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Juliette

Depois de removeram os absorventes internos e limparem o sangue seco do meu rosto fizeram uma radiografia craniofacial para saber a proporção da fratura do meu nariz. Não precisava ser nenhum gênio para saber que o meu nariz foi quebrado, o médico constatou com o exame clínico, porém, precisava saber onde e a intensidade. Ainda doía muito, mas a dor era suportável. Como foi um raio x de urgência, rapidamente peguei o mesmo e fui para a sala do médico, porém, ele estava vendo um paciente da internação que aparentemente tinha passado mal. Então, ficamos esperando em sua sala.

O meu nariz ainda latejava consideradamente e doía, mas eu não era o tipo de pessoa que ficava reclamando constantemente. Eu era dramática em muitos sentidos de minha vida, menos quando se tratava de dor.

“Como está se sentindo filha?”. Perguntou-me Fátima. Eu sabia que ela não iria ficar calada por muito tempo.

“Cansada, com dor e quero ir para casa dormir”. Respondi, olhando a parede branca á minha frente.

“Eu nunca pensei em toda minha vida que veria duas mulheres brigando pelo amor de minha filha. E também nunca pensei que uma delas quebrariam o seu nariz. Por que diabos ficou na frente da Sarah!?”. Explodiu Fátima, olhando-me.

“Bianca faz defesa pessoal. A Sarah iria se dar muito mal!”.

“Ao contrário de Sarah, quem se deu mal foi você”. Ironizou a Fátima.

Revirei os olhos. “A propósito. O que Sarah estava fazendo em nossa casa? E o Enrique?”. Questionei curiosa.

Fátima respirou fundo. “O Enrique foi com o Wash assistir uma partida de vôlei em Summer City. A Sarah me ligou perguntando por você, eu estranhei, estava cabreira por você ter ido dormir na casa do Gilberto, achei mais estranho ainda por ter a Bianca me ligado para informar. Juntei as peças e percebi que tinha uma coisa muito errada acontecendo. Eu a escutei chorando na noite anterior em seu quarto, sabia? Então, como o seu pai tinha saído, pedi para a Sarah ir lá em casa. E ela me contou que foi injusta contigo e tinha terminado e claro, que estava muito arrependida. Não deu para conversar muito, escutamos um carro parar e quando olhamos, era você e a Bianca. A Sarah ficou transtornada e o resto você sabe”. Contou ela. “Mas que história era aquela que Bianca falou sobre mãos e boca? Você transou com ela!?”. A cara da Fátima era péssima quando ela fez a pergunta. Dava para ver muito bem que ela não estava contente com isso.

Fiquei vermelha com a pergunta direta. “Mãe eu...”. Comecei a falar, mas o seu olhar reprovador já me dizia que ela já sabia da resposta.

“Pelo amor de Deus! Não é porque você é homossexual que significa que pode sair fazendo sexo por aí com todas”. Repreendeu ela, me deixando revoltada.

“Eu não saio por aí fazendo sexo com todas. Só fiz apenas com a Sarah... E com a Bianca nem aconteceu direito, mas nem me lembro, então...”. Calei quando o queixo de Fátima quase parou no peito.

“Como assim não se lembra?”. Ela quase gritou, mas controlou a voz.

Cada vez que eu abria a boca me enrolava mais. Achava que Fátima iria pular em cima de mim a qualquer momento e terminar de quebrar o resto do meu nariz. “Mãe... Eu... Desculpe-me, prometo que não irá mais acontecer, esse lance de ficar e não lembrar”. Gesticulei e fiz uma careta, eu não queria aprofundar no assunto.

Fátima respirou fundo. “Eu espero que não aconteça mesmo, Juliette. Você não pode se desvalorizar dessa maneira. Eu sei que os tempos mudaram, mas não quero você nessa vibe”.

“Não se preocupe. Você tem a minha palavra. E outra, eu só quero a Sarah. A Bianca foi uma eventualidade da vida”. Cruzei os meus dedos em promessa e dei um beijinho rápido.
 
“Acho bom mesmo porque da próxima vez.. ”. Resmungou Fátima.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora