𝔠𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 1

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ATHOS

Appel du vide (o chamado do vazio em francês) vide descreve esse impulso de se lançar em um vazio

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Appel du vide (o chamado do vazio em francês) vide descreve esse impulso de se lançar em um vazio. Embora enervante, é na verdade uma experiência bastante comum. Também não tem nada a ver com ideação suicida.

É uma boa filosofia de vida, cresci escutando isso e provavelmente irei morrer escutando isso. Durante minha vida toda tive muitos momentos appel du vide, o impulso de me jogar em algo, mas em muitas vezes foi em alguém, como na vez que recebi as noticia de que iria ser adotada ou na vez em que chamei meus pais de mãe e pai pela primeira vez.

Todos esses momentos foram momentos felizes, mas o sentimento de me jogar em um vazio sempre esteve lá. E nesse exato momento estou com vontade de me atirar de um lugar bem alto em direção a um abismo para que ninguém me encontre, não que eu queira morrer, amo a minha vida.

O que eu não amo são os problemas hipotéticos que a minha família cria para que eu resolva, e eu como a mais velha, tenho que me submeter a isso, não que seja ruim, não é tão ruim quanto parece. Alguns problemas criados e também as perguntas, eu acho que as perguntas são as piores.

— Me diga que está me escutando pelo menos — a voz do meu pai invade meus ouvidos me livrando dos meus pensamentos. Hoje as perguntas estão sendo mais entediantes que o normal, posso dizer que até dormi com os olhos abertos por alguns minutos.

— Não, desculpe. Qual era a pergunta? — arrumo minha postura na cadeira giratória.

— A pergunta era: Se o Will sumir, onde ele vai estar?

— Porque preciso saber onde um adulto de quarenta anos está? Isso é um pouco estranho, não posso ir embora? Meu horário já deu, tenho certeza que podemos continuar amanhã.

— Não, não podemos. Agora responda a pergunta.

Céus, as vezes eu acho que essas perguntas não tem nexo, aí depois me colocam em alguma situação referente a essa pergunta. O que leva a conclusão de: minha infância não foi muito normal, enquanto alguns pais ensinavam seus filhos a não aceitar doces de estranhos, meus pais me ensinavam que posso ter tudo o que quiser, me ensinavam a não ser manipulada e o principal de tudo: a saber onde cada membro da família está caso suma.

E eu digo isso com vontade agora, não vejo a hora de me livrar desse trabalho. Parece que vivemos em uma hierarquia, os adultos comandam os negócios, eu aprendo a comandar os negócios e as crianças me observam. Serão as próximas a se submeter a essas aulas de negócios.

Digo com prazer que irei amar ver Ivarsen Torrance sentado na mesma cadeira do que eu daqui a alguns anos, o garoto será o próximo e tenho minhas duvidas de que vá aguentar uma semana toda de aulas. Na minha primeira semana eu quis atirar um vaso de plantas na cabeça do meu pai, depois aprendi que essas aulas serão necessárias querendo ou não.

𝐈𝐍𝐄𝐗𝐎𝐑𝐀𝐕𝐄𝐋  ━ 𝐅𝐈𝐑𝐄𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 ᴰᵉᵛⁱˡ'ˢ ᴺⁱᵍʰᵗ ᶠᵃⁿᶠⁱᶜ ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora