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Stayce Silver

Acordei com - literalmente -, um tapa sendo depositado em minhas costas. Olhei meio atordoada para minha mãe que me olhava com os olhos gélidos e nada agradáveis, assim como sua expressão. Assombração.

- Pro banheiro, agora. - ela disse, ignorante. Levantei sentindo o local do tapa arder. Mulher maluca.

- Você acha que eu não sei que saiu da sua dieta? - ela disse, e eu arregalei minimamente os olhos. Que tipo de investigadora essa velha é?

- Vamos, se ajoelhe e vomite tudo. - ela disse apontando pro vaso, a olhei incrédula.

- Não vou fazer isso. - disse, e ela deu passos em minha direção fazendo eu recuar, a olhando meio desesperada.

- Eu mando, você obedece. Vai logo, antes que eu faça algo pior. - ela disse, encarei seus olhos sentindo os meus arderem pelo choro segurado.

- Que tipo de mãe você é? Esse seu controle maluco sobre mim, ainda vai me matar. - disse controlando minha voz embargada pelo choro, ela revirou os olhos.

- Faça logo. - ela ordenou, e eu respirei fundo antes de me ajoelhar em frente ao vaso, e levar dois dedos até a garganta, forçando algumas vezes, até colocar tudo pra fora. Puxei a descarga e lavei minha boca.

- Satisfeita? - me virei para a mais velha, mas não esperei respostas e saí do cômodo. 

Olhei o relógio, vendo que eram 22h da noite. Perdi totalmente o sono.

Peguei minhas coisas de treino, meu celular e fones, troquei de roupa, e desci.

- Aonde vai? - Stela perguntou.

- Dançar. Não vá atrás de mim. - disse e saí de casa, chamei um táxi e fui até o estúdio.

A essa hora já estava fechado, mas eu conhecia todas as entradas secretas ali, então não havia problemas, já que o guardinha que ficava lá já me conhecia e liberava minha entrada.

Já perdi a conta de quantas vezes fiz isso somente esse ano. Toda vez que Stela fazia algo que eu achava absurdo, eu ia pro estúdio.

Dançar. Descontava tudo dançando, era algum tipo de terapia para mim. E não importa se iria passar a noite fazendo isso, eu amava. E daria resultado depois.

Eu definitivamente estava cansada de tudo isso, afinal o que poderia fazer? Nada.

Paguei o táxi, e desci dando a volta no estúdio, na parte de trás tinha uma espécie de ventilação onde dava para a entrada do salão. Eu era magra e pequena, cabia certinho ali. Me arrastei, e logo estava dentro, uma lanterna foi posta na minha cara, me fazendo fechar os olhos.

- Senhor Watson, sou eu. - disse pro guardinha que vigiava ali de noite, e ele tirou a lanterna da minha cara.

- Quarta vez só esse mês, pequena Stayce. O que sua mãe fez dessa vez? - ele perguntou com aquele tom de voz tão calmo e reconfortante.

Considerava ele a figura paterna que eu não tive.

- Me fez vomitar o milk-shake que tinha tomado, o que acabou levando a comida do dia inteiro também. - disse, e ele me olhou por uns instantes, e me abraçou.

The messages | Javon WaltonWhere stories live. Discover now