XLI

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Samantha

Chega a ser engraçado o fato de que os adolescentes sempre dão um jeito de burlar as regras e passar os adultos para trás. Se eles usassem essa criatividade e disposição para fins mais lucrativos, eu tenho certeza que o mundo seria um lugar muito melhor!

Enfim, de qualquer forma, aqui estou eu, violando as regras de permanecer no acampamento, caminhando por entre a floresta escura, rezando para que Lucas e eu não errássemos o caminho da "festa".

Eram, exatamente, 22:14 da primeira noite aqui, no acampamento, e nós já estamos nos rebelando. Dei risada com o meu próprio pensamento, Deus como eu sou idiota!... O fato era, que eu estou particularmente feliz hoje, pelo que aconteceu mais cedo com o Adam, era quase como se eu finalmente estivesse em paz, com tudo que eu poderia querer ao meu alcance.

A parte de mim que se torturava por achar que eu havia decepcionado meu pai de algum modo, como se eu tivesse falhado com ele, estava oficialmente morta. E eu não conseguia conter o sorriso todas as vezes que meus dedos tocavam no colar perolado em meu pescoço.

- Pra que fizeram essa festa tão longe? Meu Deus, vou chegar lá todo suado.- Lucas reclamou. Ultimamente, essa era a única coisa que ele fazia... Por algum motivo, estava chato e amargurado, e eu tenho que descobrir o porquê.

- Com certeza, é óbvio que os coordenadores não iam nem perceber um monte de adolescentes bêbados dançando ao som de uma música alta e luzes desnecessariamente piscantes.- rebati, com ironia. Me pergunto até agora de onde diabos eles tiraram bebidas alcoólicas, caixa de som e luzes estroboscópicas, uma dúvida que, infelizmente, terei de levar pro túmulo.

- Você tem um ponto! - admitiu, ficando um pouco para trás.

Acho que caminhamos por cerca de mais 15 minutos, até que finalmente pudéssemos enxergar os corpos dançantes a alguns metros. Já dava para ver a bagunça que estava lá, e eu posso jurar ter visto dois ou três casais fazendo sexo no meio do mato... Tenho certeza que vão ficar se coçando por uma semana, isso nos melhores dos casos.

Quase que saltitante, me aproximei de Adam, que estava de costas para mim, resolvendo algo na caixa de som. Cheguei por trás dele e pus as mãos sobre os seus olhos.

- Quem é? - Perguntou, dando risada. Ele sabia bem quem era, e eu sei que ele sabia, mas ainda sim, era divertido lembrar de coisas que fazíamos no passado.

- Três palavras; casa, doce, bruxa. - Dei as dicas, mordendo o lábio com os dentes da frente, numa tentativa de me manter séria.

Nós costumávamos fazer assim: tampamos o olho um do outro e damos três palavras, sobre algum conto de fadas, lendas urbanas, esse tipo de coisa. E, se o outro acertasse de quem estamos falando, ele tem o direito de ganhar uma carta amarela, que lhe concede um desejo. Sei que é uma brincadeira besta, mas nos divertíamos quando crianças, e eu estava me sentindo muito nostálgica hoje.

- Hum, deixa eu pensar... - Trocou o peso dos pés, parado como se estivesse mesmo trabalhando com suas engrenagens para desvendar o incrível mistério.

- Cinco segundos... - O lembrei do tempo, sentindo meus pés começarem a doer por eu estar tanto tempo nas pontas dele. Fazer o que, só assim eu conseguia ter altura o suficiente para tapar os olhos de Adam, esse desgraçado cresceu igual a uma árvore.

- João e Maria..., acertei? - chutou, me fazendo soltar leves sons de comemoração e tirar as mãos de seu rosto.

- Parabéns senhor, aqui está o seu prêmio. - Lhe entreguei uma carta imaginária quando o mesmo se virou para mim, estampando um sorriso bonito nos lábios.

After The Storm [TERMINADA]Where stories live. Discover now