Capítulo 13

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Engoli a seco, os braços erguidos na altura dos ombros. Dean estava atrás de mim, ajustando a posição dos meus braços para que eu mirasse melhor.

– Quero que acerte a terceira lata à esquerda – ele apontou.

Aquela seria minha sétima tentativa de acertar aquela lata aquele dia. Semanas depois de termos nos enfiado na casa de Bobby, meus dias se alternavam entre estudar a teoria e praticar tiro e luta com facão.

Sam estava me ajudando bastante com defesa pessoal por saber que eu era bem menor que eles, e ele, sendo o mais alto, sabia que seria um baita desafio pra mim. Se eu conseguisse escapar dele e desarmá-lo, poderia fazer com qualquer um.

Dean, no entanto, se interessava mais em me ajudar a atirar. Meus braços ainda não estavam acostumados com o recuo da Glock, e ele não me dava descanso no treino. Um tiro após o outro e ele enfileirava as latas todas novamente para eu continuar atirando.

Quando apertei o gatilho daquela vez, minhas costas se chocaram contra o peito dele brevemente, mas eu não me senti tão desequilibrada com o recuo. Acertei a lata no ''X'' que Dean havia marcado de vermelho como alvo.

– Viu, só? – ele me deu dois tapinhas no ombro, se afastando um pouco. – Um belo tiro, Bella. Tá ficando cada vez melhor.

– O problema são os meus braços – suspirei. – Preciso me exercitar mais, acho.

– É, bem, músculos demoram a crescer – ele fez uma careta.

– Talvez os meus nem cresçam – suspirei. – Meu metabolismo é uma porcaria.

– Vamos ver – ele sorriu e então apontou. – Segunda lata à direita.

Ergui meus braços de volta à posição de antes e atirei sem pensar. O tiro acertou a lateral da lata, a derrubando. Travei a arma, esticando meus dedos por um momento, os sentindo doloridos. Aquelas semanas foram cansativas e eu tinha certeza de que seriam ainda mais quando eu começasse a caçar com eles.

Trabalho braçal na casa não me incomodava, nem todo o treinamento. O que me incomodava eram os pesadelos eventuais depois de longos e exaustivos dias. Alice não entrava em contato havia mais de um mês, e a falta de notícias sobre os passos de Laurent e Victoria me deixava cada vez mais ansiosa.

O que estavam esperando para vir atrás de mim? Será que sabiam que eu estava acompanhada de caçadores? Planejavam alguma emboscada? Depois de estudar demônios, Bobby fez questão de que eu estudasse sobre vampiros, mas, no fim, eu sabia de coisas que não se encontravam em seus livros e adicionei aqueles pequenos detalhes ao diário que estava escrevendo.

Aparentemente, vampiros com habilidades paranormais não eram nada comuns. Alice, Edward e Jasper eram bem especiais, ao que constava. A meu ver, Carlisle também deveria ser considerado como um vampiro especial. Ele era a prova viva – ou morta – de que vampiros eram perfeitamente capazes de ter autocontrole. Centenas de anos como médico e ele não se afetava mais com o cheiro de sangue humano.

– Espingarda – Dean me entregou a mesma e eu suspirei. – O que foi? – me fitou.

– Podemos dar uma pausa?

– Claro – ele assentiu. – Que foi?

– Só estava pensando... – me escorei à uma das carcaças de carros do ferro-velho. – Se realmente vou estar pronta pra matar vampiros se Victoria me alcançar antes de Alice prever. Vocês estão me ensinando muita coisa e eu agradeço mesmo, mas...

– Tá com medo de não saber lidar com uma presa viva por não ter treinado com uma antes? – completou e eu assenti.

Dean se escorou à carcaça ao meu lado, cruzando os braços.

WaywardWhere stories live. Discover now