Capítulo 2

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– Bells, está levando seu spray de pimenta?

Eu já tinha descido metade da escada quando ele dissera isso. Logo retornei para o quarto para apanhar o mesmo, que havia deixado embaixo da cama, colocando na mochila.

– Desculpa, eu tinha esquecido – expliquei a ele quando entrei na cozinha.

– Filha, senta aqui – ele indicou a mesa.

Charlie nunca me convocava para uma conversa séria. Será que ele havia notado alguma coisa estranha? Será que ele havia me visto com Edward em algum lugar?

– Eu... Fiz alguma coisa errada? – perguntei confusa.

– Não, não, apenas... – ele se recostou na cadeira, suspirando profundamente. Parecia preocupado, um tanto nervoso. – Eu quero que evite sair por aí. Sei que é meio chato pedir isso, já que você está começando a sair com seus amigos, mas as coisas estão... Bem...

– Pai, qual é o problema?

– As pessoas que pensávamos terem sido atacadas por animais – ele engoliu a seco, me encarando. – Não foram atacadas por animais.

– O que? – me arrepiei imediatamente. Para que a polícia estivesse pensando dessa forma... Os Cullen estariam em risco? – Como assim?

– Estou contando isso a você agora porque quero que tenha muito cuidado e ande com esse spray o tempo todo. Estamos tentando encontrar a forma certa de dizer isso as pessoas, mas ainda não temos evidências o suficiente – bufou. – E fazer um alarde desses sem o necessário para provar o que estamos dizendo é um tiro no escuro, ameaça a credibilidade.

– Evidências do que?

– Todas aquelas pessoas... Foram atacadas por outras pessoas. Agentes federais estão nos ajudando a encontrar provas o suficiente para montar esses casos, para encontrar os verdadeiros responsáveis. Digitais e DNA de três pessoas foram encontradas nas vítimas.

– Três? – franzi o cenho. Teoricamente isso excluía os Cullen, o que era bom.

– Sim. Um grupo de assassinos em série, o que é uma coisa inteiramente nova – ele cruzou os braços. – Serial killers agem sozinhos e de forma meticulosa para evitar serem pegos, mas esse grupo, se é que se trata de um grupo, realmente, é desleixado. Os federais estão tentando encontrá-los há algum tempo, já deixaram rastros em outros estados. Eu não estou falando isso para te deixar paranoica, eu apenas quero que continue sendo cuidadosa e não fique andando por aí sem necessidade.

– Sem problema – assenti. Não tinha nenhum lugar especial para ir, de qualquer forma. Tudo o que eu queria era uma desculpa para não sair com Edward, e agora eu tinha uma legítima.

– Não conte aos seus amigos, está bem? – ele se levantou. – Quando tivermos tudo o que precisarmos, nós mesmos falaremos. Apenas...

– Eu terei cuidado, pai.

Ou ao menos tentaria ter.

Ele mal havia saído quando ouvi o carro de Edward se aproximando da entrada. Justo no dia em que eu queria ir dirigindo para a escola.

Mas talvez fosse melhor ficar na companhia de um diabo conhecido. Em algum momento eu teria que contar a Charlie sobre Edward, sim, mas talvez não fosse para dizer que ele era meu namorado.

– Oi – ele sorriu quando eu entrei no carro. – Está tudo bem? – franziu o cenho.

– Sim, claro.

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