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Os meus olhos saíram do Gilberto até a professora, que tinha pronunciado o palavrão em sala de aula. Gelei ao constatar que era Sarah... Parei automaticamente de fazer tudo, inclusivamente de respirar. Encaramo-nos por um momento, até que Sarah quebrou o contato visual e falou “Sou Srta. Andrade, sua nova professora de inglês”. A turma voltou-se para ela.

Oh merda! Merda! Merda! Merda! Eu estava passada. Como assim a minha Sarah era agora a minha professora? Sabe o que isso significa? Que acabou o que não tinha começado. O fato de Sarah ser minha professora, mudava todas as regras.

Nos Estados Unidos, uma professora ser pega com uma aluna menor de idade, significava apenas uma coisa: Cadeia.

Eu estava tão perdida em meus pensamentos, que não escutei quando o sinal tocou, indicando o final da aula. Pensava nos beijos que tinha trocado no banheiro daquele pub. O quanto foi bom, o quanto me deixava com vontade de mais. Em como fiquei abobalhada... Oh meu Deus.

“Você não vem?” perguntou Gil, tocando em meu ombro e me tirando do devaneio.

“Oh sim, vai na frente. Eu vou só guardar o material”.

Gil meneou a cabeça e saiu da sala. Estávamos agora, somente eu e Sarah. Ela parecia pensativa em sua mesa, olhando um livro... Ela não olhava para mim. Não sei se ela tinha percebido que eu ainda estava em sala. Levantei-me e caminhei até ela.

Ela levantou aqueles lindos olhos verdes para mim e voltamos a nos encarar. O seu semblante estava sério. E isso me deixou preocupada. A minha única vontade era beija-lhe naquele momento. Ela estava tão sexy com aquele tubinho branco que ressaltava os seus cabelos loiros.

“Você me disse que ia para Hollis”. Disse ela.

“Não. Disse que estava pensando em me formar em inglês”. Rebati, me lembrando claramente da conversa. “E é verdade!”. Disse, me aproximando mais.

Sarah soltou a caneta e deixou a mão em cima da mesa solta. “Eu te acho incrível, Juliette. Quando te conheci, pensei... “Quem é essa garota”?”. Eu sorri quando ela me disse isso, me aproximei e coloquei minha mão em cima da dela.

“Ainda sou aquela garota. Nada mudou”. Eu falei, acariciando a sua mão.

“Sim, mudou. Sou sua professora”. Ela falou em reprovação.

“Sei que não sou só eu. Você também sente que é certo... Para nós”. Falei, olhando-a nos olhos, os meus olhos estavam suplicantes.

“Não está certo”. Ela disse irredutível e tirou a sua mão debaixo da minha. “Não podemos”.

A decepção ficou claramente exposta em meus olhos. Sarah meneou a cabeça e saiu da sala, me deixando sozinha, como se um pedaço de mim estivesse faltando.

O resto do dia foi uma droga. Eu não consegui me concentrar nas aulas, ainda me esbarrei com Sarah umas três vezes no corredor. Eu sentia aquela energia enlouquecedora quando estávamos juntas. Isso não estava certo! Não estava mesmo. Tínhamos que ficar juntas, era o certo, eu sentia isso, o meu coração sentia isso. Eu sempre tinha tudo o que queria... E eu queria ter ela.

Uma semana se passou... E sabe o que aconteceu? Definitivamente nada! Nada. Era uma tortura. Eu tinha aulas com Sarah, praticamente todos os dias. Era dolorido ficar sentada, enquanto a observava ensinar... Ela ensinava tão bem, e era tão simpática com todos. Comigo também. Mas a diferença é que era apenas durante as aulas, depois, me ignorava completamente. Todas as vezes que a procurava, ela me cortava, dizia que não podia acontecer e que não iria acontecer. E isso me deixava mais arrasada, e ao mesmo tempo gamada nela... Era cedo, mas eu sabia que estava apaixonada. Tinha que admitir isso a mim mesma.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteWhere stories live. Discover now