⛓️Olhos áureos⛓️

4.8K 373 17
                                    

O ano era 1917, Santiago capital Chilena. Uma gripe viral se espalhava por todo canto da cidade, assim como no internato "irmã imaculada" nos limites do país.

ー Ela não me parece nada bem, acho melhor chamarmos o médico. Se ela morrer aqui...

ー Tudo bem, eu falo com ele.

Lavigne ouvia os murmúrios das freiras, enquanto cuidava da irmã gêmea de dezesseis anos ー Lindsay ー que ardia em frebre.

ー Vai ficar tudo bem, querida. Se acalme. ー dizia, enquanto afagava os cabelos castanho amendoado da irmã.

ー Eu não quero morrer assim, Lavigne. ー Lindsay choramingou, antes de ter uma crise de tosse. ー E-eu n-não co-con-sigo res-respi... ー a garota perdeu a voz e sua respiração se intensificou.

ー Respira, irmãzinha! ー Lavigne implorou, enquanto sentava a irmã, que arregalava os olhos à procura de oxigênio. ー Por favor, fica comigo! ー ela pediu com os olhos marejados e aflitos. ー Conta comigo... uno, dos, tres... ー a respiração ia ficando mais calma e tranquila, a expressão de desespero fugia do rosto das irmãs. ー Isso, respira com calma. Isso. Isso, muy bien. Perfecto, estás haciendo cierto.

                 ⛓️🌘⛓️

Lavigne sempre cuidou da irmã, não só por ela ser mais frágil ou mais nova alguns minutos, mas por apresentar problemas de saúde que se agravaram mais com a chegada do surto viral, que atingia metade da população da cidade.

Depois da morte dos pais, as irmãs ficaram à mercê das armadilhas das ruas, porém foram resgatadas por uma ONG da capital e desde então passaram a viver com outras crianças da mesma idade em um internato. Hoje elas são gratas por isso.

Mas há oito dias, Lindsay começou a apresentar ruína em seu estado clínico, a cada dia que passava a garota ia perdendo o paladar, forças, ânimo, seu corpo não respondia aos seus comandos, o brilho de seus olhos haviam desaparecido.

Com medo de transmissão para os demais, Lindsay ficara isolada em um dos quartos, recebendo comida pela fresta da porta. Quando percebeu que a melhora nunca vinha, Lavigne tratou logo de ficar ao lado da irmã.

                   ⛓️🌘⛓️

O dia partia assim como a esperança de melhora de Lindsay. Lavigne sentou-se próximo à janela e concentrou todas as suas forças em uma oração silenciosa ー mesmo não sendo muito religiosa ー sabia que existia uma divindade em algum lugar, predisposta a ajudar quem a procurasse.

Seu desespero fora aplacado pela campainha que ecoou eufórica, até chegar ao cômodo abaixo das escadas onde ela estava.

Lavigne se levantou rapidamente e saiu em disparada para abrir a porta e receber o visitante. Do outro lado abaixo da soleira encontrava-se um homem jovem, esbelto, loiro, olhos áureos, segurando uma maleta.

ー Doutor, que bom que veio! ー a garota sorriu brevemente aliviada, mas seus olhos a traíram quando lágrimas começaram a saltar por eles. ー Ela tá muito mal! Faça alguma coisa, por favor! Eu não posso perdê-la, ela é tudo que eu tenho! ー a garota implorou entre soluços.

ー Pode me levar até ela? ー o homem apático se moveu para dentro.

Lavigne instantaneamente repôs sua postura, enxugou o rosto e guiou o médico para o quarto onde a irmã estava acamada.

ー As coisas pioraram mais por conta das crises de bronquite asmática. ーela o informou.

Eternal Flame ー Embry Call [1]Where stories live. Discover now