Capítulo 96

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Narração Pov

O coração de Sophia estava mais eufórico do que ela gostaria, ele batia como os tambores de uma música simbólica, era forte e solene, podendo sentir cada pulsação em sua glote, sua ansiedade não era fruto do medo, mas sim da incerteza do futuro. O amanhã nunca foi algo que a deixou animada, crescendo na sombra de seus pais, ela não via alegria em seu futuro e nem o almejava tanto assim, e após ir contra tudo que foi lhe ensinado, ela só pode seguir em frente, sem muitas expectativas e decidida a sobreviver e isso sempre foi o suficiente para ela. Mas agora era diferente, tudo mudou e ela não podia continuar com sua indiferença às ações daqueles que ela um dia considerou família.

Então, no meio de uma tentativa desesperada de chamar a atenção do clã Ludwig, Sophia agiu como uma verdadeira caçadora, que foi criada para ser. Se seu pai a visse agora a olharia com desgosto e repetiria as mesmas palavras que disse no dia que a mesma fugiu do seu casamento arranjado…"Ó minha menina, é mesmo engraçado como és a única coisa na minha vida que conseguiu ser tão desapontante quanto o mundo lá fora." Pois apesar da barreira de som ter funcionado, ela não a usou para a finalidade que seu pai a criou e ainda estava muito exposta ali, como uma amadora, só esperando a morte! E mesmo tendo se abrigado na sala minúscula do guarda da fronteira, a bateria da barreira não duraria para sempre, afinal não foi programada para abater vampiros e sim para atordoá-los, com um som tão ensurdecedor que só eles poderiam ouvir. Para um vampiro o barulho era tão terrível que explodiam seus tímpanos, resultando em desmaios temporários, só o suficiente para seus corpos curarem o local afetado e como a arma faz um estrago profundo era tempo o suficiente para a ex caçadora matá-los, mas essa não era mais sua vida, ela não era um monstro como seu atual falecido pai.

Truques como esse, que foram ensinados quando ainda era menina, finalmente foram úteis, como o sensor de movimento que a mesma colocou pela redondezas, então quando Harry, que esperava chegar no território despercebido, cruzou com um dos sensores plantados, ela soube de sua presença e antes mesmo do vampiro chegar perto demais da onde a portuguesa se abrigava, ela disse sabendo que ele estaria ouvindo...

Sophia _ Se aproxime mais e cairá como os outros! _ Na hora o mais velho parou, ele já estava a praticamente poucos metros de distância de Sophia, ele sabia que seu aviso não era blefe, então preferiu não se dar ao luxo de ter que ser salvo, ele não quer dar esse gostinho ao seu marido... _ A menos que você seja um dos Duques que tiraram minha sobrinha de mim, ô concelho que vá embora! _ Harry conseguia ouvir seus batimentos, eles estavam acelerados pela a ameaça que a presença do vampiro causava e mesmo ela soando como uma verdadeira Valquíria embebida por sua coragem, ele pode identificar um pesar na voz da portuguesa. Lutando contra a razão, Harry se aproximou em passos lentos... _ Sei que me ouviu, se afaste! _ Gritou ao ouvir outro sensor apitar simbolizando a aproximação do vampiro e em menos de alguns minutos ele já estava perto o suficiente para que ela o ouvisse...

Harry _ Eu me chamo Harry! _ Gritou a alguns metros da onde ela está, de longe ele pode avistar vários corpos conhecidos caídos no chão, lhe causando um certo temor, afinal ele sabia do que um caçador era capaz de fazer. Curiosa com o que ele tinha a dizer, Sophia saiu de seu esconderijo, deixando bem perto de si o botão que ativa a barreira de som... _ Sou marido de Dárius Ludwig e duque consorte deste território, sei porquê está aqui Sophia, pode por favor desfazer as armadilhas para podermos conversar de maneira civilizada? _ Seu pedido era honesto, mas Sophia jamais lhe entregaria sua única vantagem…

Sophia _ Não! O que me garante que posso confiar em você? Prefiro ficar onde estou e por favor não se aproxime mais! _ Harry concordou com a mais nova, ele conseguia sentir que ela era a mais assustada ali, como um animalzinho que se perdeu de casa. _ Se é quem diz ser, me diga... _ Sua respiração falhou um pouco... _ No dia do incidente, quem a salvou? _ Perguntou supondo que só os dois vampiros que salvaram sua sobrinha saberiam responder…

