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Noah

- Espere, vou buscar a moto.- avisei, antes de ir até o estacionamento.

Estávamos indo para a casa de Ana, depois de muito eu insistir para que Sammy cedesse e me deixasse a levar. Não sei o que está acontecendo com ela, está estranha desde que a pedi em namoro, e sei que foi precipitado, mas porra... Se tem algo errado, custava ela me dizer?

Estou agindo normalmente, dando espaço a ela, não quero pressiona-la muito, mas ela também não está tendo muita consideração comigo e com meus sentimentos! A verdade é que eu acho que ela gosta muito de mim, me acha muito atraente, tem desejo, mas não o suficiente para me ver ao menos como um amigo.

Às vezes parece que ela só gosta de ficar comigo, mas não realmente de mim, e isso é muito fudido!... Só sei que eu fico muito irritado com tudo isso, mas não posso reclamar.

Não esqueci a cena de hoje mais cedo, quando ela simplesmente fugiu de mim, e Deus, como isso doeu. Parecia que tinham cravado uma faca no meu peito. Acontece que eu achei que conhecia bem a dor, mas a mera idéia de Sammy me deixar fazia uma cratera se abrir na minha cabeça, e isso me assustava! Assustava muito! Porque eu estava me apoiando nela, estava me entregando, eu assumo isso, não sou um robô, e parecia que só eu estava ardendo de paixão nessa relação.

Samantha era fria a maioria das vezes, e se assemelhava a um livro grosso de mistérios. Eu só queria que ela se abrisse comigo, me contasse a verdade... Pois por mais que seja difícil de encarar, eu sabia lá no fundo que tinha algo errado. Não sou idiota! Mas... Não posso pressiona-la... Ela era uma bomba nuclear que eu tentava desarmar cuidadosamente, mas que quanto mais perto eu chegava, mais o tempo diminuía e se aproximava o momento da catástrofe. Só que o problema das bombas é que, mesmo se não fizermos nada, ela explode.

Eu apenas sei que não consigo viver desse jeito... E, por mais que seja estranho dizer, eu não quero perder meu tempo e minha sanidade com um relacionamento de mão única! Não é bom pra mim.

Parei ao lado da Harvey preta, pegando um dos capacetes e o colocando na cabeça. Prendia a fivela distraidamente, quando reparei em um homem parado ao longe, falando no telefone enquanto andava de um lado pro outro, ele parecia tenso. Não lembro de já tê-lo visto por aqui... Usava calça preta, uma camisa longa na mesma cor, um paletó também preto e um óculos escuros, o que era bem estranho se considerasse que estamos num estacionamento fechado e que o dia estava quente.

Decidi apenas ignorar, já tenho problemas demais para me preocupar. Subi na moto, ligando seu motor e a fazendo roncar. A atenção do homem misterioso foi dada a mim, e seus olhos me analisaram com superioridade.

Sinistro pra caralho...

Arranquei com a moto, passando por ele rapidamente, mas não o suficiente para deixar de notar um crachá com o nome "Augusto" gravado nele.

Deve ser um funcionário novo... Mas eu sinto que esse cara é familiar! Talvez não seja tão novo assim.

Por fim, expulsei todos esses pensamentos ao estacionar a moto em frente ao prédio, onde Sammy me esperava. Ela era tão linda... Mas enigmática... Tanto que me entristecia.

- Você demorou.- constatou, antes de tomar o outro capacete, se encaixando atrás de mim. Certamente ainda estava irritada com a discussão de uns 20 minutos atrás, quando eu insisti em levá-la pois não haveria problema, e ela teimou em negar, alegando querer ir andando, o que não faz sentido já que está calor e o caminho é consideravelmente longo.

Nessa mesma discussão ela disse algo que ficava rondando minha cabeça como um furacão:

- Não custa nada, Samantha, por que está tão relutante?- indaguei, já irritado com aquele atrito por algo tão bobo.

After The Storm [TERMINADA]Where stories live. Discover now