Capítulo - 85

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— Você matou o Demônio? — a terapeuta de Sarah perguntou, o choque sendo totalmente transparente em seu rosto.

— É, uns dias atrás. Foi surpreendentemente fácil, na verdade.

— E como... Como você se sente sobre isso?

— Ah, eu tô' ótima. — a loira respondeu, sorrindo largamente. — Eu precisava de conclusão e eu consegui. É aquilo que você me disse, meu trauma era meu medo do Demônio voltar e me machucar de novo. Mas agora eu sei que se ele voltar eu posso meter a porrada nele, é maravilhoso.

— Então você acha que superou?

— Não. Eu nunca vou superar, mas eu lido muito melhor com isso agora. Tô' até me aproximando do meu pai de novo.

— Olha só, isso é ótimo.

— É sim... Ben e eu estamos tentando animar ele... Por causa do Cass. Ele tá' obviamente arrasado, mas tentando se fazer de forte. Como sempre. — explicou, revirando os olhos.

Nos últimos dias Dean tinha feito de tudo para parecer a personificação viva da felicidade. Entretanto, era só olhar bem para ele e ver o quão profundamente triste ele estava.

— Está preocupada que seu pai não consiga superar a morte do namorado?

— Eu sei que ele não vai. Pode aprender a lidar com isso, mas superar não. O Cass é o amor da vida dele. — disse, balançando a cabeça. Respirou fundo. — Mas fora isso tudo está se encaminhando muito bem. Jack e Belphegor estão aprendendo muito. Jack é um amor, Belphegor é um pequeno capeta. Mas... Eles tem a Kelly, sabe, e ela tá' muito feliz com eles, fez as pazes com a Charlie e... Parece que tá' todo mundo feliz, menos o meu pai. O saquinho de ressurreição salvou a Kelly, sacrificamos o Demônio para prender o Lúcifer, dois fantasmas em um só punhado de sal... Tá' todo mundo bem, mas falta o Cass. E o Gabe, também falta o Gabe.

— Nem sempre podemos ter tudo. — a terapeuta disse, sorrindo de modo compassivo. — Bom, você também me disse que um tempo atrás achou que estava... Grávida.

— Ah, é. Alarme falso.

— E pelo que você me falou...

— Não foi em uma relação consensual, é. Mas por mais babaca que pareça, eu não vejo isso como uma grande coisa. Quer dizer, eu tava' desacordada, eu não lembro de nada.

— E por que isso parece babaca para você?

— Porque tem mulheres que não conseguem voltar a viver normalmente depois de algo assim. E eu tô bem.

— Sarah, o cérebro humano ainda é uma incógnita. Sabemos muito pouco sobre como ele funciona. Existem mulheres que nunca conseguem superar. Existem as que superam depois de um tempo. E como você, existem as que superam muito rapidamente. Cada pessoa funciona de um jeito e não é errado que você não se sinta tão mal quanto acha que deveria. É bom para você. Como profissional, eu digo que o trauma de estupro é um dos mais horríveis, é uma sorte que esse trauma não te machuque tanto.

— É que... Também... Eu já passei por tanta coisa que me parece besteira sofrer por algo que eu nem me lembro.

— Bom, aí já é uma questão mais complicada. Seus traumas tem que ser tratados, você não pode se impedir de sentir porque também vai se impedir de tratar. Você tem que perguntar a si mesma: isso não me machuca ou eu não deixo isso me machucar?

Sarah pressionou os lábios, analisando a questão mentalmente. Se deu conta de que não sabia a resposta para essa pergunta.

— Posso te responder isso na nossa próxima seção?

Alternative/ DestielWhere stories live. Discover now