Capítulo 31

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Sophia Pov

Passei a madrugada de domingo para segunda tentando achar um voo disponível de última hora para Portugal, porém nenhuma companhia aérea tinha voos disponíveis assim, o próximo é só na quinta. Então sem muita escolha tive que viajar de trem, o que era pra ser somente duas horas e quarenta minutos em um voo calmo e pacífico, tornou-se vinte e cinco horas de trem e mais três baldeações.

Estou desde às cinco da manhã nessa locomotiva e sinceramente a vista pelo caminho é magnífica, mas nada prática, são três horas da tarde a essa altura do campeonato eu já deveria tá perto da Ilha de São Miguel, indo buscar a minha moranguinho e não na primeira parada...

Isso é muito frustrante, tentei entrar em contato com a Laura, porém só caí na caixa postal e para piorar isso só intensificou mais a angústia que estou sentindo...

...

Após uma hora de baldeação, o maquinista começou a chamar todos para entrar, quando eu estava prestes a ir para a minha cabine, recebo uma ligação do Rulio. Entro para ter mais privacidade, fecho a porta da cabine e atendo...

_ Oi Rulio... _ Deu para ouvir sua respiração pesada, okay, estou preocupada agora! _ Rulio aconteceu alguma coisa?

Rulio _ Sophia... _ Sua voz parece abatida. _ A Laura... ela... ela... _ Só de ouvir o nome da moranguinho, sinto uma fisgada em meu coração.

_ O que aconteceu Rulio? _ Perguntei em quase um grito. _ Fale logo, você está me assustando!

Rulio _ A escola da Laura ligou, houve um terrível incidente a envolvendo e... _ Oh Deus, por favor não! _ E ela não sobreviveu! _ Se antes era só uma fisgada, agora eu sinto como se alguém tivesse enfiado uma faca em meu coração. _ Sophia, ela...

_ Cala a boca... _ Disse em um sussurro doloroso.

Rulio _ Eu realmente... _ Tentou falar novamente...

_ Cala a boca Rulio! _ Gritei farta dele, minha voz saiu tão alta que chamou a atenção do maquinista que estava passando no corredor, apenas o ignorei. _ Eu não quero ouvir sua voz, por sua culpa eu nunca mais vou ver a minha moranguinho, ela era como uma filha pra mim!

Rulio _ Você acha que eu não me sinto culpado? Ela é a minha filha! E o pior de tudo, ela teve o mesmo fim que a mãe! _ Disse sentido. _ Eles a afogaram Sophia, minha menina morreu e isso é tudo culpa minha!

_ Ai Rulio, por quê você não me ouviu? Era tão difícil assim seguir o meu conselho? _ Lhe pergunto segurando as lágrimas, o mesmo não me responde. _ Eu nunca irei te perdoar!

Rulio _ Eu sei! _ Disse entre suspiros. _ Eu estou voltando pra casa, quando chegar conversamos melhor sobre tudo e Sophia, eu também não me perdoarei pode ter certeza disso! _ Após dizer isso, o mesmo desligou.

Fecho os olhos e respiro bem fundo, em uma tentativa falha de manter a calma, não posso desabar aqui, não estou em casa preciso manter a calma. Sou tirada desse momento sufocante, pelo o mesmo maquinista de antes, que deu uma leve batida na porta da cabine.

Maquinista _ Desculpe incomodar, mas acabei ouvindo sua conversa, meus pêsames! _ O mesmo me entregou uma garrafinha de água e um dos cookies artesanais que vende aqui... _ Para a sua pressão não cair, se precisar de alguma coisa me avise por favor!

O agradeci e logo o mesmo seguiu seu caminho, já eu respirei fundo novamente sentindo o oxigênio entrar em meus pulmões, me dando uma leve sensação de calmaria, pego a água e bebo um pouco...

Fico um tempo parada olhando para janela, me dói saber que nunca mais verei a minha moranguinho. Me lembro da primeira vez que a chamei assim, foi quando ela tinha só uns meses de vida, Rulio e Adelina estavam exaustos e me pediram para ficar de olho nela enquanto eles dormiam um pouco. Lembro que ela estava dormindo pacificamente, só que eu estava muito ansiosa para pegar ela no colo pela primeira vez e por impulso fiz isso. Ela chorou tanto que ficou com as bochechas vermelhas, parecia dois morangos gordinhos, era a coisa mais fofa do mundo!

Ela sempre foi tão fofa, era a gota de bondade em meio a um mar de pecados de uma família que vive de aparências. Toda vez que ela chorava suas bochechas ficavam na mesma tonalidade avermelhada, será que ela sofreu? Ela deve ter se sentido tão sozinha! Oh meu Deus, por que o senhor não a protegeu?

...

Depois de mais quinze horas torturantes dentro daquele trem, finalmente cheguei na estação de Lisboa, pego o primeiro táxi e vou pra casa, ao chegar vejo tudo escuro.

_ É... Pelo jeito, cheguei antes do Rulio. _ Disse só para mim, larguei as malas no chão de qualquer jeito e subi as escadas, fui até o quarto da moranguinho e me sentei na cama... _ Oh minha Nossa Senhora, por quê? _ Me permitir desabar em lágrimas, deitada em sua cama, agarrada ao seu travesseiro. _ Sinto que isso tudo é culpa minha, mesmo com aquele pressentimento eu fui viajar, devia ter ficado com ela! _ Meus olhos ardem e a dor em minha alma é cada vez mais intensa, eu perdi a minha moranguinho, isso dói tanto!

Continua...

A Nova Filha dos DuquesKde žijí příběhy. Začni objevovat