórica assim que me lembrei dela e de tudo o que tinha acontecido. E bateu um desespero repentino.

- Se acalma, senhorita Bucker, a senhorita Acaster está bem. Não teve fraturas, só alguns arranhões devido a queda brusca de moto. – O médico disse, olhando para mim. – Daqui uns dias eu te darei alta e você poderá ir para casa. Mas até lá, descanse bastante, ok? Vou avisar que você acordou e já pode receber visitas. Até depois... O médico saiu do quarto me deixando sozinha por alguns instantes pois não demorou muito para que Kim, Megan e minha mãe entrassem pela porta.

- Você nos deu um susto e tanto. – Disse minha mãe, dando-me um beijo na testa, bem carinhoso. Era visível o quanto ela estava preocupada. – Parece que você agora vive querendo perder a vida, não? Vai me contar o porque tinha policiais na minha porta três dias depois do seu acidente?

Eu olhei para Megan e ela assentiu com a cabeça, como se estivesse dizendo para eu contar a verdade para a minha mãe. Já Kimberlly, estava quieta apenas prestando atenção no questionamento de minha mãe.

- É o meu ex namorado... Foi atrás de mim em uma festa e tentou me matar no meio da reserva. Se não fosse a Megan, com certeza eu estaria morta.

- Rayn?! – Perguntou Kim, chocada. – Mas o que aquele babaca queria com você?

- Eu não sei. – Respondi, me sentando na cama. – Tentei arrancar o máximo de informações que eu consegui dele, mas a verdade é que foi tudo meio confuso. Ele parecia estar drogado, fora de si.

- Rayn nunca foi desse jeito, mas admito que eu nunca gostei dele. – Disse minha mãe. – De qualquer forma a policia está atrás de você para colher depoimento sobre o que aconteceu. Podem vir aqui no hospital a qualquer momento.

- Eu já dei o meu depoimento e disse o que aconteceu, parece que ele queimou o seu carro duas horas depois do nosso acidente. – Disse Megan, ela cruzou os braços se encostando na parede ao lado da porta, enquanto me encarava. – Parece que ele ficou desesperado quando viu você caída no chão. Só não fez nada por conta de multidão.

- Fica longe dele, Olivia. – Disse Kim, com raiva. – É sério. Eu nem consigo imaginar o que seria de você se a Megan não tivesse te achado naquela reserva.

- É mesmo. – Disse, olhando com a sobrancelha arqueada para Megan, tentando entender como é que ela tinha me achado naquele lugar deserto. – Como você me achou lá?

- Vi você no semáforo. Você estava com o semblante de preocupada e tinha um homem encarando você do seu lado, como se quisesse te matar. Achei estranho e comecei a seguir o seu carro. Fiquei longe o bastante para que ninguém me visse. – Ela respondeu.

- É eu vi alguém nos seguindo de moto, só não imaginei que fosse você... Obrigada.

- Ela ficou aqui durante esses dois meses, te vigiando, Filha. – Minha mãe disse, com um semblante de agradecida e um tanto satisfeita. Eu sabia muito bem o que ela estava pensando. Era obvia a aprovação precária. Ter salvo a minha vida, pode se dizer que fez Megan ter vários pontos com a minha mãe.

- Eu agradeço muito por tudo o que você fez. – Eu olhava para Megan que correspondia com um sorriso singelo no rosto. Desde aquele dia, Megan nunca mais saiu do meu lado nos próximos cinco meses. Ela limpava, cozinhava e me ajudava a me recuperar da lesão em minha costela e perna. E ali eu descobri uma pessoa maravilhosa, engraçada e até mesmo...sexy. Nesse meio tempo, tive notícias de que Alice havia se mudado do prédio. Ela havia ido morar na encosta da praia e nem se quer veio se despedir de mim. Certamente ela havia conseguido o que tanto queria; me esquecer.

Os dias foram passando e eu e Megan ficávamos mais próximas, ela, Kimberlly e Liam eram minhas companhias diárias, como se fossem minhas doses contínuas de serotonina, o que me fez muito bem. Eu estava me sentindo feliz enquanto esquecia o trauma com Rayn Anderson. Tudo parecia ir bem:

- Tem certeza que não quer nada do mercado? Eu estou indo trabalhar e poso trazer alguma coisa de lá.

- Meg, eu já estou melhor. Estou conseguindo andar, a costela não dói mais. Tá tudo bem, não precisa se preocupar. – Disse, me sentando no balcão da cozinha. Ela chegou perto, dando-me um beijo no rosto enquanto seus olhos claramente passeavam pelos meus. A gente estava cada vez mais envolvidas e era difícil demais não querer a Megan, já que ela me atraia mais do que nunca. Sua beleza me deixava completamente anestesiada.

- Te vejo mais tarde. – Ela disse. Tentando disfarçar o clima. Era como se estivéssemos em câmera lenta. – Qualquer coisa que você precisar, pode me ligar.

- Eu sei... Até mais tarde. – Disse, bebendo um gole do meu suco de laranja que estava em minha frente.

-Tenta não se matar, sozinha em casa. – Ela riu antes de fechar a porta. Apenasmostrei o dedo do meio para ela. 

Passei o dia todo deitada, assistindo uma série chamada Dark que até então eu não tinha entendido o que estava rolando alí. Mas ainda assim, não parava de pensar em como minha vida estava desastrosa nos ultimos meses. Quase morri, perdi uma noiva, a garota que eu estava gostando e meu irmão, nada mais poderia piorar além dali. 
Era uma loucura. 

Mais tarde naquele dia, meu interfone da porta tocou, o que era estranho pois era normal que Paul me avisasse caso eu tivesse alguma visita. Mas assim que abri a porta, tive uma surpresa totalmente inesperada:

- Você?

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Where stories live. Discover now