MEU PECADO (MORRO)

Capítulo 28

| Maia Alencar 📍|

Observo a grande sala com alguns alunos dentro, ao meu lado estava o homem Esmael me explicando tudo sobre esse projeto na comunidade.

— Aqui que acontece as aulas de violão — observo os alunos separados por idade — As aulas acontecem na sexta, temos dias específicos aqui pra cada aula — olho pro homem negro, baixo e careca ao meu lado, tinha gostado dele, muito simpático e como ele explica tudo perfeitamente desse lugar dava pra ver.

— Vocês atendem quantas crianças aqui ? — pergunto.

— Agora depois de conseguir parceria, atendemos trezentos e vinte alunos — fico impressionada — A gente aqui tenta o máximo atrair a atenção da garotada — acompanho ao seu lado saindo da sala — Eu sei muito bem como o tráfico é atrativo, muitas entram por não ter nada pra fazer, outras por necessidade, aqui a gente tenta segurar a atenção deles ao máximo.

Saio ao seu lado e entramos em uma quadra de futebol, aqui realmente parecia uma escola.

— Além de ajudarmos com algumas cestas de arrecadações e roupas nós sempre temos planos de estudos aqui, temos ótimas bolsas pra quem deseja, conseguimos essa parceira agora, nesse último ano chegou investidor novo e aqui tem crescido a cada dia — Esmael diz.

Aqui nesse lugar tinha tudo, violão, canto, bateria, reforço escolar, futebol e violino. Era bastante criança, manhã e tarde, o lugar era amplo, aberto e colorido, qualquer pessoa que passasse perto daqui iria ver as cores chamando a atenção.

Observo a aula de futebol pra crianças pequenas, o professor de futebol ensinava algumas coisas a eles que estavam focados.

— Como pode ver, estamos precisando de ajudantes, podemos fazer um teste com você na segunda — eu o olho — Claro se tiver interessada...

— Eu estou — digo empolgada.

— Ótimo, venha as oito, nós vamos fazer um teste com você, depende do resultado você já fica aqui e começa — ele sorri e apertamos as mãos, depois de conhecer tudo e conversar mais um pouco me despeço dele e vou em direção a Katy que estava na calçada comendo um açaí.

— E então ? Gostou ?

— Isso aqui é perfeito, ele me disse pra fazer o teste na segunda — tava animada, se eu conseguisse seria o meu primeiro trabalho, mesmo que não fosse de carteira assinada, temporariamente.

— Olha só que vai ter o seu próprio dinheiro — Katy disse — Agora vai me sustentar, eu sou genial, de nada.

— Ah sim claro, vou sustentar nós duas — ironizo.

— Cadê o Heitor que não vem ? — muda o assunto — Tá um calor do caralho, tô entendendo nada desse tempo maluco — logo o Heitor vem com seu uniforme azul claro e o nome do espaço desse lugar.

— Tia Maia — grita e vem correndo me abraçar.

— Oi amor — me abaixo me abraçando ele, não aguento encho seu rosto de beijinhos, amo crianças fofas.

— Veio me buscar hoje ? — ele pergunta me dando as mãos.

— Na verdade o que você se eu trabalhar aqui ? — começamos a andar pela calçada, era manhã, provavelmente daqui a pouco era hora do almoço.

— Ia ser irado tia — rio com a voz que ele tentou engrossar — Vou te apresentar todos os meus amigos daqui, eles vão sentir inveja de mim — olho pra ele sem entender — É verdade, a tia mais bonita que eu tenho, mas a senhora não vai usar aquela saia verde feia não né ? — lembro de uma saia que ele tinha cismado falando que era feia.