Capítulo 18

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Laura Pov

Todo o caminho até o porto foi calmo, eu dormi praticamente a viagem inteira e eu nem tava com tanto sono, mas a senhora Silva disse, que seria melhor do que ficar passando raiva por três horas, em um ônibus!

Eu ainda estou chateada com o meu pai, ele foi tão... Não tenho nem palavras para definir aquela atitude desprezível dele, ele nunca agiu assim comigo, sempre quando brigavamos, a gente dava um tempo para acalmar os nervos e depois íamos tomar sorvete e conversar um pouco.

Mas dessa vez não teve sorvete, nem conversa, só teve uma bofetada na minha cara. Sabe, o pior nem é fato de ter doído e sim a forma que me sentir depois, sei lá me sentir tão péssima, como se tivesse cometido um pecado mortal, para merecer tal coisa.

Será que eu realmente merecia aquilo?

Não, eu não merecia aquilo! Uma coisa é fazer o que nem a mamãe fazia, que era dar um tapa na coxa, isso era raro de acontecer, mas já rolou algumas vezes. Ela só estava me disciplinando, mas ontem o meu pai foi tão cruel, ele nem quis me ouvir, tá que aumentei o tom de voz, porém não foi nada que merecesse aquela reação abominável...

...

Já no cais do porto, saímos do ônibus e pegamos nossas bagagens, para chegarmos na Ilha de São Miguel, teremos que pegar uma barca que nos levará até lá. O panfleto diz que ficaremos na Vila Franca do Campo, vamos ficar em uma área que só tem o hotel que passaremos a semana e do outro lado do enorme lago tem um casarão histórico de uma família ai, que tem posse da propriedade. 

De acordo com o mesmo panfleto o lago é muito fundo e não é indicável nadar, a menos que você seja profissional, pois por ser muito fundo tem risco de afogamento. Tanto lugar no mundo e me mandam pra um lugar onde tem risco de me afogar, considerando meu histórico com esse tipo de acidente me admira meu pai ter me mandado nessa viagem. Se bem, que ele nem deve ter lido o panfleto, nem me surpreendo mais...

Peguei minha mala e coloquei meu chapéu de sol, está um calor torturante hoje. Logo após pegar todas as minhas coisas, me junto a senhora Silva, durante essa viagem eu não vou sair do lado dela. 

Mesmo que Gisela não tenha notado a minha existência até agora, nunca se sabe né. Contra gosto vou em direção a entrada da barca, porém paro antes de sequer pisar no barco...

Comecei a ter flashes de memória do dia da morte da minha mãe, ela morreu afogada depois de ter caído de um barco um pouco menor que esse e foi tudo minha culpa!

Gisela _ Saí da frente mestiça! _ A morena me empurra, como estava presa em meus próprios devaneios, acabo me desequilibrando e caindo... _  Olha pessoal a mestiça é retardada, não sabe nem ficar em pé!

Ouvir todos rindo de mim, não sei nem o que fazer, se levanto e finjo que nada aconteceu, ou se enfrento ela, eu acho melhor tentar dar um perdido no professores e ir embora. 

De repente alguém me levanta como se eu não fosse pesada, até as risadas pararam, olho pra trás e vejo um homem alto e loiro, ao lado dele está um homem um pouco menor asiático...

? _ Você está bem criança? _ O asiático perguntou ao olhar pro meus joelhos que estão sangrando, era só o que me faltava, além de passar vergonha também estou sangrando...

? _ Ei garota, peça desculpa a essa menina! _ Disse o outro homem para a Gisela, que ficou espantada por alguém estar enfrentando ela... _ Você mesma, venha aqui e se desculpe, não está vendo o que vez? _ Apontou para os meus joelhos.

Gisela _ Essa mestiça idiota que não saía do caminho, se pudesse eu a derrubava novamente. _ A mesma me olhou como se quisesse me matar. _ E não se meta estrangeiro, por que você e esse xing ling aí, não vão cuidar das suas próprias vidas!

O mais alto parece ter ficado seriamente ofendido, quando ele ia dizer algo, o moço ao seu lado encostou em seu ombro, foi como um pedido silencioso para o loiro se acalmar. Ele se pôs na nossa frente e disse...

? _ Seus pais não te dão nem amor e nem carinho né? _ O sorriso arrogante de Gisela morreu ali. _ Julgando pelo modo que você e seus colegas se vestem, seus pais provavelmente tem dinheiro e por causa disso você acha que pode fazer tudo o que quiser, incluindo machucar os outro. _ A todo momento ele a olha, diretamente nos olhos dela, sem nem sequer desviar. _ É a forma hostil que você achou para alimentar essa sua alma vazia e desprezível! _ Gisela não disse nada, a mesma só foi embora com cara de poucos amigos...

? _ Nossa Harry, isso foi pesado! _ Disse perplexo, até eu estou surpresa por alguém ter conseguido fazer ela abaixar a bola... 

Harry _  Ela merecia esse choque de realidade e eu sei que você faria pior! _ O loiro concordou, logo os dois voltam sua atenção pra mim... _ Enquanto a você menina, temos que dar um jeito nesses ferimentos, esse clima salgado do mar vai acabar infeccionando e vai por mim, isso não vai ser legal! _ Disse gentil. _ Amor vai até alguém que trabalha na barca e pede um kit de primeiros socorros!

? _ Okay, volto já! _ O mesmo foi pra dentro...

_ Não, precisa se preocupar senhor, eu posso só limpar o sangue, não quero atrapalhar vocês! _ Disse meio envergonhada, eles dois devem ser parceiros em lua de mel e eu aqui atrapalhando o momento deles. 

Harry _ Que isso menina, que tipo de médico eu seria se visse uma criança ferida e não a ajudasse? _ Ele me fez sentar em um dos bancos que tinha por perto e pegou outro para eu poder esticar as perna... _ Cadê os professores da sua escola, que não viram aquela cena? _ Falou indignado...

_ Mesmo se eles vissem, não moveriam um dedo para me ajudar, Gisela é filha de um embaixador e como eu infelizmente estudo em uma escola elitista, ninguém faz nada para impedi-la! _ Disse quase começando a chorar. 

Harry _ Essa tal Gisela te perturba muito? _ Se ele soubesse só a metade, já ficaria espantado!

Continua...

A Nova Filha dos DuquesWhere stories live. Discover now