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O dia amanhecia timidamente lá fora, dentre nuvens um pouco carregadas que podiam ser percebidas pelas venezianas da janela grande de madeira. Lá fora, barulhos já podiam ser ouvidos. Provavelmente uma certa minoria já estaria indo em direção ao pátio, para treinar.

Os braços fortes de Jackson abraçavam preguiçosamente o tronco esbelto de Mark, que conseguia sentir que o protetor dormia profundamente, pelo certo pesar que o de cabelos negros exercia em torno de seu corpo e pelos olhos fechados e os lábios entreabertos, num suspirar baixo e compassado.

O loiro suspirou, observando o belo rosto odiando ter que acordá-lo. Se pegou encarando a face tão serena, pensando no quanto as coisas poderiam se tornar difíceis futuramente. Estivesse na Sede ou nas fronteiras, Jackson era almejado. Seu sangue, ainda mais agora em seu processo de aprender a controlar tudo o que ele lhe proporcionava, mesmo que o deixasse mais forte, o deixava ainda mais apreciável a quem quer que quisesse usá-lo, não apenas Valok. Mark estava preocupado.

Acariciando os cabelos negros por alguns segundos e puxando o corpo forte para mais perto de si, Mark percebeu uma pequena marca em forma de cruz na coxa de Jackson. Era incrivelmente bonita, chegava a nem parecer uma tatuagem, mas algo que fazia parte do próprio corpo do protetor. Em um impulso, começou a dedilha-la, provocando um sorrisinho entre olhos fechados de Jackson.

―É minha... marca de nascença... ―Jackson murmurou sonolento, abrindo os olhos devagar.

―D-Desculpe, não queria acordar você.—envergonhou-se.

—Tudo bem.—aproximou o rosto da curvatura do pescoço branquinho do loiro, aconchegando-se mais ainda.

Mark sorriu, continuando com o carinho nos cabelos macios e a observar a marca.

—É... inacreditável que tenha nascido com uma marca tão bem desenhada. —sussurrou, depois de um tempo.

—Eu também achava.—Jackson separou-se de Mark alguns centímetros, levantando-se de forma a colocar-se sentado na cama, observando a figura em sua pele. Mark levantou também, ficando da mesma forma. Apenas um lençol branco cobria as intimidades dos dois. Não havia vergonha nenhuma ali. —Agora é um pouco irônico... Ela é deste formato por ser como uma etiqueta. Uma identificação do meu sangue. Como se dissesse: "possuidor do sangue real", para quem quisesse ou soubesse o que ela significa. Meu pai soube disso a partir do segundo em que nasci.

Mark encarou o rosto pensativo de Jackson. Ele sabia que o protetor por mais que aparentasse se acostumar mais com a ideia, ainda via como algo novo, algo com que apesar de já ter aprendido bem melhor a lidar, ainda era difícil.

—Jackson, você pode olhar pra mim?—Mark perguntou calmo e sereno, de forma delicada.

Os olhos escuros do protetor encontraram com os do vampiro, que tocou suas mãos de forma a entrelaçar seus dedos.

—Sua "identificação" pra mim nunca foi: possuidor do sangue real.  Nem mesmo agora. Sua identificação me diz: protetor e líder impulsivo, mas completamente confiável.—riu, provocando um sorriso no moreno.—E também...alguém que tem minha admiração. Alguém que é forte, que se esforça pelos outros, que remedia seus julgamentos e procura olhar os outros lados das pessoas...—mordeu o lábio em um sorriso.

O olhar de Jackson se tornou mais brando e sua boca demonstrava um sorriso lindo e mais calmo, aos olhos de Mark.

—Obrigado, Mark...—abraçou o loiro apertado.

Batidas na porta os fizeram tomar um pequeno susto. Olharam cada um para si e perceberam a ausência de roupas e bagunça em seus rostos. Mark lançou um olhar um pouco desesperado para Jackson, que riu baixo.

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