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Um vento gelado no meio da noite acordou Jackson. Novamente, mesmo depois de quatro semanas, estranhou acordar num quarto que, apesar de tão luxuoso quanto o seu, era totalmente estranho. Levantou-se, com uma vontade imensa de ligar à luz e espantar toda aquela penumbra da lua que o deixava desconfortável.

Bateu a perna em algo que se perguntou o motivo de estar em seu caminho. Conseguiu chegar ao outro lado do quarto, onde estava o interruptor e o ligou. Ah, seu pé havia batido no criado mudo. Droga de criado mudo.

Sentando-se no chão, sem sono, começou a olhar para tudo ali, porém sem prestar atenção aos detalhes. Apenas conseguia pensar em como estava sendo difícil ficar naquele lugar. Na mansão onde o líder do clã vampírico Tuan e sua família moravam.

Apesar de já estar ali há algum tempo razoável, era difícil como seu primeiro dia fora, todos os dias. Ele estava basicamente na casa de totais desconhecidos, que na sua visão apesar da "pacificidade" deles em relação à cidade, altamente perigosos. Sua porta estava sempre trancada à noite, apesar de ele ser o melhor no que faz.

Um canivete de prata sempre está no bolso na bermuda ou calça, envolto em uma capa protetora de couro, que seu melhor amigo, Bambam, havia o dado antes de ele vir para este lugar inóspito. Jackson era um protetor, aquele que protegia os humanos de ameaças dos que para eles personagens de romances e histórias, mas na verdade eram bastante reais.

Seu pai lhe dera um árduo treinamento desde pequeno, mais até mesmo que os outros aprendizes que moravam na Sede, um lugar mascarado sob o nome de um internato para garotos que, ironicamente, vivia sem vagas para novas matrículas.

Jackson crescera pensando que seu treinamento era voltado para o possível combate em caso de quebra de tratado ou em possíveis conflitos ou ações indiscretas de vampiros. Por isso, mantinha um pé atrás sobre eles e de forma sincera, sentia-se enjoado ao imaginar o que faziam, tomando sangue e escutando os gritos de piedade de suas vítimas. Sabia do aspecto biológico que eles tinham, mas já presenciara em patrulha muitas "caçadas" que não tinham sido nada comportadas. Não conseguia de forma nenhuma simpatizar com vampiros.

E lá estava ele, no lar dos consumidores assíduos de sangue.

Se limitava, em sua estadia de certa forma luxuosa, a julgar pela mansão a ficar bisbilhotando por aí enquanto os via treinar golpes e tiros. Os vampiros deste clã na verdade eram compostos por vários refugiados de outros clãs dizimados por ocupações de outros vampiros ou pela repressão dos protetores. Muitos olhavam para Jackson torto, mas nenhum mal seria feito a si e este sabia disso.

Estranhamente, a pessoa que menos o olhava torto em sua estadia durante estas semanas era Mark Tuan, o "príncipe", filho de Raymond. Na verdade, ele nem olhava para si. Quando seus olhares se encontravam, ele desviava o rosto e parecia ficar inquieto, mas em nenhum momento olhava feio para o Wang.

O loiro era altamente respeitado e habilidoso. Nos momentos em que Jackson estava entediado, ele tinha que admitir para si mesmo, mesmo não simpatizando com ninguém ali, que se divertia em uns poucos instantes em que ia bisbilhotar Mark no meio da noite.

Era incrível como o vampiro gostava de sair em plena noite e ficar treinando golpes no jardim, quando todos os outros que treinavam assiduamente para uma provável invasão já se encontravam exaustos em suas devidas camas.

O que Jackson admirava, na verdade, era a agilidade com que ele se movia. Observando o filho do grande líder, Jackson podia ter a noção do quanto o clã apesar de relativamente estável em termos de força, tinha seus diferenciais mais fortes.

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