24ºCapitulo

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Quando os primeiros raios de sol penetram o quarto sinto o meu estado sonolento ir-se embora, totalmente alheia ao barulho de trânsito que se começa a ouvir, ou ao ronronar do gato branco que dorme aos meus pés, a única coisa que posso capturar é a respiração do Harry na minha clavícula, as pestanas cheias a bater nas maçãs do rosto bonitas. Eu sei que provavelmente anda para aí mais um ou dois homens muito bonitos, mas a única coisa que posso pensar quando olho para o Harry é na forma exótica como ele se parece, uma figura felina, selvagem, uma alma perigosa que não pode ser aprisionada...e foi isso que fomos antes, prisioneiros, ele era diferente em tantos aspetos antes, ele era mais nervoso sobre tudo, posso ver que ele parece lidar com a pressão melhor agora, e isso agrada-me muito, a maneira suave como ele ronrona o meu nome no seu sono, a maneira gentil como ele mexe as pernas compridas pelas minhas.

Passo a mão pelo seu cabelo, uma grande parte da franja descansa sobre a sua testa e dou por mim a sorrir melancolicamente, lembro-me de lhe fazer isto antes, e de o fazer á Sam para ela adormecer porque acalmava o Harry, e se algo como isso acalmava o homem nervoso que era o Harry devia ser uma cura imediata para o sono de uma criança.

A minha vida parece-me um puzzle, mas sinceramente já me pareceu mais difícil de resolver, tudo o que preciso de fazer é voltar a encaixar as peças que antes estavam juntas mas que se perderam, e depois preciso de acrescentar o que ainda me falta...e se falta muito ou pouco eu não sei, mas a maneira suave como o meu coração bate com uma perspetiva de futuro alegra-me o dia.

Suavemente rebolo para fora da cama, mas uma mão agarra-me firmemente o pulso.

-Estás a pensar em ir a algum lado sem te despedires?- O Harry grunhe com a voz carregada de sono.

-Casa de banho, só isso.- Murmuro enquanto me volto para ele, e vejo que mantem os olhos fechados, preparo-me para quando os abrir e o meu mundo finalmente acordar. Ver o Harry é acordar é um dos meus espetáculos preferidos.

-Achas que podes aguentar mais um pouco, porque se saíres da cama vou acordar completamente e não quero.- Ele resmunga a perder uma batalha contra os olhos pesados.

-Porque vou estar ansioso que saias, por isso fica aqui.- Ele passa a mão pela minha cintura e puxa-me bruscamente para ele.

Deixo-me ficar de barriga para cima, a fitar o teto com a pouca luz da manhã a brilhar. Oiço a respiração do Harry acalmar e tento copia-la para voltar a acontecer, a seguir sinto-o puxar-me para ele e fecho os olhos acalentada pela sensação de segurança e felicidade que não sentia á muito tempo.

Quando os meus olhos voltam abrir é por causa do som de passos apressados para todo o lado. Os pés descalços do Harry fazem barulho no soalho de madeira e vejo-me a querer abrir os olhos e ver que horas são, mas visto que não tenho ninguém em casa, nem trabalho, nem faculdade...ficar com os olhos fechados parece uma melhor opção.

-Acorda!- Ele puxa o meu pé para fora das mantar e chuto o ar para ele me deixar.

-Se não acordares vou trancar a porta contigo aqui dentro.- Ele rosna, mas posso ouvir-lhe o sorriso.

-Que horas são?- Espreguiço-me lentamente, o cheiro a gel de banho faz-me abrir os olhos e o Harry está em cima de mim, as pontas do cabelo molhadas e os lábios tão perto dos meus.

-Nove e meia, estou atrasado por isso era simpático se te levantasses para podermos comer alguma coisa.- Ele apenas olha para mim, nada de beijos simpático, nada de bom dia... é a minha vez!

As minhas mãos agarram a sua cabeça e puxo-o para baixo de encontro aos meus lábios, ele geme em surpresa e arrepanho-lhe o lábio entre os dentes, mordiscando enquanto abro os olhos e o vejo a olhar para mim tão de perto, um olhar de espanto no rosto.

Vision 3 - The SentenceWhere stories live. Discover now