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Cor de papel ofício. Foi à cor que eu fiquei, totalmente pálida. O sangue parecia que congelou em minhas veias, sentia o suor frio tomando conta do meu corpo, enquanto, encarava os olhos castanhos de Camila. Ela estava furiosa, a sua expressão estava fechada, os seus punhos cerrados, e sua respiração acelerada. Fiquei com medo que em qualquer momento, ela pudesse me bater, pelo tamanho ódio que cintilavam em seus olhos.

Olhei para os lados, quando me certifiquei que não tinha alguém próximo o suficiente para escutar, murmurei; “Do que está falando, Camila?”.

Ela deu um passo à frente e colocou um dedo riste. “Não se faça de inocente, Juliette. Você sabe muito bem do que estou falando ou acha que não percebi que era você de mulher gato ontem? O seu perfume é inigualável. Você e essa professora de quinta podem enganar toda escola, mas a mim não!”. Ela esbravejou.

Eu fiquei sem ação. Não consegui inventar uma desculpa, fiquei parada, olhando para cara da Camila que esperava que eu rebatesse. De repente, senti muito medo. Poderia ser um perigo se ela comentasse isso com alguém. Temi pela Sarah. Então, segurei o braço dela e a puxei mais para o canto, receosa dos outros alunos, que mesmo longe, nos olhavam com certa curiosidade.

“Camila...” mantive a minha voz baixa e humilde “Não é isso o que você está pensando...” ela me interrompeu.

“É exatamente o que eu estou pensando” ela puxou o seu braço, mantendo uma distância de mim “Você me enganou! Deu-me falsas esperanças, enquanto, se esfregava com a professora por trás!” acusou ela, me fuzilando com os olhos, podia sentir a magoa em suas palavras.

“Não!” eu disse meio agoniada por causar mágoa a uma pessoa que foi tão legal comigo, passei a mão nos cabelos no gesto nervoso “Eu não faria isso com você... Lembra-se que sempre deixei claro que era apenas amizade?”. De maneira oculta, tinha que admitir, não tirava razão da Camila, eu deveria ter sido mais clara.

“Não me lembro muito bem disso, principalmente depois de ter me beijado no baile da escola! Mas agora eu sei... Eu sempre tive desconfiança da professora, achava muito estranho a maneira de ela lhe tratar... Mas quem diria? Que a professora que é tão querida e admirada por todos, estava seduzindo a aluna no final das contas... As pessoas vão amar saber disso!” disse Camila com um sorriso malvado.

“Não!” eu quase gritei, voltei a ficar gelada, olhei novamente para os lados “Eu e Sarah, simplesmente aconteceu! Não foi programado nem nada, nos conhecemos bem antes do início do ano letivo...” falei, percebendo a descrença aumentar no rosto da Camila “Por favor... Prometa que não dirá nada a ninguém, se alguém souber disso, a vida de Sarah estará destruída”.

Camila deu um sorriso mais malvado ainda. “Essa é a intenção. Quero ver a professorinha sair algemada daqui”.

“Não, Camila!” estava quase chorando nesse momento, segurei em sua mão e olhei-a nos olhos “Você não pode falar nada a ninguém, eu sei que não sou merecedora em pedir nada, mas, por favor... Não faça isso, você deletando a Sarah não estará apenas destruindo a vida dela, mas a minha também. Eu... Eu a amo e não poderia suportar vê-la sendo presa por minha culpa”. Solucei, sentindo dor com a hipótese.

Camila puxou a sua mão violentamente, seu rosto se contraiu, e eu sabia que ela estava sentindo dor. Os seus olhos se amuaram, e sua postura rebelde se esmoreceu, sua voz saiu fraca dessa vez. “Você... Você a ama?”.

“Sim. Com todo o meu ser” respondi, enxugando as lágrimas, respirei fundo para tentar me controlar “Eu não posso viver sem ela. Por favor, Camila... Pelo o que você sente por mim, não faça nada que possa prejudicar a Sarah. Se não quiser fazer por ela, faça por consideração a mim”.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteWhere stories live. Discover now