Capítulo 6

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Maia Alencar
Belford Roxo 📍


Já começo com o pé direito nesse lugar, nem voltei direito e fui praticamente recebida com os tiros. Fazia tanto tempo que eu não escutava que me escondi debaixo da cama, sei que não era aqui na rua onde minha tia mora, mas parecia tão perto que preferi me esconder e não correr o risco.

Levanto da cama que nem dormi direito e já ando indo em direção ao banheiro pequeno. A casa em comparação como era antes, mudou muito, bem revestida e agora tem até laje, fico feliz em pensar que as coisas melhoraram um pouco pra minha tia. Assim que acabo de fazer minha higiene, desço as escadas com minha roupa normal.

Oito e meia da manhã, já estava com fome de quem não tivesse jantando ontem, mas eu tinha comido bastante.

— Bom dia Maia — Rose estava sentada tomando seu café — Dormiu bem ? — me olhou rindo, provavelmente já sabendo minha resposta.

— Uma ótima recepção tia — me servi um pouco de café — Nada como voltar pra cá e escutar barulhos de tiro a madrugada toda — bebi o café enquanto ela ria.

— Eu que pedi pra eles fazerem isso — brincou totalmente descontraída diferente do seu irmão — Disse a eles que eram pra soltar fogos e tiro porque minha sobrinha preferida ia chegar — dessa vez quem riu fui eu.

Ela tinha um humor muito bom, faz você se sentir a vontade e conversar com ela sobre qualquer coisa sem aquele olhar que o padre tem.

— Muito obrigada por essa honra tia.

— Como hoje é sexta, tava pensando se você não quer sair hoje comigo ? — comia meu pão olhando pra ela — Um dia de sobrinha e tia, o que acha ?

— Acho ótimo — sorriu — O Vitor não mora mais aqui ? — perguntei sobre meu primo.

— Não, ele se mudou faz tempo.

— É verdade o que meu tio vive dizendo dele ? — observo a forma em que se mexe inquieta.

— Alfredo tem uma péssima mania de aumentar as coisas de como ela realmente são — falou firme — Vitor entrou pra esse mundo e até hoje nunca vou conseguir entender, necessidade nunca foi, porque eu dei tudo o que podia pra ele.

Depois da sua palavra o silêncio na cozinha se torna estranho, ela fica pensativa.

Então era verdade o que meu tio tinha falado, uma pena ele ter entrado pra essa vida, nunca imaginei que isso aconteceria.

— Ele tem um filho — falou minutos depois me assustando.

— Um filho ?

— Sim, uma criança muito esperta — se levantou pegando o celular — Olha as fotos do meu neto — puxou a cadeira se sentando do meu lado — Heitor — observo a criança que era muito linda — Tem quatro anos.

Na mesma hora escuto a porta fazendo barulho. Levanto o olhar vendo ele parado na minha frente.

— Caralho não acredito — era meu primo — Maia ? — ele tava tão mudado, mas ao mesmo tempo não.

— Vitor — levanto da cadeira indo até ele.

— Porra como tu cresceu — recebo seu abraço bem apertado, isso deve ser de família.

— E como você... — me solto dele analisando ele — Mudou... — olho as tatuagens — Muito diferente.

— Espero que isso seja bom.

— Você está bem ? — olhamos pra Rose que pergunta — Escutei os tiros a madrugada toda hoje, levou algum ?

— Tá tudo certo coroa, não tem com o que se preocupar não — ele tá muito diferente.

MEU PECADO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora