XXXII

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Samantha


Estava dormindo, quando fui despertada pelo som de uma porta batendo. Abri rapidamente os olhos, me certificando de que Sarah ainda estava aqui.

A mesma dormia tranquilamente, de bruços, o cabelo bagunçado espalhado por seu rosto, e sua respiração leve. Ela parecia tão calma e serena agora.

Me virei, acendendo a tela do celular. 2:30am, isso explica o breu. Eu dormi tanto tempo assim? E Sarah? Nossa, ela deve estar mesmo cansada.

Suspirando preguiçosamente, resolvi levantar, para investigar o som misterioso. Caminhei até a porta do quarto e a abri, saindo para o corredor. Eu estava tensa... Bem mais que o normal. Noah não havia respondido ainda e estar sozinha, ainda mais agora que tenho Sarah, me assustava pra caramba.

Estava tudo apagado, apenas uma luz fraca vinda da cozinha iluminava o ambiente. Continuei seguindo, em passos cautelosos e silenciosos, travando um plano A, B, C, D e todas as letras do alfabeto com a missão de escapar com Sarah de quem quer que seja essa pessoa.

Eu temia que, agora que tudo tinha se acalmado, Felipe resolvesse acertar as contas. Não tenho mais certeza de que ele não sabe onde estou.

Mas todos esses questionamentos pareceram tolos e ridículos quando vi de quem realmente se tratava. Noah... É claro. Por um momento, eu quase pulei em seus braços, morrendo de alívio por ele estar bem, mas me contive.

Não foi muito difícil controlar a afeição quando o cheiro de álcool invadiu meu olfato, e... O que era isso? Perfume barato?...

- Onde você estava?- perguntei irritada.- Eu te liguei mil vezes, e te mandei mensagem! Você morreria se apenas digitasse um "Estou bem"?

- Eu vi suas mensagens... E todas aquelas ligações.- fechou a geladeira, apagando totalmente a única fonte de luz. Estava escuro, mas a lua iluminava o suficiente, deixando ambiente azulado.

- Então por que não me respondeu?

- Eu não quis.- constatou, num tom de naturalidade tão intenso que ferveu o meu sangue. Não acredito no quão tola eu fui! Aqui, preocupada, achando que tinha acontecido alguma coisa ruim, quando na verdade, tudo que o impedia de dar um sinal de vida, era seu ego.

- Ótimo, Noah. Parabéns por ser a pessoa mais imbecil da Terra!- debochei, me afastando.- Acho até que deveria ganhar um prêmio.

- Não deboche de mim, Samantha!- rosnou, se aproximando. Se fosse outro homem ali, falando de forma tão dura e agressiva, eu até sentiria medo. Mas era Noah, ele nunca faria algo assim! E também, no momento, se ele arriscasse levantar um dedo pra mim, era capaz de eu levantar cinco pra ele. Idiota!

- Onde estava?- tornei a perguntar.

- Não te interessa!- insistiu.- E saia da minha frente.

- Não ache que pode mandar em mim!- dei um passo em sua direção, sem vascilar no contato visual. Inspirei forte, estranhando esse odor diferente.- Que cheiro é esse?

- Não importa.- piscou, desviando o olhar para o lado.

- Noah, por que está cheirando a perfume feminino?- recuei um passo, pressionando os lábios. Ele não... Não... Ele não faria isso, certo?

- Não viaja! Tá criando coisas na sua cabeça.- recuou também. Mas ele estava mentindo! Eu sabia que estava... Noah não me olhava nos olhos quando mentia, e era exatamente o que ele estava fazendo agora. Minha mente me amaldiçoou com imagens do que ele tinha aparentemente feito, e minhas pernas traíram meu corpo.

- Eu... E-Eu não acredito que... Noah? Como você... Como você pôde?- não aguentei, estava magoada demais para conter as lágrimas. Parecia que tinham arrancado meu coração do peito. Por que ele fez isso comigo? É claro... Era óbvio que eu não seria o suficiente. Depois de tudo que a gente passou... Ele teve coragem.

After The Storm [TERMINADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora