33ºCapitulo

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As palavras do Harry martelam na minha cabeça como um som irritante, as minhas unhas batem freneticamente perto do controlo das mudanças, a maneira como ele falou das suas raparigas...acidentes de carro acontecem o tempo todo, o que importa realmente se foram miúdas a ter o acidente? Isso faz delas menos que um homem de trinta anos? As estatísticas no nosso país são perfeitamente capazes de nos mostrar que há muito mais acidentes com homens alcoólicos ao volante do que "miúdas que nem se lembrar de tomar a pilula".

-O que é que se passa?- O Harry pergunta quando começamos a entrar na interestadual, passamos o acidente mas não se viu grande coisa.

-Nada.- Olho pela janela, Nova York está do outro lado, uma sombra com retalhos luminosos.

Ele pousa a sua mão sobre a minha parando o movimento frenético dos meus dedos.

-Passa-se obviamente alguma coisa Soph.- Olho para ele, os olhos concentrados na estrada, mas um sorriso nos seus lábios.

-A maneira como falaste das miúdas do acidente...

-Não vamos discutir por isso pois não?

-Não, é só que não entendo, uma daquelas miúdas podia ser eu, e a serio aquele comentário sobre a pilula foi horrível!- Abano a cabeça.

-Não vou argumentar contra ti Sophia, não hoje.

-Não estou a tentar fazer uma discussão disto Harry, quero só falar contigo.

-Quando discordamos de alguma coisa o único caminho para sair disso é a discutir, e hoje? Não vou faze-lo.- Ele carrega o pé no acelerador e o Mercedes lança-nos para trás no banco.

-Eu podia ser uma daquelas miúdas, e bom se calhar devia lembrar-te de que tive que começar a tomar a pilula porque alguém se esqueceu de alguma coisa...- Reviro os olhos.

-Oh calma, eu fui o único naquela banheira de certeza...- Ele cospe acidamente.

-Bom, não...não foi isso que tentei dizer, o que tentei dizer foi que, tu lhes deste uma interpretação errada.- Murmuro.

-Foi uma maneira de dizer Soph.

-Mas aí é que está o problema, se fosse um homem esse comentário não tinha saído.

-Estás armada em feminista?

-Estás armado em machista?

-Não! Saiu-me, desculpa.- Ele murmura petulante e arregalo os olhos. Ele realmente pediu desculpa.

-A maneira como as pessoas generalizam as mulheres só que elas fazem alguma coisa que não se enquadra é ridícula.- Abano a cabeça.

-Tudo bem, tens razão foi um comentário grosseiro.- Ele desacelera um pouco o pé do acelerador quando chegamos a uma estrada secundaria.

-Bom...obrigada por admitires.- Sorriu um pouco.

-De qualquer maneira tu sabes como é que eu sou.- Ele volta a olhar para mim, o lábio inferior trancado entre os seus dentes.

-Sim, sei. Só quero que ás vezes contenhas esses impulsos. Não sempre, mas ás vezes sinto que quando te enervas crias uma barreira.

-É a minha maneira de afastar as pessoas Soph, dizer alguma merda que as vá fazer recuar.

-Tudo bem, pelo menos tu viste que foi um comentário rude.- Murmuro encostando a cabeça á janela fria, a mão dele poisa no meu joelho e ele aperta delicadamente. Os meus olhos tornam-se pesados e as arvores começam a criar um padrão relaxante á medida que as passamos.

-Pelo menos eu ter-te sempre para me mostrar como se faz.- Ele murmura de forma suave e gemo sonolentamente.

A porta do meu lado é aberta e uma corrente de ar frio faz-me abrir os olhos. Está escuro, mas vejo umas luzes no chão, que são iluminadas até a umas escadas que por sua vez dão até a uma enorme porta que parece branca, há canteiros com flores por toda a volta, as arvores tem luzes e oiço o barulho de água a escorrer.

Vision 3 - The SentenceWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu