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Fátima embarcou no Aeroporto Internacional de Recife com angustia. As horas do voo não foram o suficiente para lhe fazer relaxar a nenhum momento. O seu único pensamento era a sua filha! Não tinha feito às malas... A única coisa que carregava era uma nécessaire. Onde estava com a cabeça quando permitiu que Enrique trouxesse Juliette para o Brasil?


Juliette também era a sua filha! Não deveria nunca ter deixado o seu marido ter passado por cima de sua vontade. E agora amargurava por não ter enfrentado o Enrique.

Quando recebeu o telefonema, quase não acreditou no que estava escutando. Na hora, a Sarah estava ao seu lado que quando soube o que estava acontecendo, saiu em desespero de sua casa. Deixando Fátima aos prantos. Se não fosse a Jacira que tivesse comprado a sua passagem, talvez, Fátima estivesse andando como uma louca pelas ruas de Rosewood.

Tinha deixado o Wash na casa de Jacira. Como o Gilberto morava com o Anthony, o quarto estava disponível e Jacira não reclamou por ter que cuidar do Wash por uns dias. Esperava com todo seu fervor que não fosse muitos dias.

Andou apressada pelo aeroporto lotado. Encontrando o Enrique na saída do mesmo. Ele iria se pronunciar, porém, a fúria de Fátima foi maior ao esbofeteá-lo com força. Chamando atenção de algumas pessoas. Que se explodisse! Que olhassem mesmo. Estava nem aí.

A expressão de surpresa de Enrique não lhe comoveu. Ele tinha colocado a mão em sua bochecha afetado pela tapa.

“Isso é culpa sua!”. Esbravejou com lágrimas nos olhos. “Se acontecer alguma coisa com a minha filha, nunca mais irei perdoá-lo. Ouviu-me bem?”.

“Fátima, eu...”. Enrique não completou o que iria falar. Sentia-se incapaz. Sentia-se culpado também. O seu abatimento era visível.

“Leve-me até ela. Eu quero vê-la!”. Ordenou, já escorregando para dentro do táxi mais próximo.

O caminho para o hospital foi longo e para a infelicidade existia trânsito. Fátima rezava em silêncio, pedindo a Deus para que tivesse piedade de sua filha e não a levasse embora. Limpou as lágrimas e cruzou as mãos na frente do seu rosto. Se acontecesse alguma coisa com Juliette, também não iria se perdoar. Jamais.

Depois de quase duas horas que foram angustiantes para Fátima, chegaram ao hospital. Era um hospital público de grande porte.

“Só pode entrar apenas uma pessoa. Minha mãe está com ela... Eu vou ligar para ela vir aqui fora e você entrar”. Enrique comunicou para ela, e em seguida fez a ligação.

Não demorou muito para que Lia saísse pelas portas grandes protegidas por dois vigilantes do hospital. Em cima, tinha um letreiro escrito “emergência”. Fátima abraçou a sua sogra que aparentemente estava arrasada. Ela também sentia culpa por deixar o remédio acessível para Juliette.

Depois de se desculpar, Lia recebeu um olhar carinhoso da nora. “Você não teve culpa de nada, Lia. Se existe algum culpado nessa história, é o seu filho”. Enrique abaixou a cabeça ao escutá-la. “Eu vou ver minha filha”.

Fátima deixou a sua bolsa com Lia e informou ao vigilante que iria render a Lia.

Assim que Fátima entrou no corredor, sentiu-se horrorizada pelo número de pacientes que tinha em marcas, sendo tratados em improviso. Nunca tinha visto uma situação daquele, não fazia parte da sua realidade. O horror aumentou ao constatar que tinha todo tipo de paciente: Baleado, acidentado, amputados...

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora