Capítulo 42

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– Oi, Alice. Sei que já faz um tempo desde que a gente se falou pela última vez. Eu tava... Pensando em algumas coisas. Estava pensando no meu casamento. Dean e eu nos entendemos e... É. Ainda vai rolar. Vamos fazer a cerimônia em uma igreja pequena, com um padre amigo do Bobby, no fim do mês. Nada muito elaborado, já que não podemos nos casar legalmente, será apenas um momento pra sermos abençoados, mesmo. Sei que queria fazer uma festa grande, mas a gente... Bem, queríamos algo mais íntimo, só entre amigos. Queria que estivesse lá conosco. Você e todo mundo são mais do que bem vindos se quiserem aparecer. Espero que você e Jasper estejam bem. Manda lembranças minhas aos demais. É isso. Tchau.

Encarei o celular em minhas mãos depois de ter deixado aquela mensagem no correio de voz dela. Eram três horas da madrugada, eu estava sentada na mesa da varanda de casa pela primeira vez em duas semanas.

Um mês desde que havia voltado dos mortos e eu ainda não me sentia... Normal. Meu sono não era mais o mesmo. Dificilmente eu encontrava descanso e quando sonhava, só me lembrava de toda a tortura no abatedouro. Dean também tinha muitos pesadelos, e eu o abraçava firmemente até que ele se acalmasse e voltasse a dormir.

Mas naquela madrugada, as vozes começaram. No início, pensei que fosse outro pesadelo, mas então, mesmo depois de acordada, continuava ouvindo. Uma, duas, as vezes cinco vozes ao mesmo tempo. Eu não conseguia entender o que falavam, pois elas atropelavam-se antes de cessarem. Soavam... Desesperadas.

– Amor?

A voz de Dean me trouxe de volta à realidade.

– O que está fazendo aqui fora? – perguntou enquanto se aproximava pelas minhas costas, entrelaçando seus braços em meu pescoço, beijando minha cabeça.

– Não conseguia dormir. Liguei pra Alice, pra avisar sobre a cerimônia.

– Hm.

– E você, o que faz acordado?

– Acabaram de me ligar. Parece que o papai tem um depósito em Black Rock, em Nova Iorque, e alguém invadiu pra roubar.

– É?

– É, a gente precisa ir lá, ver o que rolou, se roubaram algo.

– Tá bem. Vou com vocês.

– Tem certeza?

– Sim. Vamos fazer as malas.

E lá estávamos nós três na estrada de novo. Desde o incidente com os demônios, Dean fez de tudo para que eu ficassem em casa, com medo de que algo acontecesse comigo, mas o que mais poderia acontecer? O que de pior além de morrer?

Os contrariando, fui dirigindo. Disse a eles que dormissem um pouco mais até chegarmos em Nova Iorque, e sem sono como eu estava, eu tinha que fazer algo. Revezei com Dean depois, mas não fizemos paradas. Levou mais de metade de um dia para chegarmos no bairro Black Rock, mas lá estávamos nós, no depósito de John.

John Winchester e seus segredos...

O depósito tinha armadilhas preparadas para invasores, e fossem quem fossem, ao menos um deles havia tomado um belo tiro, pois havia um rastro de sangue. Uma caixa havia sido roubada.

Sam falou com Bobby, perguntando o que ele sabia sobre o depósito e as caixas, e, para a nossa surpresa, se tratavam de caixas de pragas, que ele mesmo havia feito para o falecido. Aparentemente, aquele era um depósito de lixo tóxico onde John guardava, entre alguns itens pessoais da família, coisas sinistras que não deveriam estar soltas no mundo.

Sinceramente, ele deveria ter escondido aquilo tudo num bunker.

Falando com a segurança do depósito e verificando as câmeras, Sam consegui descobrir qual era a placa do carro dos dois homens que haviam entrado e nós fomos atrás deles.

WaywardWhere stories live. Discover now