Regium

+regium paterna sanguis+

As paredes altas do grande hall de entrada e as marcas existentes nela indicavam que aquele caminho já tinha sido o palco de alguma luta ou treinamento mais intenso.

Todo o complexo da mansão Lee parecia como tal. Era como se tudo ali fosse meticulosamente preparado para um exército, uma batalha. Era como uma base militar, mas em um estilo antiquado, ainda que bonito, em forma e características de um dojô.

Possuía grandes escadas de madeira, que subiam para uma parte aparentemente mais nova. Era enorme.

E acompanhando Felix pelos corredores, Jackson sentiu uma estranha sensação lhe percorrer o corpo, quando chegou na frente de uma grande porta de madeira, parando ali enquanto Felix arregalava um pouco os olhos, percebendo o comportamento do mais velho.

—O que tem aqui?—Jackson perguntou, olhando para o loiro.

—Algo... que pode te surpreender.—sorriu fraco, ao responder.

—Eu sinto... que devo ver.—olhou nos olhos dele.—Eu posso?

Felix assentiu. Por mais que fosse um pedido, vindo de Jackson para si aquilo era como uma ordem. Não impediria, até porque o que tinha atrás daquela porta era digno de ser visto apenas pelo protetor. Apesar de ter medo do que poderia acontecer.

—Você pode. Mas seus amigos não devem entrar neste cômodo.—olhou para Jinyoung e Yugyeom.

Jinyoung olhou para Jackson por um momento, preocupado. Sentia cheiro de sangue vir do quarto. Yugyeom também permanecia calado enquanto não sabia bem como se portar.

—Tudo bem.—Jackson falou baixo.—Mais tarde encontro vocês.

—Changbin pode levá-los até o centro de treinamento. Levarei Jackson até lá depois daqui.—Felix lhes assegurou.

—Tudo bem mesmo, Jackson?—Jinyoung perguntou. Felix não o julgaria por estar desconfiado. Era claro o cheiro de sangue dentro do cômodo.

—Sim. Vão.—falou firme.

Os dois amigos então, um pouco preocupados ainda, assentiram, acompanhando Changbin enquanto o deixaram com Felix.

E então, o loiro abriu a porta pesada, entrando ali e fechando logo depois, quando Jackson também se encontrava ali dentro.

E os olhos do protetor arregalaram-se. Uma sensação estranha lhe percorreu o corpo da ponta dos dedos até sua cabeça.

Havia uma grande e negra caixa de madeira envernizada, que exibia através do tampo de vidro um livro.

Um livro extremamente antigo, a capa banhada de sangue de um vermelho tão vivo e que parecia tão fresco que Felix teve de se controlar.

Nele, estava escrito em claras letras escuras:

Regium paterna sanguis.

—I-Isso é...—Jackson olhou para o mais novo.

—O manuscrito original. —assentiu. —Foi deixado aqui, pelo primeiro renascente. Nossa relação com o seu sangue é mantida desde aquela época.