XXXV

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Noah

Era madrugada, e os sons noturnos pareciam mais solitários e monótonos que o normal. Eu me remexia na cama, e a mesma estava tão desconfortável que se assemelhava a um tronco de madeira. Estou tentando dormir a, pelo que parece horas, mas sem sucesso.

Lá no fundo, eu sei bem o motivo dessa inquietação já conhecida por mim, e eu odiava ter me apegado tanto sem perceber! Acontece que eu não consigo mais dormir sem ela nos meus braços, sem Sammy... Parece... Não sei... Errado?

E eu sei que a culpa disso é minha! Minha e da minha impulsividade. Eu sempre estrago tudo, eu sei! Mas eu não queria ter estragado com ela.

Sammy é tão especial e diferente... E o fato de eu saber que ela nunca faria comigo o que eu fiz com ela, me deixa muito mal.

Sim, eu ainda sinto que ela me esconde as coisas! Nada mudou desde que deixei ela na casa de Ana... Apenas que agora, eu me sinto culpado de sentir raiva.

O ambiente estava azulado e escuro, o que apenas alimentava mais meus pensamentos obscuros.

Me levantei, cansado de sentir um enorme caroço na garganta. Preciso de um copo d'água... Caminhei em passos preguiçosos até a cozinha, certo de que não mudaria nada se eu corresse.

É muito ruim ser amaldiçoado por ser racional, acho que eu viveria melhor se não pensasse.

Eu ainda sentia a necessidade ardente que queimava minhas veias de retornar à Arena. Ela servia como um combustível, um gatilho para o êxtase... Achei que nunca mais ia precisar ir até lá, mas quem eu queria enganar? Eu apenas estava adiando o inevitável, sendo o covarde que sempre fui.

Ao chegar a cozinha, por um momento, eu havia me esquecido completamente do que vim fazer aqui. Minha mente viajava, e nada fazia muito sentido...

- Também não consegue dormir?- me assustei, sendo despertado por uma voz baixa. Por um primeiro momento, até cogitei ser um demônio ou algo assim, vindo diretamente do inferno para me levar de volta pro lugar de onde eu saí... Mas era Sammy, sentada no escuro, sendo tão misteriosa e singular quanto poderia.

- Não.- olhei em sua direção, normalizando meus batimentos cardíacos. Minhas mãos passaram a suar, o que era estranho se considerasse o fato de que fazia graus negativos. Já era possível ver as neblinas e névoas, como um trailer para a neve.

- Idem...- Sammy me olhava de forma estranha, parecia querer dizer algo, mas que ao mesmo se agarrava firmemente em sua garganta. Sua feição estava caída, triste, e isso me partia o coração.

Um silêncio desconfortante se instalou no ar, e o frio congelante dava início a uma vontade insceçante de correr para debaixo dos lençóis... Mas eu não fiz isso. Eu queria desvendar o que se passava no fundo daqueles olhos perdidos.

Sammy tremia um pouco, encolhida sob uma camisa regata branca. A falta do sutiã podia ser facilmente percebida por conta do frio, e o short curto de moletom não servia de consolo algum à minha mente. Porém tentei me concentrar apenas em seu rosto, acalmando meus hormônios que enlouqueciam aqui dentro.

Acho que devo manter o mínimo de respeito, diante à nossa situação atual. Nesse momento, eu me amaldiçoava por não ter pensado em comprar roupas de frio. O que tinha dado na minha cabeça? Faltava pouquíssimo pro inverno e eu nem sequer me lembrei desse fato... Nem pra comprar uma roupa eu servia.

- Quer que eu pegue uma calça? Parece estar com frio. Sinto muito por não ter lembrado de comprar roupas quentes!- me pronunciei, quebrando o silêncio.

- Obrigada, mas estou bem.- sorriu timidamente, cobrindo mais o corpo com os braços. Ela estava acuada, receosa, mantendo uma distância segura. Não sei se ela acha que vou tentar agarra-la, ou sei lá, mas queria que ela não se sentisse assim.

After The Storm [TERMINADA]Where stories live. Discover now