Capítulo 30

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– Olha, eu sei que você tá com raiva, mas...

– Com raiva?! Raiva não é nem perto do que eu tô sentindo, Dean!

Eu queria intervir, mas não tinha certeza se era uma boa ideia, já que eu entendia muito bem a reação dele. Estávamos a caminho da casa do Bobby, eu estava dirigindo, depois de muita insistência para que Dean ao menos tirasse um cochilo no banco de trás, mas meu plano foi por água abaixo quando os dois começaram a discutir.

– Se serve de consolo, eu ia no lugar dele, mas o Jasper me fez dormir e ele se aproveitou disso – confessei.

– Você também?! – Sam me encarou indignado. – Qual é o lance de vocês em se sacrificarem por mim?!

– Eu não poderia deixar ele sem você – o fitei por um momento. – E eu não ia. Mas agora a coisa tá feita – deu de ombros. – E já que não pude impedir, vou ter que remediar. Temos um ano pra descobrir uma forma de impedir ele de ir pro inferno.

– Não, não vão, não – Dean resmungou.

– É? E por que não? – Sam se virou pra ele.

– Porque aquela diaba foi bem clara: se tentarmos passar a perna dela, se tentarmos desfazer o trato, você cai morto, entendeu?!

Freei o Impala no mesmo momento, me virando pra ele.

– Como é que é?

Dean, deitado no banco de trás, cobriu o rosto, respirando fundo antes de nos olhar de volta.

– Não tem como desfazer o trato sem que isso resulte no Sam morrendo! Vocês dois cabeças ocas entenderam agora?! Não tem o que fazer!

– Se tivesse me deixado fazer, não teríamos que encontrar um meio mirabolante pra tirar você disso – resmunguei para Dean.

– Se você tivesse feito, nós é que teríamos que descobrir um jeito de te tirar disso!

– Chega, vocês dois! – Sam nos interrompeu. – Eu tava morto, Dean! Era pra ter me deixado morto! E você, nada de bancar a suicida também! – ele brigou comigo. – A gente vai procurar um jeito até o último minuto, você querendo ou não! – disse ao irmão, e então se virou para frente.

Continuei a viagem depois daquela última discussão. Quando chegamos na casa do Bobby, logo passei um café fresco para todos nós, que não havíamos dormido desde que aquele caos todo começou. Bobby havia nos atualizado sobre sinais da presença de demônios que ele havia notado no país, o que nos deixou preocupados.

Então, a chegada de alguém inesperado.

Quando ouvimos uma aproximação na porta dos fundos, todos sacamos nossas armas, prontos para atirar em qualquer um que passasse.

Mas os três ficaram mais do que felizes quando uma mulher passou pela porta.

– Ellen! – Dean se aproximou dela, a abraçando.

A lendária Ellen Harvelle, de quem eu só ouvia falar e nunca tive a chance de conhecer. Os três pareciam tão aliviados em vê-la que eu apenas fiquei na minha, observando a comoção. Então, quando os ânimos se acalmaram um pouco, ela se virou para mim, confusa.

– Ah, Ellen, essa é a Bella, minha namorada – Dean me apresentou.

E eu mordi o lábio para evitar sorrir. Meses juntos e nós nunca nos referimos um ao outro como namorados, eu nunca nem cogitei usar um rótulo para nós porque nem sabia se ficaríamos juntos aquele tempo inteiro.

Me levantei para cumprimentá-la.

– Bella Swan.

– Ellen Harvelle – apertou minha mão firmemente.

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