05

2.9K 285 157
                                    


Finalmente o sábado tinha chegado! A semana terminou não muito complicada com a anterior, eu e Sarah continuávamos estranhas, porém, a diferença era que não estava mais aquele clima terrível. As coisas pareciam que estavam suavizando. Ao menos, eu achava isso. Não tínhamos nos encontrando mais, porém, ficava aquele clima tenso e bastante excitante em sala de aula. Confesso que muitas vezes, pensei em ir ao seu apartamento, mas desisto de ultima hora.

Hoje era o dia da festa da Vitória... O Gilberto já tinha me mandando inúmeras mensagens com medo de que eu desistisse. Mas claro que não, eu iria.

Fátima me chamou para ir ao cinema depois do almoço. Aceitei prontamente, estava passando “It Happened One Night”, e como adoro esse filme, não tinha como negar. Eu era louca por filmes antigos, e todos os sábados, o cinema de Rosewood dedicava aos clássicos.

Hoje o clima estava um pouco frio, então, usava um vestido com botas, e uma jaqueta. Esperava a minha mãe na frente do cinema, ela tinha ido na farmácia.

“Juliette”. Era Sarah, ela parecia extremamente feliz ao me ver fora do ambiente escolar... E eu arregalei os olhos, em pânico por Fátima estar há poucos metros de nós.

Mesmo assim, sorri... Ia chama-la pelo nome, porém, Fátima surgiu do meu lado, como um fantasma. “Srta. Andrade! Oi! Essa é minha mãe, Fátima”.

“Srta. Andrade? A professora de inglês da Juliette?” Ela perguntou, sorrindo, estendendo a mão para Sarah.

“Sim. É um prazer conhecê-la, Sra. Freire”. Sarah apertou a mão dela, demonstrava naturalidade, mas eu via como estava tensa, seus ombros ficaram tensos.

Ela usava uma calça de moletom, blusinha de lycra e casaco de moletom, com tênis. Totalmente diferente das roupas que usava na escola, mas estava linda, de qualquer maneira.

“Por favor, me chame de Fátima. Somos uma família bem informal”. Eu senti vontade de rir, olhei para Sarah e abaixei a cabeça, mexendo em meu cabelo, ela sabia muito bem como eu, ao menos, era informal. Fátima continuou. “Vai assistir ao filme?”.

“Ah, sim, vou”. Ela respondeu, sem saber qual era o filme, então, olhou no letreiro. “É um dos meus preferidos”.

“Da Juliette também. Ela falou muito sobre você”. Minha mãe, inconveniente sempre. Senti minhas bochechas queimarem, principalmente com o olhar de Sarah. Minha mãe continuou, dessa vez olhando para mim. “Apesar de você ter esquecido de mencionar a parte “muito jovem”.

Eu quis morrer nesse momento, eu e Sarah começamos a falar ao mesmo tempo, mas minha voz teve mais força. “Devíamos ir. O filme está começando”. Segurei o braço da minha mãe, praticamente a empurrando pra dentro do cinema. “Nos vermos lá dentro”.

Eu queria matar Fátima. Ainda vi a Sarah balançar a cabeça em negativa. Eu estava morta de vergonha. Achando pouco, Fátima ainda completou para mim. “E esqueceu de mencionar também “muito linda”.

Eu bufei. Mas sorri internamente por minha mãe ter simpatizado com a Sarah. Compramos os ingressos e a pipoca e entramos. Como era de esperar, não tinha ninguém na sala. As pessoas não gostavam do que era bom.

Sentamos. E não demorou muito para o filme começar. Eu acho que Sarah não iria vir, que foi apenas uma desculpa. Mas... Ela apareceu na sala, e para minha maior surpresa foi escutar a voz da minha mãe. “Srta. Andrade. Por que não senta conosco?”.

Meu Deus, não! Cinema com Sarah sem poder tocá-la era tortura demais para mim. Olhei pra minha mãe e depois olhei para Sarah, como se dissesse não. Ela estava deslocada, gaguejou um pouco até dizer. “Tudo bem”.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora