Capítulo 41

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– Meus parabéns, Isabella. Você conseguiu. Você superou tentações e martírios e não cedeu aos demônios. Você se tornou uma mártir da causa dos céus.

Um salão de mármore branco, repleto de luz, mesmo que não houvessem janelas ou portas ali. Eu estava dentro do que parecia ser uma grande piscina e tinha companhia.

Reconheci o arcanjo Gabriel bem à minha frente, com um largo sorriso. Outros anjos o acompanhavam, e dentre eles, um chamou a minha atenção, mas eu não sabia o motivo disso. Todos trajavam armaduras douradas, e suas belas asas estavam à mostra.

Gabriel se aproximou de mim, me segurando com um braço, me induzindo a deitar e imergir nas águas, e assim eu o fiz, sendo envolvida por uma energia que eu não sabia explicar. Uma energia que me fazia sentir revigorada, que me encheu de esperança.

– Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados, e bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.

Eu estava morta? O que estava acontecendo comigo? Um batismo?

O arcanjo me pôs de pé.

– O Senhor está contente com a sua devoção. Preciso confessar que temia que você não fosse capaz, mas estou feliz por estar errado. Eu tinha grandes esperanças quando você nasceu e estou orgulhoso de ser seu patrono, mas, ouça: seu trabalho ainda não terminou. A última parte será a mais difícil. Haverá testes, de humanidade, de obediência. Se mantenha firme como tem se mantido até agora e manterá sua santidade, você precisará dela. Santa Isabella, cumpra os desígnios do Senhor para permanecer nas graças Dele.

Gabriel tocou meu terceiro olho... E então eu sabia.

Sabia o que tinha que fazer, e sabia como fazer.

Meu corpo, antes em pedaços, estava inteiro novamente. Meus ferimentos estavam curados, minha alma e meu corpo eram um só, como antes. Quando abri meus olhos, percebi que ainda estava amarrada à mesa. Dessa vez, eram os gritos de Dean que preenchiam o silêncio daquela sala infernalmente quente.

Me soltei das cordas com um mero puxão, chamando a atenção dos demônios para mim. De um por um, todos vieram me atacar, e bastou que eu tocasse suas cabeças para que os matasse, preservando a vida dos humanos possuídos.

Que o Senhor os perdoe e os abrigue em Sua luz.

Três demônios a menos no mundo. O cheiro deles ainda estava fresco, mas eu não sentia a presença de mais nenhum entre nós, então voltei para Dean, tirando-o do gancho onde estava preso, quebrando suas correntes.

– Bella? É você que tá aí?

– Sim.

Ouvi sinos estranhos em minha voz. Franzi o cenho, não me reconhecendo por um momento, mas havia outras coisas com as quais me importar naquele momento.

Segurei seu rosto, curando suas feridas, no que ele imediatamente se sentiu melhor. Me abraçou firmemente, e eu podia sentir que estava mais tranquilo.

– Eu pensei... Pensei que tivesse te perdido – afagou meu rosto.

– Eu acho que perdeu.

– O que quer dizer?

– É difícil explicar. Talvez em outro momento. Precisamos tirar essas pessoas daqui.

– Estão vivos? – perguntou surpreso.

– Sim.

– E você matou os demônios neles?

– Sim.

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