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Juliette

Deus! Como adoro essa voz... É uma voz doce de ser ouvida. Deliciosa. Eu poderia passar horas a escutando falar e nunca me cansaria. Mas eu estava irritada com ela, lembra? Pode até pensar que a raiva é por conta de uma discussão boba em sala de aula, mas era por tudo... Era por sua rejeição, pelo seu medo de tentar. Por desistir da gente, sem ao menos nos dar uma oportunidade.

“Sim. É um bom livro”. Apenas concordei, abri o livro e cheirei as páginas. Adoro esse cheiro de livro novo. Uma risada de Sarah me chamou atenção, franzi o cenho em questionamento e ela parou de rir.

“Eu gosto de fazer isso também. De cheirar as páginas dos livros, acho um cheiro muito bom”. Ela comentou, se aproximando de mim. “Fico surpresa que goste desse tipo de livro, geralmente não atrai os adolescentes de sua idade”.

Suspirei, fechando o livro. “Qual é o problema com a minha idade? Antes você aceitou perfeitamente bem, agora age como se eu fosse uma criança e qualquer passo meu, é uma oportunidade para esfregar na minha cara que sou mais jovem que você. Saiba que posso ter pouca idade, mas não sou imatura e não me generalize com os outros, não sou igual, sou uma exceção á massa”. Discursei irritada, podia ter certeza que estava com um enorme bico nos lábios.

“Eu sei. Você tem razão”. Sarah concordou simplesmente.

“Tenho?”. Perguntei, surpresa por ela concordar. Achei que iria me recriminar ou alguma coisa do tipo.

“Sim. Você não é nenhuma...” ela deu uma pausa e olhou para o meu corpo, me fazendo corar e abaixar os olhos timidamente pelo olhar de desejo que ela direcionou á mim. “... Criança. Não mesmo”. Completou ela.

Eu estava com um vestido de renda branco curto e como sempre botas biker. Eu tinha uma variedade de botas. Era minha paixão, sem contar que era totalmente confortável. Os meus cabelos estavam soltos, e usava um batom clarinho. O tempo hoje estava fresco, então, permitia usar esse tipo de roupa.

Sarah como sempre, usava um tubinho. Devia ser a sua roupa favorita para trabalha. Ela tinha tubinhos de várias cores. O que mais gostava, era que marcava as curvas deliciosas do seu corpo. Ela usava saltos, o que a deixava mais alta que eu.

“Café de Juliette”. Chamaram na recepção.

Suspirei com o chamado do meu café, olhei pra Sarah e meneei a cabeça, quando ia saindo, escutei sua voz. “Você está bem?”.

Parei e voltei a olhá-la. Eu tinha vontade de dizer tantas coisas, mas me limitei. “Você se importa?”. Era explícita a minha mágoa.

“Não sei se me sinto pior por ter que ficar longe de você, ou por ser uma covarde”. Ela disse de repente, admitindo a sua covardia em relação a nós.

Eu apertei meus lábios, o meu coração dando uma leve acelerada pelas suas palavras. Aproximei-me dela, ficando de frente para ela. “Não, não estou muito bem”.

“Eu sinto muito”. Ela disse, me olhando.

“Por eu não estar bem ou por ser uma covarde?” perguntei.

“Os dois”. Ela respondeu com sinceridade, os seus olhos estavam suaves, e ela me olhava com carinho.

Eu balancei a cabeça em positivo. “Obrigada”. Longos segundos em silêncio para continuar a falar. “Eu nunca faria algo para te trazer problemas”.

Ela forçou um ar de sorriso, mas não me disse nada. Fiquei na ponta do pé e depositei um beijo em sua bochecha, com a vontade reprimida gritando para que fosse na boca, mas não o fiz. Não podia força-la a ficar comigo, coisa que claramente, ela fazia questão de mostrar que não queria. “Adeus, Sarah”.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteWhere stories live. Discover now