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3 dias antes; ainda na mesma noite do sequestro.
Eu nunca me imaginei sendo responsável por um garoto de doze anos, nunca me qualifiquei uma pessoa boa para estar perto de crianças, meu irmão é a exceção. Mas como essa noite muitas coisas estão acontecendo, eu ter que ''cuidar'' de Ivarsen Torrance não parece a mais louca delas.
Ele é um bom garoto, calmo e quando olhei nos seus olhos antes de entrar no carro, eu não vi a calmaria que seu coro esbanja, eu vi sede de viver, uma vontade tão grande de descobrir todas as possibilidades do mundo.
Posso dizer que me vi nele por breves segundos, quando menor eu tinha o mesmo olhar, a mesma vontade de viver e de dar uma boa vida para a minha família, de tirar a minha mãe daquela vida e dar uma boa educação para o meu irmão.
Eu queria mais e mais, e talvez tenha sido essa vontade que me deixou viva por muitas noites terríveis, minha mãe sempre dizia que se o meu coração contínua batendo e porque existe um grande motivo para eu continuar nesse mundo.
Acho que nunca acreditei verdadeiramente em suas palavras, sempre pensei nelas como palavras de conforto e nada mais, o coração serve para bombear sangue para outros órgãos, faz o seu trabalho para que os meus pulmões continuem recebendo oxigênio e eu possa sobreviver por mais um dia.
Eu cresci e muitas coisas dentro de mim mudaram, o meu jeito de pensar principalmente. Como tudo parece estar conspirando para que eu mude, a minha mente me leva para um lugar a muito tempo não visitado.
A minha mãe.
Sei que por causa do trauma eu não me lembro muito dela, as poucas coisas que me lembro são como uma grande neblina branca, apenas consigo ver algo se me concentrar bem, e muitas vezes apenas consigo me lembrar de coisas ditas, nada de imagens.
Sempre quis as imagens, nem em pesadelos eu as tive, afirmo com força que em todas as vezes que acordava de um pesadelo em Deadlow Island eu tentava me lembrar o que aconteceu. Se eu pude ver o rosto da minha mãe, nem que de uma forma meio distorcida, eu ficaria feliz.
Hoje eu percebo que ela estava certa, meu coração contínua batendo porque tenho um bom motivo para viver, talvez eu sempre tenha tido ele, apenas agora que percebi.
Enquanto dirigia para o local das casas ninguém falou nada, senhor Crist olhava para a janela e Ivarsen fazia o mesmo, a diferença entre os dois é que Ivarsen quer diversão e o senhor Crist quer destruir meus irmãos.
Eu posso ajuda-lo com isso.
— Então... Eslem. — Ivarsen começa. — Você é a namorada da Athos?
— Porque precisa saber disso? — Questiono sem tirar os olhos da estrada.
— Preciso saber se vou precisar gastar a minha mesada com mais um presente de natal esse ano. — Fala como se fosse óbvio.
