The messages | Javon Walton

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Stayce Silver

Fui o caminho todo até o estúdio pensando na forma que Javon me tratou.

Humildade é tudo né?

Era a coisa mais concreta na minha cabeça. Tipo, por que ele iria me oferecer um abraço sem ser que nem me conhece direito?

Espera, ele conhece até demais.

Desci do carro sem nem olhar na cara da pessoa que está no volante, e corri pro salão. Fui pro vestiário e deixei minha bolsa lá, tirando minhas sapatilhas colocando no lugar dos sapatos, e logo eu estava me alongando na barra.

Fiquei de ponta pé, sentindo que agora meus pés não doíam tanto, e que conseguiria seguir o treino normalmente.

Esses dias que fiquei em casa, e nos tempos vagos, sempre pensava o que iria apresentar nos testes. E hoje tive a certeza de qual coreografia iria apresentar.

Eu gostava de danças com músicas e coreografias expressivas. Onde eu podia depositar todo meu sentimento e me entregar totalmente a dança, tanto que posso fazer de olhos fechados.

Elizabeth entrou no salão.

- Os cinco selecionados, aqui comigo. O resto, se posicionem na barra. - disse a mais velha e prontamente obedecemos.

- Os cinco, preencham esses formulários e me entreguem amanhã com tudo preenchido, com a música e sobre tudo relacionado a coreografia e apresentação de vocês. - ela disse e assentimos. Guardamos o papel em nossas bolsas, e voltamos ao treino.

[...]

- No três, quero todos de ponta de pé, coluna reta, cabeça levantada e postura impecável por trinta segundos. - Elizabeth disse alto. E fez a contagem.

- 3! - todos ficamos de ponta de pé. Elizabeth nos rodeava, ajeitava a postura de alguns, erguia o queixo de outros, mas eu permanecia ali, impecável.

Como eu fui treinada desde sempre.

- Podem relaxar. - ouvi os suspiros relaxados, mas me permaneci quieta.

- Estão indo bem pessoal, aguentaram os segundos completos. - Elizabeth se referiu aos que entraram a pouco tempo.

O início é sempre um inferno. Seus pés ficam dormentes, doloridos e inchados, sem contar das bolhas que se formam, e andar se torna insuportável.

Mas depois sempre vem o resultado.

- Formem uma fila. Todos aqui tem flexibilidade boa, não é? - perguntou e todos assentiram formando a fila.

Por que eu sou sempre a primeira?

- De um por um, na diagonal façam um grand jeté. - ela disse, e todos concordaram. - E só vão sair, quando todos tiverem feito perfeitamente. Os novatos tem um desconto, por que obviamente são novatos.

Cretina. Está quase no final do treino, ela fez de propósito. O bom é que treinei esse passo igual maluca um tempo atrás.

Ela colocou uma música aleatória pra tocar, e estalou os dedos para começarmos. Me posicionei e dei uma corridinha e fiz o passo.