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Manhã da Devil's Night.
Nunca esperei muito das pessoas, sempre tive em mente que me decepcionaria em qualquer momento, quando me relacionava com alguém nunca colocava expectativas, não queria receber nada para não ter que devolver.
Também nunca esperei muito da minha ''família'' deles eu sempre soube que nunca iria receber nada, apenas dor, e acho que isso não seja uma coisa boa para se ter.
Passei os últimos dois dias fugindo dos meus irmãos, do meu pai, de todos. Me isolei me meu apartamento e ali fiquei, vi os dias passando pela minha janela, as pessoas pareciam agitadas, tudo parecia mais rápido.
E em dois dias a Devil's Night chegou, a cidade estava decorada, panfletos estavam espalhados por todas as partes divulgando a festa que teria. Após um bom tempo, Thunder Bay volta a o que nunca deveria ter deixado de ser.
Não queria sair do meu apartamento, mas sabia que hoje seria necessário, teria que voltar para Deadlow Island, colocar a minha mascara sem emoções e levantar as muralhas que construí para me proteger.
Volto a ser a Eslem hoje, uma robô sem emoções, sei que posso fazer isso, pratiquei essa peça durante boa parte da minha vida, não é porque abandonei o papel por dois dias que a peça acabou.
Ainda temos o ato final.
Posso me considerar uma boa atriz depois de todos esses anos, escondi muito bem meus segredos, o que viram foi apenas o que eu permiti. Sempre soube que se baixasse minhas muralhas iria ser ferida.
Mamãe sempre dizia para me proteger da melhor forma possível, não importa o que usemos para nos proteger e sobreviver, desde que no final do dia consigamos chegar bem em casa.
Levei isso como um ensinamento, todas as noites em Deadlow Island, antes de dormir eu repetia as palavras, a cada dia que se passava eu parecia mais forte, não queria que ninguém entrasse. E por não deixar ninguém entrar, acabei não percebendo o momento em que ela entrou, tão silenciosa que não vi sua invasão. Deveria ficar mal com isso, é o que a Eslem robô acha, não a Eslem com algumas emoções.
Essa gostou da ideia, mas sabe que vai se machucar.
Quando piso no chão muito bem encerado da mansão achava que não encontraria ninguém, errada mais uma vez. Uma vozinha dentro de mim parecia falar que eles estavam apenas me esperando, não para me levar junto, claro que não.
Estavam me esperando para poderem esfregar na minha cara que serão eles os vencedores, não ligo mais para quem irá vencer ou perder, apenas quero sair dessa casa para sempre, não pertenço a esse lugar, não o posso chamar de casa.
Na escola eu sempre invejava as crianças que falavam que suas casas eram super legais, elas tinham um lugar para chamar de seu, completamente seus, e mesmo que naquela época não admitisse, eu queria a mesma coisa. Queria algo como aquilo, uma casa legal com uma família boa, as únicas coisas que recebi foram dor e humilhação.
