Capítulo 19

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Fazia um bom tempo que eu não ouvia um sermão como aquele.

Nós quatro estávamos na cozinha, depois de eu conversar com Dean primeiro, e Bobby não poupou os ouvidos de ninguém.

– Vocês precisam colocar as cabeças ocas de vocês no lugar! Dean, você não pode tentar matar alguém com base numa suspeita! E Bella, você não pode sumir do nada sem avisar a gente! Você tá ótimo, Sam, continue assim – disse ao mais novo. – Nós pensamos que algo tinha acontecido e não conseguíamos te achar em canto nenhum! Pelo amor de Deus, vocês vão me enlouquecer! – ele nos deu as costas para pegar uma cerveja na geladeira.

– Desculpa, Bobby – fiz uma careta sem graça. – Eu ia ligar, mas Alice achou melhor deixar vocês sozinhos por um tempo.

– Ah, isso também! – se virou para mim. – Por acaso a vampirinha acha que nós somos adivinhos? Com dois à solta querendo a sua cabeça, se você sumir, a gente só pode deduzir que você morreu, garota! Quer me matar do coração?

– Desculpa – disse mais seriamente. – Não vou fazer de novo, juro.

– Eu acho bom mesmo. Eu não tenho mais idade pra cuidar de três bebezões. Comam alguma coisa e vão pra cama! – saiu da cozinha resmungando. – Amanhã começamos cedo, Isabella!

– Sim, senhor! – respondi obediente.

Nós três nos entreolhamos em silêncio por um tempo, segurando nossa vontade de rir ao máximo até percebemos que Bobby já havia entrado em seu quarto. Rimos baixinho um da cara do outro. O clima finalmente estava melhorando.

No dia seguinte, estávamos de volta à rotina de antes. Acordamos cedo, Sam e eu, e fizemos o café da manhã para todo mundo. Torradas, ovos e bacon, café preto forte com um pingo de leite e açúcar.

Muita coisa havia acontecido durante a semana em que me ausentei. Sam me contou tudo, para a minha surpresa. Um caçador com quem tinham rixa, Gordon Walker, havia aparecido para caçá-lo, se aproveitando do fato de que ele e Dean estavam separados. Sam quis investigar sozinho as outras pessoas ligadas ao demônio de olhos amarelos, outras pessoas cujas mães haviam morrido em incêndios na noite em que completavam seis meses de vida.

Foi por pouco que os dois quase morreram, o que, segundo Sam, rendeu uma boa puxada de orelha da parte de Bobby e é claro que eu não ia deixar os dois ilesos, mas me concentrei ainda no estudo de demônios e na leitura do diário de John.

Os dias foram se passando, e vez ou outra algo interessante pintava no radar deles, mas nada que valesse a pena investigar.

Até um mês depois, algo acontecendo em Milwaukee chamou a atenção deles. Casos de pessoas que apresentavam comportamentos completamente estranhos e não condizentes com suas personalidades e acabavam se matando depois. Eles decidiram que era um caso que deveriam pegar e dessa vez, para o alívio geral, eu disse que não participaria até me sentir realmente pronta.

– Nada de aprontar enquanto estivermos fora – Dean me disse enquanto colocava suas coisas no porta-malas do Impala. – Nada de sumir sem avisar o Bobby, também.

– Relaxa, eu não pretendo ir pra lugar algum. Vou continuar estudando, juro.

– É bom mesmo – ele sorriu.

Meu coração quase parou quando ele se aproximou e beijou minha bochecha. Pestanejei nervosa, sentindo meu rosto aquecer.

– Comportada, viu? – sussurrou em meu ouvido e eu apenas assenti, sabendo que gaguejaria se tentasse falar.

Ouvi Sam pigarrear perto de nós, chamando a nossa atenção, e Dean se afastou, dando uma piscadinha pra mim antes de entrar no carro.

Nunca senti minhas pernas virando geleia tão rápido quanto naquele momento, mas respirei fundo para encontrar uma forma de andar de volta para casa.

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