XLIII

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Jack

Abri os olhos devagar, me acostumando com a claridade que passava pelo tecido da barraca.

Hoje nós iríamos embora, no final da tarde. Essa semana havia sido muito estranha e conturbada, um clima pesado entre mim e Samantha.

O fato é que eu não conseguia olhar para ela sem me voltar a cabeça a cena daquele filho da puta beijando e passando as malditas mãos pelo corpo da minha garota.

Eu fiquei possesso, cego de raiva e decepção. Nos primeiros segundos, fiquei apenas parado, os vendo se agarrar, e esperando que não passasse de uma alucinação. Afinal, Samantha, a grande abominadora de traições, não faria isso, certo? Errado.

Pra falar a verdade, eu não sei dizer o que me machucou mais: o fato de ela me trair, ou de ter gostado de fazer isso. Porque, Deus, eu sei muito bem que ela gostou, eu vi que ela gostou...

O segurando pela nuca e apertando as coxas, eu conheço seu corpo, conheço suas reações, eu já lhe causei aquelas sensações! E saber que aquele merda lhe provocou isso, fazia um buraco se abrir no meu coração.

Porra... Qual era o problema dela? O que eu fiz? Ela acordou em uma manhã e, simplesmente, resolveu que eu não servia mais? Que não era mais o suficiente?

Eu sabia! Sabia que tinha alguma coisa errada com aqueles dois. O jeito que eles se relacionam, cheios de toques e risadas íntimas. A forma como eles voltaram de para onde quer que tivessem ido no primeiro dia, molhados, com Sam vestindo a camisa dele, o olhando como se ele fosse a porra de um Deus.

Deveria ter prestado mais atenção nos detalhes... Se tivesse feito, talvez, eu houvesse me privado daquela cena nojenta e humilhante.

Eu desejei, do fundo do meu coração, que fosse tudo coisa da minha cabeça. Depois que ela saiu, no dia da festa, eu fiquei pensando por horas, e percebi que talvez ela estivesse certa e eu estava louco. Cego de ciúmes, ou algo assim.

Então, eu fui atrás dela, querendo pedir desculpas e dizer que eu era um idiota paranoico. Apenas para encontra-la aos beijos com Adam em um canto escuro da floresta.

Eles nem ao menos tentaram esconder... Porque que se foda, não é? Não importa se isso vai ferrar com o coração do "meu namorado", não importa que eu vou jogar tudo que a gente viveu no lixo por uma ilusão. Dane-se ele, vamos apenas nos pegar como se não tivesse mais ninguém nessa roda.

E foi isso que Samantha fez, pisou na gente, na nossa história, no meu amor.

Talvez simplesmente tivesse se cansado de mim e me descartado, o burro foi eu que não percebi antes.

"Não, Noah, você não pode me tocar."

"É tão difícil lidar com você"

A verdade é que ela sempre foi e sempre vai ser uma egoísta, pensando apenas em si mesma.

Eu entendo que ela tenha passado por muita coisa, e eu ainda sinto muito mesmo por isso, mas estou cansado de sempre ter que engolir essas merdas só para não magoar ela, para apoia-la, e ser retribuído com mais merda depois.

Me sentei, a observando deitada ao meu lado, vestindo apenas um short curto de pijama e um top preto. Enrolada parcialmente entre os lençóis, dormindo tranquila, com a respiração leve.

Os cabelos espalhados pelo travesseiro branco, com algumas mechas caídas em seu rosto.

Eu conseguia ver marcas em seu corpo, marcas que eu fiz enquanto transava com ela, com raiva. Descontando tudo nela, mesmo que indiretamente.

After The Storm [TERMINADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora