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Os olhos de Jackson brilharam. O rapaz loiro, de roupas claras e olhos intensos a sua frente era o próprio descendente original do sangue real. Em aparência, talvez tivesse seus dezenove ou vinte anos, ainda que sua idade real estivesse bem longe disso.

O protetor ainda não sabia onde estava e como conseguia estar na companhia de Hyunjin. No entanto, não sentia medo, aflição ou confusão. Ele apenas entendia que tinha um motivo para estar ali.

Hyunjin ainda segurava sua mão, como se há muito não sentisse o toque humano. O ancestral vagarosamente a soltou, virando-se para encarar a fonte em que estava momentos atrás. O protetor o acompanhou com o olhar, encarando o líquido carmesim que, de tão denso se tornava estranhamente escuro.

—A cada dia, mais sangue corre. —Hyunjin balbuciou, com preocupação evidente. —O sangue impuro tem feito mais vítimas a cada dia que passa.

­—Impuro? —perguntou, aproximando-se para que pudesse novamente ver a expressão do loiro.

—A linhagem Valok não é nova, como pensam. Há séculos, eles já ameaçavam a paz. Mas esta história, eu não terei tempo de lhe contar hoje.

Procurando um nome para que pudesse chamá-lo, Jackson parecia ter mais incógnitas que esclarecimentos, novamente. Um único título entoou em sua voz:

—Mestre. —os olhos do outro se viraram para ele, atendendo ao chamamento. —Como eu posso estar aqui?

Hyunjin sorriu. Desta vez, uma tristeza implícita pôde ser identificada por seu olhar.

—Você foi até mim, na sétima zona. —ele se abaixou, para segurar a mão de Jackson, novamente. O protetor recordou. Ele havia tentado tocar o manuscrito, justamente com ela. —Você não era digno e ainda não é, de conhecer tudo sobre o que é capaz.

—O manuscrito original...é...você?

—Minha alma está presa nele. Mas meu sangue corre em você. Quando tentou contato, consegui abrir uma ponte para que pudéssemos falar.

—Eu...tenho tantas perguntas. —Jackson segurou sua mão com suas duas, justapostas. —Eu quero...me tornar digno das respostas para elas. —seus olhos encararam os de seu ancestral com ansiedade.

—Primeiro, você deve se lembrar do que eu disse antes. Nosso sangue...nasceu de uma união entre duas pessoas que queriam a paz. Ele não tem sentido e nem força se sozinho. Vocês têm que ficar fortes juntos. Só assim, poderão evitar o pior. —sua última frase pareceu repleta de angústia.

Jackson então se lembrou das histórias. A única forma de matar aquele quem possuía o sangue real...era matando seu verdadeiro amor. Se estava em contato com a alma de Hyunjin através de seu sangue, isso queria dizer que seu companheiro ou companheira havia falecido.

—Mestre...estivemos errando de muitas formas. —Jackson reconheceu. —Estávamos esquecendo de saber sobre o principal...sobre nós mesmos.

Hyunjin assentiu.

—Você tem o sangue real nas veias, mas ele só se torna nobre quando conseguir entender seu real sentido. Você não nasceu sabendo ou entendendo tudo sobre isso e, sua vida inteira, esconderam isso de você. É por isso que estou aqui. É por isso que você não é digno ainda. Saber de tudo...iria fazer você sofrer ao ponto de não aguentar. —os olhos dele traziam tanta dor, que Jackson não conseguia imaginar quanta coisa ele estaria guardando sozinho. —Você deve descobrir aos poucos e ficar mais forte. Só assim...você conseguirá superar tudo isso.

De repente, a estrutura do lugar onde estavam pareceu esvanecer.

—Nosso tempo está acabando. —Hyunjin tocou levemente a cabeça de Jackson com a palma de sua mão. —Em breve, nos encontraremos novamente. Lembre-se das três coisas que eu disse. Logo, tudo vai estar em seu devido lugar e a fonte...irá parar de jorrar.

RegiumWhere stories live. Discover now