Harry _ Era nosso aniversário de casamento, estávamos voltando de um jantar  quando ouvimos gritos, meu marido correu  até o local e ao perceber o que aconteceu ele pulou no lago e a tirou da água, eu fiz os primeiros socorros, mas ela tinha ficado muito tempo debaixo d'água seus pulmões não ia aguentar e mesmo que tivesse saído toda a água de seu corpo, o trauma deixaria várias lesões neurológicas que limitaria sua recuperação funcional e a deixaria com sequelas permanentes. Por isso eu tentei transformá-la, mas seu corpo rejeitou meu sangue, então Dárius usou o dele e a transformação foi bem sucedida… _ Recordar daquele dia, era uma mistura de sentimentos para Harry, foram minutos de sofrimento para o que ele considera uma eternidade de alegria, mas para a portuguesa o incidente não tinha tal simbologia…

Sophia _ Oh, minha Moranguinho... _ Murmurou com pesar... _ Ela sofreu? _ O asiático não esperava por essa pergunta e por um momento pensou que o melhor era a omissão, porém a preocupação genuína que os olhos de Sophia transmitiam, tirou a verdade de seus lábios...

Harry _ No início foi bastante doloroso, a morte para um recém-transformado é o evento mais traumático de suas vidas, simboliza o fim de sua vida materna, a vida que eles sempre conheceram e que trouxe eles ao mundo! E também o início da vida vampira, e das diversas mudanças radicais que vem com essa vida, juntamente com algo que só alguns recém-transformados desenvolvem, os lapsos de consciência. _ É algo que tira as noites de sua filha. _ Como a morte de Laura foi desnecessariamente cruel, ela carregou algumas sequelas…

Sophia _ Não me admira! Aqueles desprezíveis a caçaram como um animal prestes a ser abatido! _ Cautelosamente Harry tentou se aproximar para confortá-la, era algo que ele queria fazer para mostrar que não é um risco, no entanto foi notado pela portuguesa, que rapidamente se afastou, deixando seu polegar mais próximo do botão... _ Não se aproxime!

Harry _ Olha Sophia, compreendo que está aqui por sua sobrinha, eu a observei por um tempo e sei o quão sofrido foi para você, mas Laura é uma vampira agora e ela vai estar mais segura conosco do que com você, uma caçadora de vampiros! _ As últimas palavras saíram em tom de descontentamento e ali Sophia pôde entender a má impressão que está passando ao asiático… _ Você não é mais nada dela, a Laura que você viu crescer morreu naquele lago e não importa o que faça não permitirei que se aproxime dela, não será saudável para ela! Laura precisa estar com… _ A sua honestidade era cruel e Sophia sabia que ele tinha razão, ela se iludiu ao imaginar que poderia ver sua Moranguinho novamente, mas se ela pudesse dar só mais um abraço, só mais algumas beliscadas naquelas bochechas gordinhas, só mais um eu te amo… e com o pesar que esses desejos mesquinhos trouxeram, ela entendeu que o melhor para a sua sobrinha era está com eles, por mais que isso a matasse por dentro…

Sophia _ Eu compreendo… _ Rompeu o discurso do mais velho… _ Não estou aqui para tirá-la de você, sei que não passaria nem da fronteira e sinto muito por ter utilizado esses truques podres para machucar seu pessoal, te garanto que não sou como os outros caçadores, eu larguei esse conceito há muito tempo… _ Ri um pouco sem graça, como dizer a alguém que sua cria está correndo perigo? Ela não sabia nem como começar, mas a presença de Dárius Ludwig não lhe deu nenhuma chance de começar…

Diferente de seu cônjuge, ele não era empático e nem paciente com a situação, Sophia era um perigo que ele tinha que conter e assim fez. Graças ao jeito doce de Harry, ela abaixou a guardar e não notou o sinal dos sensores de movimento, então quando Dárius chegou perto o suficiente de seu pescoço, ela não pode reagir quando o taser foi pressionado contra sua pele e ligado na voltagem mais alta, apenas cinco segundos de contato foram o suficiente para ela desmaiar nos braços do suíço, já Harry que assistiu tudo horrorizado não pode deixar de se sentir preocupado com a humana que solta leves espasmos…

Continua…

A Nova Filha dos DuquesWhere stories live. Discover now