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Era muito cedo da manhã quando Jinyoung percebeu a ausência de Mark na cama ao lado. A madrugada era fria e o barulho de gotas batendo fartas na janela denunciavam o quão forte estava a chuva.

O vampiro sentia a garganta queimar, a boca seca e seu corpo um pouco tonto. Precisava se alimentar e não sabia como deveria se posicionar ali onde estava, em meio a vários protetores que de certo não eram acostumados com a presença de vampiros ali. Tinha certeza que ninguém saberia agir.

Lembrou-se no mesmo segundo de que, possivelmente, Mark ainda estaria com Jackson. Não soube dizer por que aquilo o incomodou, mas preferiu não pensar muito nisto. Tinha que ir até onde os dois estavam, senão teria problemas.

Levantou-se da cama ainda com as roupas folgadas que usava, andando devagar e apoiando-se nas paredes do quarto. Chegou logo até a porta, cambaleando ao abri-la, apoiando-se na parede do corredor que dava acesso aos vários quartos da Sede.

Sentiu vários cheiros, anunciando que muitos protetores provavelmente já estavam acordados, patrulhando ou treinando nos arredores. Chegou até a porta ao lado, respirando fundo e batendo na superfície de madeira escura. Não viu nenhuma movimentação, então bateu novamente.

―J-Jackson... ―chamou, a voz falhando. Seu corpo era ainda acostumado apenas com o sangue animal, sua sede suprimida e o corpo enfraquecido durante anos, o que fazia seus períodos de sede dolorosos e um tanto agonizantes.

O protetor abriu a porta com o rosto visivelmente sonolento, os cabelos desgrenhados. Jinyoung colocou a mão sob o nariz e o rosto imediatamente ao sentir seu cheiro presente e forte lhe atingir as narinas.

―Jinyoung, você... ―olhou assustado, dando um passo para trás enquanto puxava o braço do vampiro, de forma a fazê-lo entrar.

Se algum protetor desacostumado o visse daquela maneira, certamente o iam interpretar mal e possivelmente o apontariam como perigoso. Não estavam acostumados com resistências, então pensariam que o vampiro não se controlaria.

Fechou a porta, assustando Mark, que já encontrava-se de pé. Assim pôs os olhos em Jinyoung, aproximou-se dali, ficando em alerta. Imaginou que as sedes de Jinyoung fossem mais intensas, graças a ausência de nutrientes advindas do costumeiro sangue animal.

A única vez em tempos desde que o outro recebera sangue humano fora da recente bolsa de sangue que tomara na fronteira, que infelizmente ainda não era suficiente para lhe suprir devidamente. Sua escolha ainda que nobre o trazia diversas consequências.

―Está...muito forte. ―fechou os olhos, ofegante, tentando se afastar de Jackson, até recostar-se na parede. ―Seu cheiro... ―olhou para Jackson, a boca salivando pela tamanha atração que o sangue o causava.

―Jackson, é melhor você sair. ―Mark ficou na frente do Wang, que assentiu de prontidão, sério.

―Vou chamar meu pai. Não saiam até que eu volte, pode ser que interpretem vocês errado. ―respondeu, olhando para Jinyoung, preocupado. Saiu apressado, fechando a porta.

―Jinyoung. ―Mark se aproximou, um peso perceptível e amargurado na voz. ―Você está assim porque precisa de nutrientes... ―tocou o ombro do outro. ―Jackson vai voltar logo, vai ficar tudo bem. Ele vai te trazer uma solução.

―Está...terrível, Mark. ―fechou os olhos. ―Ainda bem que pediu para Jackson sair...Eu não conseguiria me segurar se ele ficasse mais tempo aqui.

Mark engoliu em seco, sério.

―Tente respirar compassadamente. Regule. Vai te ajudar a controlar. Você não está acostumado com este tipo de abstinência, aqui é longe de qualquer facilidade que antes você tinha na floresta.

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